Natividade [AOCG]

ANTONIO ORBE — INFÂNCIA E JUVENTUDE DO SALVADOR

Nascimento #Belém não figura entre as notícias gnósticas diretas nem indiretas. #Os peratas situam a aparição terrestre de Cristo “nos tempos de Herodes” (Mt 2,1 e Lc 1,5). Justino gnóstico prolonga o governo de Herodes até os doze anos de Jesus, pois “nos dias do rei Herodes é enviado novamente Baruc…, e, vindo de Nazaré, achou Jesus, filho de José e Maria, menino de doze anos, que cuidava de ovelhas”. #Mais notas na escola de Basilides. Segundo Clemente de Alexandria: “Alguns dentre eles dizem que o Salvador havia nascido em 25 ou 24 de Farmuzi (por volta de 19 de abril)”. Epifanio coloca o nascimento de Jesus como os basilidianos colocam seu batismo (11 de Tybi: dia quinto do mês de janeiro, segundo os romanos; onze de Tybi, segundo os egípcios). #Os gnósticos ignoram a gruta, atestada pela tradição dos séculos II e III, como lugar de nascimento de Jesus, e da manjedoura que comprova a virgindade de Santa Maria. #A mensagem do anjo aos pastores de Belém, os valentinianos sintetizam a obra pacificadora do Salvador: “Por isto desceu o Senhor a trazer paz 'aos dos céus, não aos da terra', como diz o Apóstolo” (como indicou o anjo aos pastores em Lc 2,14: “Paz na terra, e glória nas alturas”).

#Os anjos, cujos céus parece ter passado ocultamente o Salvador em sua viagem à terra, não podiam evangelizar aos pastores a vinda do Salvador ao mundo e seu nascimento em Belém. Ninguém anuncia o que desconhece. #Os anjos de Belém — contra o parecer de Clemente de Alexandria em Excerptos de Theodotus, não pertenciam aos planetários ou arcônticos (=ignorantes da misteriosa descida do Filho), mas aos espirituais, satélites do Salvador.