Loyola Exercicios
Santo Inácio de Loyola — Exercícios Espirituais Obra em espanhol: Ejercicios espirituales Os Exercícios Espirituais
Santo Inácio de Loyola e a Companhia de Jesus — Alain Guillermou (trad. Maria da Glória Pereira Pinto Alcure)
Não há autor que, apresentando os Exercícios Espirituais, tenha deixado de empregar uma comparação qualquer para fazer bem compreender que esse livrinho nada tem de comum com a Introdução à vida devota nem com a Imitação de Cristo. Não é um compêndio de elevados pensamentos que se coloca sobre a mesa de cabeceira, que se abre, que se medita e se fecha novamente. É um livro que se utiliza. A imagem simbólica mais frequente é a do tratado de ginástica.
Mas todos os autores acrescentam que não se faz boa ginástica munido de um simples tratado, por mais detalhado que seja: é necessário um professor de educação física.
O próprio Santo Inácio jamais considerou seu livrinho como um tratado de oração que se pode ler e consultar sem o pôr em prática. Por outro lado, recomendou muito que o retirante não fosse deixado sozinho com o manual dos Exercícios. Ele exigia a presença, a seu lado, de um diretor dotado de uma sutileza de espírito capaz de adaptar o método ao temperamento e às possibilidades do sujeito.
Tal como se apresenta ao leitor que o abre pela primeira vez, o opúsculo dos Exercícios Espirituais não é atraente, deve-se dizê-lo. Nele se encontram, sem dúvida, alguns comentários e meditações que valem ser lidos por elas mesmas, mas a esses textos se acrescenta grande número de pequenas normas relativas a procedimentos anotados dia a dia, senão hora a hora, e interrompidas por referências a prescrições já dadas. O vocabulário é curioso em alguns lugares: prelúdios, anotações, adições, colóquios, e a composição desconcertante. Não se apreende no primeiro relance a lei de encadeamento que preside a esta sucessão de orações e meditações. Assim também, no fim do livro, estão acrescentadas cinco séries de Regras que podem parecer bastante extravagantes: a análise muito acurada das instruções que presidem ao discernimento dos espíritos se aproxima dos princípios que se deve adotar na distribuição das esmolas.
Apesar de seu estilo, às vezes chocante, na redação espanhola próxima do texto original e de sua composição, que não está absolutamente conforme com os cânones da criação literária, esse livrinho atravessou os séculos e o Papa Pio XI, em sua encíclica Mens nostra do dia 25 de julho de 1922, consagrou-o como o código espiritual, “o mais sábio e o mais universal para dirigir as almas no caminho da salvação e da perfeição, fonte inesgotável de piedade, ao mesmo tempo excelente e muito sólida”.
*ORIGENS *GÊNESE *ESTRUTURA *SIGNIFICADO
