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Pai e Uno (COP)

Henri Crouzel — Orígenes e Plotino (COP)

I O Pai origeneano e o Uno plotiniano

Certamente há traços comuns entre o Deus platônico, tal qual aparece de Platão ao Médio Platonismo, depois em Plotino, e o Deus cristão, mas também há diferenças importantes e irredutíveis. 1. Deus, princípio primeiro e supremo (Dieu, principe premier et suprême)

  • Plotino

A característica primeira do Uno, denominado as vezes Deus, theos, de maneira absoluta, como aquela do Pai origeneano, é que ele é o princípio supremo de onde decorrem primeiramente a Inteligência e a Alma do Mundo, em seguida todos os seres do universo.

  • Hipótese apresentada e rejeitada, que o Uno teria permanecido só e que não existiria a multitude de seres produzidos por ele com aquilo que se denomina as almas. Hipótese apresentada e rejeitada da existência apenas de almas, pois estas devem se reproduzir como sementes mas dependem da participação do Uno em sua produção. (Tratado 6 (iv,8) — sobre a descida da alma no corpo)
  • A produção dos seres se faz através de uma hierarquia (Tratado 7 (v, 4) — como vem do primeiro aquilo que é depois do primeiro, e sobre o uno)
  • O Uno é sempre designado como o princípio de tudo, o Bem o Primeiro: eis porque para chegar a seu conhecimento é preciso se aproximar dele, longe do sensível e de toda malícia, se unificar a si mesmo, se tornar inteligência (nous).
  • Lamentação sobre as almas que usando mal seu livre-arbítrio, só querendo pertencer a si mesmas, esqueceram que Deus era seu pai e que elas vinham do Alto: que eram parcelas (moiras) do Alto. (Tratado 10 (v, 1) — sobre as três hipóstases que têm nível de princípios)
  • O problema do um e do múltiplo: como o múltiplo vem do um? (Tratado 13 (iii, 9) — considerações diversas)
  • Da natureza, da contemplação e do Uno é uma reflexão sobre sobre o Uno. (Tratado 30 (iii, 8) — sobre a contemplação)

Uno como a Vida primeira, doadora de vida a tudo, “uma atividade que percorre as coisas”.

  • Uno poder que ser todas as coisas
  • Primeira descendência do Uno é a Inteligência, mas o Uno não precisa dela.
  • As criaturas contém um traço (iknos) do Uno (Tratado 32 (v, 5) — sobre o intelecto e que os inteligíâ­veis não estão fora do intelecto, e sobre o bem)
  • Realidades segundas , da ordem da Inteligência, quer dizer o inteligível, e as realidades terceiras, que dependem da Alma do Mundo, alinhadas em ordem sucessiva ao redor do Rei do universo.
  • Orígenes

O Pai é do mesmo princípio de tudo o que é, o Criador: “Só há um Deus que tudo criou, que quando nada era, fez ser o universo”. ((Origenes Principiis)

  • Não distinção, assim como Plotino, entre as palavras da raiz gen-, que designariam após Niceia a criação, e aquelas da raiz genn- que seriam aplicadas à geração.
  • A hierarquia que Plotino supõe na Criação entre as três hipóstases, a Inteligência, pois a Alma, intervindo nela cada uma segundo sua maneira subordinada e derivada, não existe em Orígenes.
  • A perfeição do Uno plotiniano é atribuível ao Pai origeneano, mas às duas outra pessoas da Trindade também.
  • Em Orígenes, como em Plotino, Deus é claramente distinto de sua criação.
  • Providência é incumbência de deus assim como a Criação; diferente de Plotino que a designa à Inteligência.
  • Orígenes não trata muito da questão do uno e do múltiplo, embora para ele a unidade esteja ligada ao bem e o múltiplo ao mal.

2. Simplicidade, incorporalidade, pureza (Simplicité, incorporéité, pureté)

3. Anterior a tudo e acima de tudo, diferente de tudo e contendo tudo em potência (Antérieur à tout et au-dessus de tout, différent de tout et contenant tout en puissance)

4. O Primeiro na geração do Segundo (Le Premier dans la génération du Second)

5. Deus e o ser (Dieu et l'être)

6. O Bem (Le Bien)

7. Deus se transmite aos seres (Dieu se transmet aux êtres)

8. O Bem e o Belo (Le Bien et le Beau)

9. Deus e as características dos seres deste mundo (Dieu et les caractéristiques des êtres de ce monde)

10. A irradiação de Deus por fora dele (Le rayonnement de Dieu en dehors de lui)

11. O conhecimento do qual se delicia Deus (La connaissance dont jouit Dieu)

12. A vontade de Deus (La volonté de Dieu)

13. Deus é inefável (Dieu est ineffable)

14. A união mística (L'union mystique)

  • Orígenes

A expressão “conhecimento místico” (gnosis ou theoria mystike) é frequentemente empregada por Orígenes no sentido de “conhecimento dos mistérios”. Uma primeira razão, já mencionada, é sua concepção do ideal do conhecimento. Ele não se contenta em compará-la a uma visão ou a um contato direto, sem intermediário conceitual, discursivo ou sensível, uma prosbole ou uma epibole, por exemplo no grande tema origeneano dos cinco sentido espirituais.; nem de aí ver uma participação do conhecedor no conhecido; mas ele representa o conhecimento, pelo ato mesmo do amor humano, uma fusão, uma “mistura”, termo também utilizado por Plotino. Esta concepção se apoia de modo característico sobre o sentido hebraico da palavra conhecer que se encontre no Gen IV,1: “Adão conheceu Eva, sua esposa”. Plotino assinala também o fato que na união mística se produz uma fusão da alma humana com Deus tal que em um certo sentido não se distinguem mais.

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