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Filemão Discurso

Philokalia — Abade Filemão Discurso muito útil Excertos traduzidos da versão francesa da Philokalia

Conta-se que o abade Filemão, o anacoreta, que se guardou em uma pequena gruta, à distância da laura dita dos Romanos, e que aí conduzia os combates da ascese em repetindo em seu coração, como uma encantação, isto que o grande Arsênio se dizia a ele mesmo: «Filemão, porque partiste?»

Ele permaneceu um tempo bastante longo em sua gruta, fabricando corda e tecendo paneiros, que usava na troca de pães para sua alimentação. Pois só comia pão e sal. Não tinha portanto qualquer cuidado com a carne, mas se consagrava à contemplação e entrou na iluminação divina. Chegando ao termo da inefável mistagogia, vivia na alegria. Sábado e domingo, ia a igreja. Caminhava só e recolhido, e não permitia a ninguém de dele se aproximar, para manter nele sem falha a obra da inteligência. Na igreja, imóvel em um canto, face contra a terra, derramava muitas lágrimas. Tinha nele a dor contínua, a lembrança da morte e o exemplo dos santos Padres, singularmente aquele do grande Arsênio de quem se esforçava por seguir os passos.

Quando a heresia se declarou em Alexandria e em sua região, partiu e se apresentou na laura vizinha da cidade de Nicanor. Paulino, o muito amado de Deus, aí o recebeu, lhe consagrou o lugar no qual ele mesmo se retirava e o estabeleceu em uma total hesychia. Um ano inteiro, nenhuma só vez não permitiu que se o encontrasse. Ele mesmo não o o incomodava senão nos momentos que lhe dava o pão que tinha necessidade. Justo antes da santa Ressurreição do Cristo, no momento de sua visita, eles evocaram entre eles o estado eremítico. Filemão, sabendo que este irmão, em sua grande piedade, tinha também um tal desejo desta meta, lhe ofereceu passagens dos textos ascéticos, das Escrituras e dos Padres, e lhe mostrou através de todas que sem a hesychia perfeita, é impossível agradar a Deus, como Moisés, este Padre admirável, o disse, em seu amor da sabedoria: «A hesychia engendra a ascese. A ascese engendra as lágrimas,. As lágrimas engendram o temor. O temor engendra a humildade. A humildade engendra a visão profética. A visão profética engendra o amor. O amor libera a alma das doenças e das paixões. Então o homem conhece que não está longe de Deus.»

  • HESICASMO
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