Boehme (JBSR) – Conhecimento da Assinatura
JBSR
Toda palavra, todo escrito e todo ensinamento sobre Deus é sem valor se o conhecimento da assinatura não estiver nele contido: pois, nesse caso, trata-se apenas de história e ouvir dizer, nos quais o Espírito permanece mudo. Mas se o espírito revela a assinatura, então se ouve e se compreende como o Espírito se manifestou fora da Essência, pelo princípio, no som e com a voz. Pois, ainda que eu ouça falar, ensinar, pregar, ainda que eu leia, não compreendo completamente nem assimilo esses discursos e essas leituras a menos que o Espírito deles, saindo de sua assinatura formal, entre no meu e nele se imprima; então, tenho uma base sólida, visual e auditiva: quando se tem o batedor, pode-se tocar o sino.
Assim, percebe-se que todas as faculdades humanas vêm de uma única, Raiz e mãe única: se assim não fosse, um homem não poderia compreender a palavra de outro. Pois é pela palavra que uma forma desperta outra, de acordo com seu princípio particular. Entende-se ao dar ao espírito uma forma através da qual ele pode penetrar em outros homens e despertar neles as formas de assinatura semelhantes. Os dois movimentos então se qualificam um no outro, e assim não há mais do que uma compreensão, uma vontade, um espírito e um entendimento.
Em segundo lugar, afirmamos que a assinatura ou forma não é o Espírito, mas o corpo do Espírito: assim como uma viola, que, se não for tocada e não for feita vibrar, não produzirá nenhum som; a Natureza formal ou assinatura não é mais do que uma essência muda, uma viola afinada perfeitamente, que, sob os dedos habilidosos do Espírito da vontade, produzirá harmonias maravilhosas, conforme a propriedade das cordas movidas. Na alma humana reside a assinatura, segundo a Essência das essências. Falta ao homem apenas o Artista habilidoso, que deve fazê-lo produzir melodias exquisitas: o verdadeiro Espírito da altíssima Potência eterna. E quando ele se ergue no homem e o move no Centro, então ele toca o instrumento da forma humana, e a forma sai da boca com a palavra. O homem interior se manifesta no tom da palavra, assim a alma naturalmente toma consciência de si mesma.
(De Signatura Rerum, I, 1-6.) La doctrine des signatures occupe une place importante dans l’oeuvre de Paracelse. Voir notamment : W. Pagel, Paracelse, Paris, Arthaud, 1963, pp. 168-169, 217, 246, 355.
