Underhill1911

Em uma passagem maravilhosa, única na literatura mística, Ângela de Foligno relatou a visão lúcida em que percebeu essa verdade: a dupla revelação de um Absoluto ao mesmo tempo humilde e onipotente, pessoal e transcendente — a síntese inimaginável do “poder indizível” e da “profunda humildade”.

“Os olhos da minha alma se abriram e eu contemplei a plenitude de Deus, na qual compreendi o mundo inteiro, tanto aqui como além do mar, e o abismo e o oceano e todas as coisas. Em todas essas coisas, não vi nada além do poder divino, de uma maneira certamente indescritível; de modo que, por excesso de admiração, a alma gritou em alta voz, dizendo: 'Todo este mundo está cheio de Deus!' 521 Por isso, compreendi agora quão pequena é a coisa que é o mundo inteiro, isto é, tanto aqui como além dos mares, o abismo, o oceano e todas as coisas; e que o Poder de Deus excede e preenche tudo. Então Ele me disse: “Mostrei-te algo do Meu Poder”, e eu compreendi que, depois disso, compreenderia melhor o resto. Ele então disse: “Contempla agora a Minha humildade”. Então me foi dada uma visão da profunda humildade de Deus para com o homem. E compreendendo aquele poder indizível e contemplando aquela profunda humildade, minha alma se maravilhou grandemente e se considerou nada.