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Evangelho de Tomé - Logion 75

Pla

Jesus disse: Há muitos que estão junto a porta, mas são os únicos (monachos), os que entrarão na câmara nupcial.

Puech

75. Jésus a dit : Il y en a beaucoup qui se tiennent près de la porte, mais ce sont les isolés mmonakhos (grec : monakhos, pl. monakhoi); voir la note à qui entreront dans la chambre nuptiale.

Suarez

1 Jésus a dit : 2 il y en a beaucoup 3 qui se tiennent devant la porte, 4 mais ce sont les solitaires 5 qui entreront dans le lieu du mariage.

Meyer

75 Jesus said, “There are many standing at the door, but those who are alone will enter the wedding chamber.”

Canônicos

Parábola das dez virgens

Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes: Em verdade, em verdade vos digo: eu sou a porta das ovelhas. (Jo 10,7)

Assim também vós, quando virdes sucederem essas coisas, sabei que ele está próximo, mesmo às portas. (Mc 13,29)

Roberto Pla

Que a “porta” é Cristo o sabemos porque se diz muito claro no quarto evangelho: “Eu sou a porta das ovelhas”. Por esta porta que é o Filho do homem que deverão passar todas as ovelhas (almas), se querem se salvar. Isto quer dizer que todas as almas devem conhecer em si mesmas o princípio pneumático superior, que nelas mora. O trânsito da consciência psíquica para seu nascido do Alto, o espírito, se interpreta na linguagem evangélica como atravessar a “porta”, a qual não está longe mas no homem mesmo, posto que é o Ser puro de todo homem.

Por tudo isso, Marcos solicitou: Sabei que Ele está próximo, às portas”; se diz “às portas”, é porque se refere a “porta” que sempre está aberta em cada homem, embora em todos seja a mesma, Cristo, o Filho do homem, que só há um, mas parece “muitos”, pelo único fato de que como diz o logion: “são muitos os que estão junto à porta”.

Isso do “um em muitos” é o grande mistério no qual costuma perder-se muitos entendimentos, pois só com humildade e purificação de batismo pode ser aceito: Cristo interior, só há um. Quando é contemplado com “firmeza” é denominado “pedra”, a pedra angular, a rocha; mas como trânsito até a presença e vinda posterior se chama “porta”. Disto fala o Pastor de Hermas. Segundo diz, a rocha é antiga e a porta nova. O Filho de Deus foi antes da criação e daí que seja antigo (rocha); mas a consumação (de cada um), o Cristo “oculto”, se faz “manifesto” (em cada um); por isso a porta aparece sempre nova, e “muitas”, pois todos entram por ela no Reino de Deus.

Depois da consumação (synteleia), a “Torre” da Criação, vem a formar um único bloco com a rocha. Deste modo quantos creram no Senhor por meio do Filho e se revestiram de seu espírito (próprio) formarão um só espírito e um só corpo e terão uma só cor de suas vestes. Isto é sem dúvida o que queria dizer Jesus quando exclamou: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, apedrejas os que a ti são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e não o quiseste!” (Mt 23,37)

Os filhos “reunidos” aos quais Jesus alude são as almas revestidas de espírito, quer dizer, vestidas com o traje que requer a boda sagrada (v. breve8855). Como o Espírito é um só na unidade da “Torre” formada por todos os que creram no Senhor, se se fizeram filhos de Deus, é fácil entender que estes, os Eleitos, sejam denominados únicos (monachos), pois o são em duplo sentido: porque são uma consciência “única” quando repousam na câmara nupcial como alma-pneumática; e porque o Filho do homem recebe a glória única do Pai, como Filho único.

Acerca da pedra e da porta, há que recordar o relato genesíaco do sonho de Jacó, por ser o “tipo” veterotestamentário do que agora dizemos. Ao voltar de seu sonho, ou êxtase, entende Jacó que teve a percepção primeira da “presença” de Deus, e comovido diz: “Isto não é outra coisa senão a casa de Deus e a porta do céu!”. Depois, para consolidar a permanência constante daquela “presença” (Shekinah) tomou Jacó a “pedra” angular sobre a qual havia “repousado” e a erigiu como estela para que perdurasse em sua consciências. Por último, derramou sobre a: ”pedra” a unção de azeite em ato de adoração e a chamou bet-el, a porta do céu onde Deus habita (v. Belém).

A pedra foi ungida e em verdade há identidade entre a pedra e sua unção. Por isso quando Jesus anuncia a Boa Nova em Nazaré toma como fio condutor de seu discurso o texto de Isaías: “O Espírito do Senhor (a presença, a pomba), está sobre mim, porquanto me ungiu”.

VIDE: Parábola das dez virgens

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