Klimov1997
Sobre o uso deste termo, ver as referências indicadas na nota (1), cap. a, p. 358. No Mysterium Magnum, Boehme, «por desejo de simplicidade», resume tudo o que escreveu sobre as sete formas da natureza eterna: «PRIMEIRA FORMA: Violência, Desejo. Vejam: o desejo do Verbo eterno que é Deus é o início da natureza eterna e a apreensão do Nada eterno em Algo; é a causa de todos os seres, do frio e do calor, assim como da água e do ar, e a formação das forças e uma causa do gosto, mãe de todos os sais. SEGUNDA FORMA: Amargo, Espinhoso. A mobilidade do desejo, sob a forma de atração, é a segunda forma da natureza, uma causa de toda a vida e de todo o movimento, bem como dos sentidos e da distinção. TERCEIRA FORMA: Angústia, Sensibilidade. A angústia, enquanto sensibilidade, é uma causa da afetividade onde despertam os sentidos. QUARTA FORMA: Fogo, Espírito, Entendimento, Desejo. O fogo é uma causa da verdadeira vida espiritual, onde as forças sagradas da alegria livre são libertadas da aspereza amarga; pois o fogo engolfa em sua qualificação o ser tenebroso da impressão e, a partir de si mesmo, transforma-o de luz em forças espirituais. QUINTA FORMA: Luz, Amor. O desejo de amor sagrado e espiritual, onde a santa vontade de Deus se aguçou em uma impressão dura e se revela pelo fogo com a força da onipotência. Essa vontade se liberta agora pelo fogo na luz e, nas forças que estão na vida e no movimento, transformou-se em desejo onde residem e se revelam a geração sagrada e o reino delicioso do grande amor divino. SEXTA FORMA: Palavra, Som, Verbo. É a Palavra do Verbo divino que sai das forças divinas, palavra que se forma no desejo amoroso e se transforma em Verbo perceptível por todas as forças, onde reside a revelação do reino divino das delícias, na alegria livre da sabedoria de Deus. SÉTIMA FORMA: Ser, Receptáculo. É o ser formado pelas forças, revelação das forças. O que as seis primeiras formas são em espírito, a sétima é no ser compreensível. Ela é o receptáculo de todas as outras ou um corpo do espírito onde o espírito age e brinca consigo mesmo; é também um alimento do fogo, de onde o fogo tira sua qualidade devoradora e seu ardor. E a sétima é o reino da magnificência divina e as sete formas são, portanto, chamadas de sete espíritos de Deus ou forças da natureza (…). Amigo leitor, compreenda bem e exatamente o que quero dizer! Não se deve imaginar que as sete propriedades são separadas e justapostas ou sobrepostas; todas as sete representam uma única coisa, e nenhuma é a primeira, a segunda ou a última, pois a última é, de outro ponto de vista, a primeira. Assim como a primeira se torna um ser espiritual, a última se torna um ser corpóreo, a última é o corpo da primeira. Só se pode falar assim de forma fragmentária, para poder escrever e apresentar aos sentidos, para que o leitor possa meditar sobre isso. Todas juntas são apenas a revelação de Deus, segundo o amor e a ira, a eternidade e o tempo.” (JBMM VI, 14-22.)