Boehme (JBJC I,IX) – Virgindade de Maria
Jacob Boehme — Da Encarnação de Jesus Cristo (JBJC)
Como o Verbo eterno se tornou homem, e da Virgem Maria Capítulo IX: A Virgindade de Maria
Este capítulo explora a importância da virgindade de Maria e sua relação com a encarnação de Cristo, fundamental para a fé cristã e o entendimento da natureza humana.
A Essência da Religião Cristã: A fé se estrutura em três pilares: a criação do homem (sua origem e natureza), a queda (o que ela representou e suas consequências) e o novo nascimento (como somos renovados e ressuscitamos da morte). As Duas Virgindades: A nova concepção é visível na imagem de Cristo, que se manifesta em duas formas de virgindade: a eterna e santa (a substância divina onde a imagem de Deus foi vista desde a eternidade) e a terrestre e perecível (a humanidade). A Criação e a Queda do Homem: Adão foi criado com a posse da virgindade, a verdadeira essência do amor na luz. Contudo, o desejo terrestre corrompeu essa pureza original, aprisionando a humanidade na morte e na ira divina. A Intervenção Divina: A divindade precisou intervir para resgatar o que estava cativo. Isso se concretizou em Maria, que possuía a virgindade eterna aprisionada pela imaginação terrestre. O coração de Deus se moveu, quebrando a morte na cruz e gerando a vida. A Encarnação de Cristo: O nascimento e a encarnação de Cristo foram um poderoso ato divino. O Verbo da vida divina (o coração de Deus) uniu-se à humanidade e à virgindade “morta” de Maria, revivificando-a. Ele se manifestou para restaurar a vida e a pureza na humanidade. Maria Antes e Depois da Bênção: Antes da anunciação do anjo, Maria era uma filha de Eva como as outras, com a verdadeira virgindade oculta e a paixão terrestre manifesta. Após a bênção e sua resposta ao anjo, o coração de Deus moveu-se nela, tornando-a uma virgem pura e casta e cheia da sabedoria divina. Natureza de Cristo: Cristo se fez homem na virgem celestial, não em um “vaso terrestre”, e a fonte terrestre (sua humanidade) estava apenas apensa à sua divindade. Ele nasceu de Deus e do homem, sendo a verdadeira essência masculina que apaga o fogo da ira divina. A Glorificação de Maria: Maria é considerada maior que outras filhas de Adão por ter carregado o Verbo da vida e recebido a bênção da pura castidade virginal. Sua parte celestial é incorruptível, e seu corpo não pereceu, simbolizando que o celestial “engoliu” o terrestre. O Verbo e a Substância de Maria: O Verbo (coração de Deus) não esteve sem substância. Ele se manifestou na essência e substancialidade de Maria, na semente humana, despertando-a para a vida. A substancialidade divina e a substancialidade de Adão morto uniram-se em Cristo, formando um só ser. Cristo: Deus e Homem: Cristo é tanto criatura quanto Filho do Pai insondável, sendo nosso sumo sacerdote, rei, irmão e Emanuel. Ele é a restauração de nossas almas, e, através dele, renascemos em Deus, encontrando nossa verdadeira essência e a virgem que perdemos em Adão.
