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Saint-Martin (SMMHE, II) – Homem-Espírito

Para compreender a sublimidade de nossos direitos, é preciso remontar à nossa origem. Mas antes de considerar a natureza do Homem-Espírito, observaremos o que, em geral, se pode chamar de Espírito, em qualquer gênero que seja; exporemos as fontes radicais de onde deriva essa expressão, e tomaremos primeiro esta palavra espírito nos diferentes sentidos sob os quais ela pode ser encarada em nossas línguas. SEGUNDA PARTE. Do Homem. Sim, por pouco que mergulhemos nossos olhares nas profundezas de nossa existência íntima, não tardaremos a sentir que todas as fontes divinas com seu espírito universal abundam e fluem ao mesmo tempo na raiz de nosso ser, que somos um resultado constante e perpétuo da geração de nosso princípio gerador, que ele está continuamente em sua atualidade em nós, e que assim, de acordo com a definição do espírito que demos acima, podemos facilmente reconhecer como um ser que é suscetível de sentir borbulhar incessantemente em si a fonte divina, tem o direito de portar o nome de Homem-Espírito. SEGUNDA PARTE. Do Homem. O conhecimento de uma potência restauradora nos conduz à recuperação da santidade de nossa essência e de nossa origem, pois nos reconduz ao seio de nossa primitiva fonte geradora, ou em nosso eterno trino. É assim que tudo na natureza física, como na natureza espiritual, tem um objeto de crescimento e de melhoria que poderia nos servir de fio em nosso labirinto, e nos ajudar a fazer valer os direitos de nosso contrato divino; pois, independentemente do que encontraríamos nesse contrato divino um novo alimento para essa necessidade insaciável que temos de admiração, encontraríamos, além disso, a preencher uma das mais nobres funções do ministério do Homem-Espírito, a de poder partilhar essa felicidade suprema com nossos semelhantes. SEGUNDA PARTE. Do Homem. De acordo com isso, quando, desde a queda, pedimos o cumprimento da vontade divina, essa demanda tem um sentido muito profundo e ao mesmo tempo muito natural, pois é pedir que o contrato divino retome todo o seu valor, que tudo o que é desejo e vontade proveniente de Deus chegue ao seu termo; e, por essa razão, é pedir que a alma do homem refloresça novamente em seu desejo verdadeiro, e em sua vontade original que a faria participar do desenvolvimento do desejo e da vontade de Deus, de modo que não podemos pedir ao Agente supremo que sua vontade chegue, sem pedir por essa oração, que todas as almas dos homens sejam restituídas ao gozo de seu primitivo elemento, e em estado de serem reintegradas no ministério do Homem-Espírito. SEGUNDA PARTE. Do Homem. Assim, pode-se dizer, em rigor, que tudo se opera pelo espírito e pelo ar em todos os detalhes da ordem universal das coisas; também não há na natureza elementar senão o ar que seja aberto, e que abre tudo, como na natureza espiritual, só há aqui embaixo o espírito do homem que tem esse duplo privilégio; e é porque o ar é aberto, que a voz do Homem-Espírito tem tão grandes direitos sobre todas as regiões. SEGUNDA PARTE. Do Homem. Assim, quando Deus admite um homem ao primeiro posto no ministério do Homem-Espírito, é para o transformar num agente penetrante, vivo, e cuja ação seja universal e permanente; pois a via de Deus não se manifesta assim para obras indiferentes e passageiras. Assim, todos os universos reunidos não deveriam balançar aos nossos olhos o preço de uma semelhante eleição, se tivéssemos a felicidade de que nos fosse oferecida, já que poderíamos então trabalhar utilmente para o alívio da alma humana. SEGUNDA PARTE. Do Homem. Seria bom dizer-lhe que Deus é tão distinto das coisas sensíveis, embora as governe, que nossa natureza terrestre, nem os homens materializados, nada podem conhecer da maneira como devemos fazê-lo notar às nações, já que mesmo nossa palavra espiritual é ininteligível aos nossos sentidos. Assim, devemos ser inteiramente renovados dos sentidos e das coisas figurativas, se queremos nos tornar as testemunhas espirituais da palavra, e entrar no ministério do Homem-Espírito. SEGUNDA PARTE. Do Homem. Seria bom dizer-lhe que é em vão que os homens da torrente tentam suprir seu afastamento do intelectual, jogando-se no sensível; que são seus falsos sistemas que os conduziram a essa consequência e a essa doutrina hipócrita; que eles não celebram tão altamente o que chamam de humanidade, senão porque tomam o bem-estar do corpo pelo bem-estar do verdadeiro homem, que não é outra coisa senão o Homem-Espírito regenerado; que eles usam dessa pretensa virtude, mesmo para com os animais, e que eles creem satisfazer por isso a tudo o que lhes é imposto; que, enfim, eles não fariam um caso tão exclusivo de tudo o que concerne à ordem animal e material, se não se acreditassem da mesma natureza. SEGUNDA PARTE. Do Homem. Não, não se pode negar, esses sacrifícios geralmente em uso no globo, nos atestam, apesar de seus abusos, e talvez por esses próprios abusos, que desde a grande alteração e desde que o homem culpado foi recolocado no caminho de seu retorno, eles devem estar entre nossos privilégios, e ser compreendidos entre os socorros que nos foram concedidos pela sabedoria, para reviver, tanto quanto possível, nosso contrato divino, e como tais, eles devem entrar nas conhecimentos relativos ao ministério do Homem-Espírito. SEGUNDA PARTE. Do Homem. O que aconteceu a Abraão no sacrifício dos animais divididos em dois; o que aconteceu a Arão ao fim dos oito dias de sua consagração; o que aconteceu a Davi na eira de Ornã, o que acontecia no templo após os sacrifícios dos grandes sacerdotes, nos indica suficientemente qual objeto e qual poder tinham os sacrifícios verdadeiramente sagrados e operados pelos eleitos do Senhor, que exerciam então, segundo as medidas convenientes a essas épocas, o ministério do Homem-Espírito. SEGUNDA PARTE. Do Homem. É preciso incluir a maioria desses prodígios que se operam no adormecimento dos sentidos corporais, e não pelo renascimento de nossos verdadeiros sentidos, e que entregam assim o Homem-Espírito a todas as regiões que se apresentam, tanto mais que temos razão para crer que o crime do homem começou pelo sono, e que é por ter deixado adormecer outrora seus verdadeiros sentidos, que ele foi mergulhado na ilusão e nas trevas. SEGUNDA PARTE. Do Homem. Não é de admirar que essa espécie de revelação tenha tornado nulos todos os sacrifícios e todas as vítimas, pois aquela que se havia oferecido havia colocado o homem na única posição que lhe era feita: também desde essa época o Homem-Espírito subiu à posição de verdadeiro sacrificador, e só depende dele voltar aos caminhos de sua regeneração, e de alcançar, ao menos pela inteligência, a complementação, mesmo desde este mundo, se souber unir-se de coração, de espírito e de obra àquele que lhe abriu os caminhos e atingiu o objetivo diante dele. SEGUNDA PARTE. Do Homem. Pois, se está escrito que é preciso ser santo para se aproximar do que é santo, é preciso também ser espírito para se aproximar do que é espírito; eis porque o homem terrestre só pode levar a isso um olhar de trevas ou de profanação; enquanto o Homem-Espírito deve prestar contas de tudo o que lhe é oferecido para seu uso e sua reflexão. SEGUNDA PARTE. Do Homem. É também aí o emprego do homem particular que chega a esta segunda idade do espírito; e pode-se dizer que é só então que começa verdadeiramente a idade do homem, ou o verdadeiro ministério do Homem-Espírito, já que só então ele pode começar a ser útil a seus irmãos, visto que nas idades precedentes ele só foi útil à natureza e a si mesmo. SEGUNDA PARTE. Do Homem. Mas se tais são os prazeres que a devoção ao Ministério do Homem-Espírito nos apresenta, mesmo aqui embaixo, o que essa devoção não deve, então, prometer à alma humana, quando ela tiver deposto sua mortal carcaça? SEGUNDA PARTE. Do Homem. Quando algumas dessas almas saem desse estado de infância, isto é, quando elas deixam seus corpos, e que, depois de se terem devotado aqui ao verdadeiro Ministério do Homem-Espírito, elas se encontram, após a morte, no gozo de suas faculdades, não é de admirar que elas possam comunicar alguns de seus tesouros às almas ainda incorporadas, embora estas não compreendam nem a razão, nem o meio dessa comunicação, mesmo sentindo os efeitos. É assim que o corpo de uma criança pequena pode sentir as impressões salutares que um corpo gozando de suas faculdades lhe pode ocasionar, embora não veja a fonte, nem a possa conhecer. SEGUNDA PARTE. Do Homem. É aqui, obreiros do Senhor, que sua desolação, por maior que possa ser, parecerá sempre legítima; mas também é aí que se reunirão em multidão os motivos mais tocantes para reanimar seu zelo pela nobreza e importância da empresa, já que não se trata de nada menos que de contribuir para o repouso do chefe de toda a família, anunciando a todos os seus filhos qual é a sublimidade do ministério do Homem-Espírito! SEGUNDA PARTE. Do Homem. Poderão até esperar que, em favor desses testemunhos, Deus lhes pague já neste mundo, não só pelas alegrias que derramará em sua alma, mas até pelas assistências marcadas que lhes enviará, e pelas obras divinas e maravilhosas que fará sair de suas mãos, como uma espécie de recompensa, ou como um retorno e uma troca dos serviços que lhe terão prestado de antemão no ministério do Homem-Espírito. SEGUNDA PARTE. Do Homem. Sim, por pouco que o homem quisesse seguir corajosamente a linha do verdadeiro ministério do Homem-Espírito, ele reconheceria logo que teria muito menos trabalho a se dar, e menos tempo a empregar para fazer um milagre, do que para aprender, em todos os seus detalhes, a menor das ciências que ocupam os homens, e às quais eles consagram seus dias e seus suores. Obreiros do Senhor, aqui estão essas alegrias e essas recompensas das quais Deus ama nutrir sua esperança: - Reações mútuas de todas as potências divinas combinadas em nós para ali operar a penitência; - Reação em nós dessas mesmas potências para ali operar a resignação; - Reação para ali operar a corroboração; - Reação para ali operar a súplica, em concerto com todos os seres passados, presentes e futuros; - Reação para ali operar a convicção íntima e integral; - Reação para ali operar a direção de todos os nossos pensamentos, de todos os nossos desejos e de todos os nossos passos; - Reação para obter a gratificação da palavra; - Reação para que ousemos falar à palavra, já que a palavra nos fala; - Reação para que possamos orar à palavra para que ela mesma se ouça nos gemidos que ela solta no seio de todas as nossas misérias e de todas as nossas enfermidades corporais e espirituais particulares; - Reação para obter a investidura e a distribuição ativa e efetiva das forças dominantes, julgadoras, operantes, justiçadoras e justificadoras, que esta palavra viva, movida por sua própria oração, pode fazer descer nos focos e nos assentos onde ela permanece e onde ela fermenta. SEGUNDA PARTE. Do Homem.

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