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gnosticos:antimimon-pneuma

antimimon pneuma

antimimon pneuma VIDE: antimimo Gnosticismo Madeleine Scopello Tradução de Antonio Carneiro

Espírito de falsidade. Força enganadora que caracteriza o mundo daqui de baixo.

A noção de espírito de falsidade (em grego, antimimon pneuma) é tipico do pensamento gnóstico : trata-se de uma força maléfica que, por meio de aparência e poder de falsificação, opera uma inversão de valores e transforma a realidade em mentira e a mentira em realidade. Assim, o ser humano, perdendo toda referência, interpretará sua ignorância como conhecimento e não tentará atravessar a falsidade do universo que o circunda.

O fogo da treva, falsidade da luz, extravia as almas. O Livro de Tomé, O Atleta explica que

esse fogo é enganador pois dá aos homens uma ilusão de verdade e os faz prisioneiros de uma doçura tenebrosa. (NH 11,7 140,21-24).

Esta ilusão leva à loucura :

Vós rides e regozijai-vos nos risos da loucura (…) não compreendeis que estais nas trevas e na morte. Pois bem, é pelo fogo que estais embriagados, vosso coração está extraviado (…) e vos são doce o veneno e os golpes de vosso inimigo. As trevas vos aparecem como se fossem a luz (ibid., 11,7 143,23-31).

O tratado dos Ensinamentos de Silvano vai no mesmo sentido: em caça à miragem da ilusão,

O homem persegue a treva tomando-a pela luz, bebe d’água estagnada, convencido que ela é pura. Não reconheceu o engodo do Inimigo que se apresentou como amigo (NH VII, 4 88,30-35; 95, 12-15).

O mecanismo pelo qual o falso substituiu o verdadeiro está descrito no Evangelho de Felipe :

Os nomes dados às coisas terrestres são enganosos, pois desviam nossos pensamentos do que é verdadeiro rumo ao que é falso (NH 11,3 53,24-26).

Os arcontes fizeram malabarismos com os nomes para construir seus impérios :

Quiseram enganar o homem, pois, viram que eram aparentados com aqueles que são realmente bons. Tomaram então o nome daqueles que são bons e deram para aqueles que não são: pelos nomes, enganaram o homem. (…) quiseram, com efeito, anular a liberdade do homem e em fazê-lo seu escravo para sempre (ibid., 11,3 54,19-31).

Alexander Böhlig (1912-1996) Contribuição e tradução de Antonio Carneiro A. Böhlig estudou a função do antimimon Pneuma no Apócrifo de João (AJ) e Pistis Sophia, e concluiu que eles eram “sedutores” da alma humana que levavam-na ao esquecimento e forçavam-na a cometer pecados

A tradução usual “espírito travestido” não oferece sentido senão em ligação com o mito da criação em AJ 55,8; 56,14 s; 71, 3-74,11 (trata-se da anti-força criada pelos poderes malvados para atuar contra o Espírito divino no homem). No diálogo primitivo 67,15 e 68,15 antimimon pneuma designa o espírito adverso que não entra no homem senão pela ignorância, enquanto que o Espírito salvador é adquirido pela gnose. Para o conjunto v. Hauschild, Espírito Santo e sua Obra. Estudo sobre Pneumatologia dos primórdios do cristianismo.

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