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Leisegang Gnose

Hans Leisegang — A Gnose A GNOSE — Esquema-resumo A partir do índica da obra estaremos resumindo as ideias principais. NOÇÃO E ORIGENS DA GNOSE *A gnose é o conhecimento da Realidade supra-sensível, “invisivelmente visível em um eterno mistério”, que é é considerada constituir, no coração e além do mundo sensível, a energia motriz de toda forma de existência. Um fragmento gnóstico define a gnose: “O conhecimento daquilo que somos e daquilo que nos tornamos; do lugar donde viemos e daquele no qual caímos; da meta para qual nos apressamos e daquilo do qual somos resgatados; da natureza de nosso nascimento e daquela de nosso renascimento” (Clemente de Alexandria, Excerpta ex Theodoto, 78,2). Outro fragmento: “o conhecimento do homem é o começo da perfeição; o conhecimento de Deus disto é a consumação” (Hipólito, Elenchos, V,6,6). Esta Realidade supra-sensível, a concebe-se segundo espécies de um sistema de Ideias, que são ao mesmo tempo Forças cósmicas personificadas — entidades divinas, “demônios”, espíritos, anjos, heróis da mitologia pagã ou cristã — que têm em suas mãos o destino do mundo e da humanidade. O conhecimento deste mundo transcendente é o resultado da convergência de dois atos, do qual um procede da Natureza sensível e o outro da Natureza supra-sensível. A aplicação metódica da inteligência às realidade espirituais — aplicação que culmina no êxtase — e uma conduta totalmente espiritual — que encontra sua expressão suprema na ascese — conduzem o homem à beira do mundo do espírito. Por outro lado, este mundo se apresenta para o homem sob forma de revelação e se dá a contemplar, assim que as condições requeridas se encontram plenamente realizadas. Em todas as épocas da Antiguidade, este conhecimento foi investigado e cultivado: quer se trate de magia primitiva, da magia científica e da conjuração de demônios, da mântica “entusiasta”, das religiões de mistérios, da especulação religiosa se associando a estas, e sobretudo, sob uma forma mais refinada, da filosofia consagrada à investigação das forças espirituais regendo o Cosmos e a vida humana. Os mitos e os cultos foram particularmente atraídos na esfera da especulação gnóstica. Pressentia-se neles uma sabedoria profunda, originária de uma revelação primordial, que deveria se revelar de novo à razão do iniciado se ele alcança-se a deles descobrir o caminho. Este bom caminho já é a gnose: “Te mostrarei a via santa, a via oculta, que é a gnose”, diz o Salvador no hino dos Naassenos (Hipólito, op.cit., V,10,2) *Quando o grego viu se abrir o mundo imenso do Oriente, viu os edifícios gigantescos do Egito e da Babilônia com a evocação de seu culto milenar, junto ao qual se sentia uma criança, se pôs a investigar nas criações religiosas destes povos antigos a sabedoria primitiva que perseguia já em seus mitos e contos de sua raça. Mesmo a tradição judaica passou pela especulação grega, através do judeus helenizados de Alexandria. A tradição cristã foi logo “convertida” à linguagem grega e assim apresentada, sendo assim tecidos de motivos gnósticos. Paulo é nutrido pela cosmologia da gnose e pensa frequentemente segundo suas categorias. A tradição cristã se sentindo ameaçada por esta “conformação” gnóstica iniciou seu combate à gnose. *Qual a origem exata desta gnose? Os Padres aí denunciavam a sabedoria grega. Os filósofos gregos a viam como uma religião saída da filosofia grega antiga. Reina a confusão atualmente sobre as origens do gnosticismo *Sistemas gnósticos que conhecemos não traem o espírito de uma religião oriental determinada; compõem em proporção igual elementos judeus, cristãos, persas, babilônicos, egípcios e gregos de maneira a formar um mosaico, feito de inumeráveis pequenos “cacos” de natureza e de origens diferentes. *A história das religiões ainda não foi capaz de decompor o mosaico e do paciente trabalho de investigar a origem e a natureza de cada caco e sua articulação com os demais. *O que intriga na investigação da gnose é que o que nos deparamos não poderia ser explicado pelo temperamento religioso oriental, que protege sua religião de toda influência estranha: A integração praticada pelo gnóstico, de divindades orientais e de divindades gregas a princípio rigorosamente díspares. O acoplamento de noções religiosas das quais cada uma tinha uma significação rigorosamente específica, condicionada pela atmosfera histórica de sua formação e frequentemente absolutamente intraduzível em outra língua. **A obliteração e o nivelamento de todas as diferenças nacionais. O PENSAMENTO GNÓSTICO *O pensamento gnóstico tem raízes profundas na experiência extática, na visão, tais como as descreveram, com características invariáveis, os místicos de todos os tempos. *Entre a teoria platônica da Ideias e o pensamento gnóstico se inscreve uma longa evolução que, por um lado, ultrapassa Platão na direção de uma ciência pura e, por outro, nos conduz além do platonismo. *A medida que a gnose se afasta de suas origens, que se tornam mais insignificantes os espíritos que se exercitam sobre seu terreno, a Ideia intuitivamente apreendida é recusada pela figura mítica graças à visão. *O pensamento gnóstico não repousa somente sobre uma maneira de ver diferente, mas ainda sobre uma realidade e um mundo totalmente diferentes daquele no qual evoluem a ciência e a filosofia modernas. *Desde muito tempo as três grandes corrente filosóficas — Academia platônica, Peripatetismo e Stoa — se fundiram para alcançar esta visão do mundo e esta religião universal das pessoas cultas que encontramos no “Sonho de Cipião” de Cícero, nas obras de Filon, de Sêneca, de Plutraco, no neoplatonismo de Plotino a Boécio, e que apesar de particularidades ligadas à distinção das escolas, apresenta por toda parte os mesmo traços essenciais idênticos. *Os estoicos, posteridade eles mesmo de Heráclito, elaboraram a teoria, essencial para esta Weltanschauung, do Cosmo vivo. *O Cosmo constitui, segundo Aristóteles, uma admirável hierarquia. *Os organismos de distinguirão uns dos outros por sua alma. *O Homem em sua qualidade de ser mais elevado da hierarquia, recapitula nele todos os graus da natureza. *Até aqui, nossa Weltanschauung poderia se harmonizar com aquela do Antigos e se acmodar em seu quadro geral. *Aqueles seres que prolongam a escala do Cosmo além do homem e o completam em um sentido supra-sensível não são, para o gnóstico, uma simples ficção do espírito; são poderes e forças pessoais e reais que não somente ultrapassam o homem em dignidade mas ainda ocupam no seio de nosso mundo um lugar mais elevado que o lugar terrestre do homem. *Ilustração para concretizar esta cosmologia. SIMÃO O MAGO OS OFITAS OS BARBELOGÓSTICOS BASILIDES E AS SEITAS SE ASSOCIANDO A ELE OS CARPOCRATAS MARCION VALENTINO PTOLOMEU MARCOS A PISTIS SOPHIA

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