Uma versão da parábola se encontra no Evangelho dos Nazarenos, onde junto com o servo que multiplicou as minas confiadas e o que enterrou as minas se apresenta um terceiro servo que que dilapidou as minas com rameiras e flautistas; o primeiro recebe aprovação, o segundo é apenas censurado, o terceiro é posto na prisão.
Segundo Antonio Orbe, Eusébio de Cesareia faz uma resenha da parábola como relatada no Evangelho dos Nazarenos: “Posto que o Evangelho chegado até nós em caracteres hebraicos não lançava a ameaça contra o que escondeu o talento (de fato mina), se não contra o que viveu dissolutamente. Pois distinguia três servos: um que havia consumido a fazenda do senhor com meretrizes e flautistas; outro que havia feito render muito seu trabalho; e outro, finalmente, que havia ocultado o talento. E dizia que o primeiro foi recebido, que o segundo apenas admoestado, e o último encarcerado. Me ocorre perguntar se por ventura a ameaça que vem depois da reprimenda contra o que nada trabalhou vai dirigida não contra este, se não por epanalepsis contra o primeiro, que havia comido e bebido com os bêbados.”
Segundo Antonio Orbe tudo depende do verbo ter: entre valentinianos pode-se ter “em propriedade” (idiokteton) ou “em uso” (en kresei); a primeira refere-se a graça (gnosis), típica da semente espiritual; a segunda à pistis, peculiar do indivíduo animal.
A teologia pagã presenteava o nome de deus a quem não o era. E como o concediam em préstimo podiam impunemente retirar, por não tê-lo em propriedade.
«Se alguém baixa à água e sai dela sem haver recebido nada, e diz: 'Sou cristão (christianos)', apropriou (falsamente) o Nome. Mas se recebe o Espírito Santo, possui o dom (dorea) do Nome. Ao que recebeu um dom não se retira-o (mais). Mas se o priva dele a quem o tenha apropriado.
Adquire em propriedade o dom imperdível da gnosis. Heracleon: «Porque eterna é sua vida, e já não se corrompe como a primeira vinda do poço, senão que a persevera. Porque a graça e o dom de nosso Salvador é imperdível e não se perde nem corrompe em quem o participa…»