Evelyn Underhill – Inefabilidade
Underhill1911
William James considerava a “inefabilidade” e a “qualidade noética” como características constantes da experiência contemplativa. Aqueles que viram estão totalmente convencidos; aqueles que não viram, jamais poderão ser informados. Não há certeza que se iguale à certeza do místico, nem impotência maior do que a que recai sobre aqueles que tentam comunicá-la. “Dessas operações mais excelentes e divinas na alma, quando Deus se manifesta,” diz Ângela de Foligno, “não podemos de modo algum falar, nem sequer balbuciar.”
No entanto, grande parte da literatura mística se ocupa das tentativas dos místicos de compartilhar suas descobertas. Por meio de uma variedade de imagens, pela exploração deliberada das qualidades musicais e sugestivas das palavras—muitas vezes, também, com o auxílio de paradoxos desesperados, esses estímulos infalíveis do poder intuitivo do homem—eles tentam transmitir algo desse país verdadeiro que “o olho não viu.” Seu sucesso—embora parcial—só pode ser explicado pela suposição de que, em algum lugar dentro de nós, reside uma faculdade, uma centelha, um “ponto sutil do espírito” que conhece esse país desde o nascimento; que nele habita, participa do Ser Puro e, sob certas condições, pode ser despertado para a consciência. Então, o “sentimento transcendental”, despertando de seu sono, reconhece que esses exploradores do Infinito realmente contemplaram o plano secreto.
