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Evangelho de Tomé - Logion 39

Pla

Jesus disse: os fariseus e os escribas receberam as chaves da ciência (gnosis) e as ocultaram. Não entraram e aos que queriam entrar não os deixaram. Mas vós sedes sutis (phronesis) como as serpentes e puros como as pombas. Fariseus

Puech

39. Jésus a dit : Les Pharisiens et les scribes ont reçu les clés de la Connaissance (et) ils les ont cachées. Ils ne sont pas entrés et, ceux qui voulaient entrer, ils ne les ont pas laissé (entrer). Mais vous, soyez prudents comme les serpents et candides comme les colombes.

Suarez

1 Jésus a dit : 2 les pharisiens et les scribes 3 ont pris les clefs de la Connaissance 4 et ils les ont cachées. 5 Non seulement, ils ne sont pas entrés, 6 mais encore ils n’ont laissé entrer ceux qui voulaient. 7 Mais vous, soyez prudents comme les serpents 8 et purs comme les colombes.

Meyer

(1) Jesus said, “The Pharisees and the scholars have taken the keys of knowledge and have hidden them. (2) They have not entered, nor have they allowed those who want to enter to do so. (3) As for you, be as shrewd as snakes and as innocent as doves.”

Roberto Pla

Há uma ciência para alcançar o reino de Deus. Dita ciência exige, para que possa ser praticada com eficácia, uns conhecimentos prévios que Jesus chama “chaves” e que sem dúvida os sábios antigos “receberam”, isto é, os haviam estudado, desenvolvido e transmitido, embora seguramente não sem o sigilo que os mistérios do reino requerem.

Mas os legistas judeus, longe da fazer uso dessas chaves da ciência de Deus que receberam e que deviam ter mostrado “aos que queriam entrar”, as ocultaram até perdê-las.

Em consequência, os mestres de Israel coetâneos de Jesus, não só não sabiam entrar no reino, mas ademais, por sua ignorância nessa ciência vinham obstaculizando a entrada daqueles que embora dotados e dispostos, mas falhos de conhecimento, lutavam infrutuosamente por entrar.

Assim é que ao proclamar a Boa Nova, se vê obrigado Jesus a “inaugurar” outra vez a ciência do reino, “para dar a seu povo” — aos que o seguem, segundo o evangelho — , “conhecimento de Salvação”.

Parece evidente que as chaves da ciência de Deus foram reservadas por Jesus para aqueles discípulos que reuniu como instituição dos Doze (Mistérios), segundo diz muito explicitamente: “A vós é dado conhecer os Mistérios do Reino dos Céus”. (Mt XIII, 11; Lc VIII, 10).

Foi a Simão Pedro o primeiro discípulo a quem Jesus entregou (descobriu, manifestou) as chaves do Reino. Segundo relata o Evangelho, isto ocorreu naquela ocasião na qual o discípulo o identificou como “o Cristo, o Filho de Deus vivo” (Mt 16,6). Foi esta uma grande demonstração do desenvolvimento espiritual experimentado por Simão Pedro e Cristo viu, nessa identificação, que a alma de Simão se colocava já justamente diante da porta da bem-aventurança, aquela porta por onde penetram no Reino todos aqueles que se colocam como candidatos a receber o “sinal de Jonas”.

Jesus explica então que tal revelação não a traz “a carne, nem o sangue”, senão o Pai, o que equivale a dizer que por suas limitações a carne (o corpo) e o sangue (a alma), não são aptos para alcançar a intuição do Filho do homem, seja em sua vertente oculta, ou manifesta.

A revelação que dá atitude à consciência para receber a luz primeira da identidade do Filho do homem, só pode vir do Pai, e vem, com efeito, quando a alma se fez tão sutil e tão pura, tão limpa, que a Palavra de Deus desce “naturalmente” através de suas diversas capas até a consciência, a qual chega como uma centelha de conhecimento.

Depois de sua revelação, Simão Pedro constitui-se em “pequenino”, evangélico, isto é, em “recém nascido do alto”.