Kolakowski (LKCE) – Influências presentes no Peregrino Querubínico
LKCE
As fontes doutrinárias e a tradição poética do Peregrino querubínico (de fato, é esta obra clássica que nos interessa principalmente) foram reveladas e estudadas de forma bastante detalhada. As fontes doutrinárias situam-se em duas “linhagens” místicas: uma convencionalmente qualificada como eckhartiana e outra cuja origem remonta a São Bernardo. A controvérsia gira em torno da questão de até que ponto Silesius assimilou essas fontes ao ler diretamente os textos dos autores ou ao conhecê-las por meio de obras secundárias.
Na introdução de sua obra essencial, o poeta menciona apenas nomes reconhecidos ou ao menos tolerados pela Igreja por sua ortodoxia: Tauler, Ruysbroeck, Harphius e Luís de Blois. É evidente que essa lista está incompleta, pois esses nomes aparecem frequentemente nas apologias dos místicos católicos do século XVII que não queriam ser suspeitos. Em uma carta, o poeta admite ter lido Jacob Boehme; além disso, conhecia claramente os textos de amigos ou relações do círculo dos seguidores de Boehme na Silésia, como Franckenberg, Czepko e Johann Theodor von Tschesch.
No entanto, não é certo que tenha estudado diretamente os textos de Eckhart, que estavam acessíveis na época, nem os de Valentin Weigel; talvez tenha assimilado suas ideias por meio de Czepko e Franckenberg. Este último, cuja biblioteca Silesius herdou, não menciona Eckhart entre suas leituras. A lista que apresenta, bastante extensa, inclui, por outro lado, Tauler, Suso, Ruysbroeck, A Teologia Alemã, Tomás de Kempis, Johann von Staupitz, Boehme, Weigel, Johann Arndt, Sebastião Franck, Johann Valentin Andreae e Paracelso. Entre as leituras confirmadas de Silesius, também se menciona uma coletânea de poemas místicos publicada por Daniel Sudermann (1628), contendo as Revelações de Santa Brígida, textos de Santa Teresa de Ávila e de São João da Cruz.
