Evangelho de Tomé - Logion 99

Os discípulos lhe disseram:

— Teus irmãos e tua mãe estão lá fora.

Ele lhes respondeu:

— Aqueles que fazem a vontade de meu Pai, esses são meus irmãos e minha mãe — são eles que entrarão no Reino de Deus.

(Cf. Mt 12, 46-50; Mc 3, 31-35; Lc 8, 19-21; Jo 15, 6.) Mais uma vez, Jesus relativiza os laços de parentesco e família. Os vínculos carnais não bastam. Eles permanecem fora do Reino. É necessário, sobretudo, a concordância das inteligências e a orientação comum do coração para o Essencial e o Único Necessário…

É no reconhecimento compartilhado da nossa filiação divina que nos tornamos todos irmãos…

O que torna a fraternidade possível é o Pai. “Matar o Pai” é também pôr fim à fraternidade.

Moisés compreendeu que é sua relação com a Transcendência que faz a unidade de um povo. Se a Transcendência se reduz a ser apenas a do Estado, há o risco de totalitarismo e uniformização, que são caricaturas de unidade—uma mera justaposição de indivíduos, de camaradas, talvez, mas ainda não de irmãos.