Sédir (JBEG) – Reforma e contra-reforma, Graça
Sédir (JBEG)
Em reação ao eclesiasticismo e ao ritualismo católico, os reformadores protestantes retornaram ao augustinismo rígido.
Lutero, enfatizando a grandeza de Deus, quer fazer de Deus o autor de tudo; ele proclama, portanto, de maneira absoluta a escravidão atual do homem; a natureza humana, desde o pecado de Adão, está corrompida em sua própria essência e inevitavelmente sujeita ao pecado. O homem só pode, portanto, ser justificado diante de Deus pela graça divina (De servo arbitrio).
Melancton, depois de adotar a doutrina de Lutero (Loci communes, cap. vm), separa-se dela (Comentário sobre a Epístola aos Colossenses) e chega ao sinergismo, ou seja, a duas ações concomitantes, a de Deus e a do homem, na obra da salvação.
Zwingli e Calvino afirmam a eleição; chegam mesmo a dizer que Deus quis a queda de Adão (Zwingli: De vera et falsa religione; De providentia; Calvino: Instituição Cristã, III, 23-7). Calvino admite não só, como Santo Agostinho, a predestinação dos eleitos, mas também a dos reprovados; Deus salva uns sem mérito da parte deles e castiga os outros por causa dos seus pecados. (Ins. chrét. ni, 21-7,). Mas, como está escrito (I Timóteo 1, 3-4): “Deus quer que todos os homens sejam salvos”, Calvino deve atribuir a Deus duas vontades: uma aparente, a salvação universal; outra oculta, a predestinação soberana. A doutrina calvinista da justificação pela fé atenua — mas ao preço de uma inconsistência — o caráter absoluto da predestinação.
No ensinamento de Molina, Deus quer salvar todos os homens, desde que eles próprios queiram salvar-se; para isso, Ele dá a todos a ajuda necessária e suficiente; essa graça suficiente só se torna eficaz pelo efeito do consentimento do homem, eficaz se o homem cooperar, ineficaz se ele resistir. A eficácia da graça consiste, portanto, formalmente no ato de fé realizado pelo livre arbítrio do homem. Mas Deus sabe de antemão o que o homem fará da graça que lhe dá; ele predestina, portanto, uns para a glória eterna e outros para o inferno (concordia).
Suarez e Vasquez modificam essa doutrina e tentam suprimir o que parece fazer resultar a eficácia da graça do livre consentimento humano. Para eles, a eficácia da graça resulta de sua própria natureza e é consequência de um decreto proferido para cada homem antes de seu nascimento e determinado pela presciência divina.
