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Jerônimo Bosch – Sete Pecados Capitais

Jerônimo Bosch: Ernst Merten, “Hieronymus Bosch”

Este tampo de mesa, cujo centro é denominado “Olho de Deus”, impôs e continua a impôr em nossos dias numerosos enigmas. “Cave, cave, Dominus vidit” (Atenção, atenção, Deus te vê), pode se ler no centro. O Ressuscitado lança um olhar soberano a partir do meio da obra, pintada sob a forma de uma pupila aureolada por um halo que lança seus traços luminosos ao redor dele. Nenhum vício perpetrado sobre a terra pode escapar a este olhar.

A representação e exploração ideológicas de ciclos tais como os “Pecados Capitais” ou as “Quatro Coisas Últimas” eram correntes na Idade Média. O que pelo contrário é totalmente original é a execução como tampo de mesa. Emitiu-se várias hipóteses divergentes sobre o destinatário desta obra, sobre o meio no qual vivia o comandatário desconhecido e finalmente que meta perseguia adquirindo tal quadro. O que se sabe ao certo é que Felipe II a fez transportar ao Escurial em 1574 para pô-la em uma parede. Desde então, a história da arte a cataloga como “pintura de gênero moralizador”.

Pode-se admitir sem reserva que este quadro não era destinado a ser utilizado como quadro ordinário e que buscava ao mesmo tempo um objetivo místico e um objetivo propício à meditação. Os quatro medalhões nos cantos do quadro, com a representação da agonia, do inferno, do paraíso e do Juízo Final são conhecidos como “As Quatro Coisas Últimas” e devem ser relacionados com os eventos da última ceia do Cristo e de seus apóstolos.

Vê-se que o olho de Deus se coloca sobre o espectador, o advertindo e o abençoando. Toda a obra oferece assim uma grande impressão de regularidade, de equilíbrio… que se observe o círculo das pinturas exteriores (os sete pecados capitais) ou no centro mostradas em detalhe em cada “pecado capital” (orge, hyperephania, porneia, akedia, gastrimargia, philargyria e pleonexia): na linguagem imaginada da Idade Média, se diria que este conjunto dá uma impressão de “legitimidade divina”.

No círculo interior não é difícil discernir a superfície irregular reservada a cada pecado, o conjunto representando os vícios terrestres cujos abusos não conhecem limites. Os setores dispostos de maneira sabiamente assimétrica simbolizam precisamente o caráter repugnante do mundo dos pecados que se opõe às leis de Deus. Tem-se frequentemente levantado a hipótese que esta concentração dos sete pecados capitais, repartidos em círculo, logo concêntricos, quer simbolizar o problema atual do pecado que abarca literalmente o mundo inteiro. É em todo caso evidente que aquele que quer observar todas as cenas de pecados deve absolutamente girar ao redor da mesa e assim suspender a meditação repousante, muito tranquila. A agitação que decorre deste deslocamento leva em seu ritmo a fascinação emanando de cada uma destas cenas de gênero de imagens realistas, bem coloridas e tão vivas.

Chamo a atenção para a importância do “olho que tudo vê”, desta “Presença” que vendo os pecados ao seu redor, os reconhece (primeira e fundamental etapa), os redime por este amor que é pura atenção sem crítica ou julgamento, e assim os ressuscita em união divina.

  • MEDALHÃO REPRESENTANDO A AGONIA DE UM MORIBUNDO (canto superior esquerdo)
  • MEDALHÃO REPRESENTANDO O JUÍZO FINAL (canto superior direito)
  • MEDALHÃO REPRESENTANDO O INFERNO (canto inferior esquerdo)
  • MEDALHÃO REPRESENTANDO O REINO CELESTE (canto inferior direito)
  • O PECADO DA IRA
  • O PECADO DA VAIDADE
  • O PECADO DA LUXÚRIA
  • O PECADO DA ACÍDIA
  • O PECADO DA GULA
  • O PECADO DA AVAREZA
  • O PECADO DA INVEJA
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