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origenes_contra_celso:origenes-deus-omnipotencia

Deus-Omnipotencia (OCC)

23. Portanto, não afirmamos que o corpo putrefato voltará à sua natureza original, assim como o grão de trigo, uma vez corrompido, não retorna ao seu estado de grão de trigo. Afirmamos que, assim como do grão de trigo surge uma espiga, há também no corpo um princípio que não está sujeito à corrupção, a partir do qual o corpo surge “incorruptível”. Ao contrário, os estoicos do Pórtico sustentam que o corpo completamente putrefato volta à sua natureza original, por força de sua teoria sobre o retorno a cada período dos seres semelhantes; dizem pois que ele encontra esta primeira constituição que tinha antes de ser dissolvido, acreditando restabelecê-lo por razões obrigatórias. Não recorremos à mais absurda evasiva: tudo é possível para Deus; pois sabemos entender a palavra “tudo” sem incluir nela o que não tem existência ou não é concebível. Concordamos assim que Deus nada pode fazer de vergonhoso, pois então Deus não poderia ser Deus: pois se Deus fizesse algo de vergonhoso, não seria Deus.

Mas quando ele afirma: Deus nada quer de contrário à natureza, nós distinguimos: se por “contrário à natureza” queremos dizer a malícia, também dizemos que Deus nada quer de contrário à natureza, nem o que provém da malícia, nem aquilo que é contrário à razão. Mas para aquilo que acontece de acordo com o logos de Deus e sua vontade, evidentemente não deve ser contrário à natureza; quaisquer que sejam as operações de Deus, por mais extraordinárias que sejam ou pareçam aos olhos de alguns, elas não são contrárias à natureza. Com maior precisão poderíamos dizer, tomando a natureza em sua acepção mais comum, isto é, que Deus faz certas coisas acima da natureza: como promover o homem acima de sua natureza, transformá-lo numa natureza superior e divina e mantê-lo nela na medida em que o homem assim mantido prove por seus atos que ele quer isso.

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