Mostraram a Jesus uma moeda de ouro e lhe disseram: A gente de César exige de nós os tributos. Ele lhes disse: Dai a César o que é de César; dai a Deus o que é de Deus, e o que é meu dai-mo.
100. Ils montrèrent à Jésus une pièce d’or et ils lui dirent : Les gens de César exigent de nous les tributs. Il leur dit : Donnez ce qui est à César à César, donnez ce qui est à Dieu à Dieu, et, ce qui est mien, donnez-le moi.
1 Ils montrèrent à Jésus une pièce d’or 2 et lui dirent : 3 les agents de César exigent de nous des tributs. 4 Il leur dit : 5 rendez à César ce qui appartient à César, 6 rendez à Dieu ce qui appartient à Dieu, 7 et, ce qui est mien, donnez-le-moi.
100 (1) They showed Jesus a gold coin and said to him, “Caesar’s people demand taxes from us.” (2) He said to them, “Give Caesar the things that are Caesar’s, (3) give God the things that are God’s, (4) and give me what is mine.
mt.22.15 τοτε πορευθεντες οι φαρισαιοι συμβουλιον ελαβον οπως αυτον παγιδευσωσιν εν λογω
mt.22.16 και αποστελλουσιν αυτω τους μαθητας αυτων μετα των ηρωδιανων λεγοντες διδασκαλε οιδαμεν οτι αληθης ει και την οδον του θεου εν αληθεια διδασκεις και ου μελει σοι περι ουδενος ου γαρ βλεπεις εις προσωπον ανθρωπων
mt.22.17 ειπε ουν ημιν τι σοι δοκει εξεστιν δουναι κηνσον καισαρι η ου
mt.22.18 γνους δε ο ιησους την πονηριαν αυτων ειπεν τι με πειραζετε υποκριται
mt.22.19 επιδειξατε μοι το νομισμα του κηνσου οι δε προσηνεγκαν αυτω δηναριον
mt.22.20 και λεγει αυτοις τινος η εικων αυτη και η επιγραφη
mt.22.21 λεγουσιν αυτω καισαρος τοτε λεγει αυτοις αποδοτε ουν τα καισαρος καισαρι και τα του θεου τω θεω
mt.22.22 και ακουσαντες εθαυμασαν και αφεντες αυτον απηλθον
mk.12.13 και αποστελλουσιν προς αυτον τινας των φαρισαιων και των ηρωδιανων ινα αυτον αγρευσωσιν λογω
mk.12.14 οι δε ελθοντες λεγουσιν αυτω διδασκαλε οιδαμεν οτι αληθης ει και ου μελει σοι περι ουδενος ου γαρ βλεπεις εις προσωπον ανθρωπων αλλ επ αληθειας την οδον του θεου διδασκεις εξεστιν κηνσον καισαρι δουναι η ου
mk.12.15 δωμεν η μη δωμεν ο δε ειδως αυτων την υποκρισιν ειπεν αυτοις τι με πειραζετε φερετε μοι δηναριον ινα ιδω
mk.12.16 οι δε ηνεγκαν και λεγει αυτοις τινος η εικων αυτη και η επιγραφη οι δε ειπον αυτω καισαρος
mk.12.17 και αποκριθεις ο ιησους ειπεν αυτοις αποδοτε τα καισαρος καισαρι και τα του θεου τω θεω και εθαυμασαν επ αυτω
lk.20.20 και παρατηρησαντες απεστειλαν εγκαθετους υποκρινομενους εαυτους δικαιους ειναι ινα επιλαβωνται αυτου λογου εις το παραδουναι αυτον τη αρχη και τη εξουσια του ηγεμονος
lk.20.21 και επηρωτησαν αυτον λεγοντες διδασκαλε οιδαμεν οτι ορθως λεγεις και διδασκεις και ου λαμβανεις προσωπον αλλ επ αληθειας την οδον του θεου διδασκεις
lk.20.22 εξεστιν ημιν καισαρι φορον δουναι η ου
lk.20.23 κατανοησας δε αυτων την πανουργιαν ειπεν προς αυτους τι με πειραζετε
lk.20.24 επιδειξατε μοι δηναριον τινος εχει εικονα και επιγραφην αποκριθεντες δε ειπον καισαρος
lk.20.25 ο δε ειπεν αυτοις αποδοτε τοινυν τα καισαρος καισαρι και τα του θεου τω θεω
lk.20.26 και ουκ ισχυσαν επιλαβεσθαι αυτου ρηματος εναντιον του λαου και θαυμασαντες επι τη αποκρισει αυτου εσιγησαν
Comentários
O logion acerca do “imposto devido a César” que proporciona Tomé o traz também os sinópticos e Justino com algumas variantes de importância. “Naquele tempo, chegando-se alguns o perguntaram se é preciso abonar os tributos a César. E respondeu: Digam-me: de quem tem a imagem, esta moeda? Eles manifestaram: De César. E de novo os respondeu: Paguem pois o de César a César, e o de Deus a Deus.” (Justino, Apol. 17,2) Aqueles que estudam os textos pelo método de investigar sua história redacional fundam a diferença das versões em que nem Justino, nem Tomé apresentam o episódio como uma controvérsia, tal como aparece nos dois sinópticos, e se inclinam a pensar que o relato em sua forma sinóptica atual se deve a uma variante redacional, obra do redator posterior que eles chamam Marco-intermédio.
A consequência obtida pela investigação redacional é muito aguda e provavelmente acertada, mas como costuma ocorrer com as conclusões ganhas pela via “manifesta”, é insuficiente, pois se satisfaz com contemplar o fruto sem conhecer sua doçura.
Seja quem for o autor da redação sinóptica que conhecemos, o importante a consignar é a mutilação que em seu transcurso parece haver sofrido o “dito” de Jesus, pois os três “credores” mencionados segundo o testemunho de Tomé: César, Deus e o Filho do homem, se reduzem a ser somente dois, ao morrer durante o caminho o final da frase: “e o que é meu, dá-me-lo”.
Tal como resta o texto dos sinópticos, restrito a ser uma discriminação dos deveres do homem a respeito dos poderes do mundo — o César — e os deveres do céu — Deus —, tudo se reduz a que a resposta de Jesus é uma observação de sentido comum: dado que se aceita de fato a ocupação romana ao utilizar a moeda com a imagem do imperador, é necessário se decidir por pagar os impostos que a potência ocupante exige.
Talvez tenha sido a irrelevância espiritual do episódio assim limitado o que moveu ao último redator sinóptico a enriquecê-lo com a adição das alusões ao sentido insidioso com que foi formulada a pergunta, como se somente se pretendesse com esta comprometer a Jesus em um dos dois lados da oposição César-Deus.
No entanto, ao classificar em três direções o que cada homem “deve retribuir”, a resposta de Jesus no logion aparta-se do marco estreito, manifesto, do acontecimentos transitórios, para dar uma lição universal, espiritual, de ordem oculta.
Como é sabido, o denário na época de Jesus era chamado “a moeda do tributo”, pois cada judeu tinha que pagar um denário como imposto pessoal (tributum capitis) à autoridade romana.
Diante da vista da moeda do tributo, Jesus recorda os três tributos que a cada homem lhe corresponde pagar nesta vida:
O primeiro tributo é o da morte, o do fim (telos) da vida no mundo. É este um tributo que vem endividado pela curta duração “natural” do viver do corpo. Na moeda do tributo esta pagamento de alfândega, de trânsito, vem significado pela efígie do César nela gravada.
O segundo tributo é o da negação de si mesmo, a consumação da alma, e para pagá-lo há que se descartar todo temor (phobos); neste tributo se retribui a YHWH-Deus que no Paraíso formou a alma e insuflou nela o alento de vida.
Por último, o terceiro tributo é o da honra ao divino (times) devido ao Filho do homem; Ele é o que há de ser glorificado, pois sua glorificação é a honra que lhe corresponde. Na moeda do tributo ele é a moeda mesma, a substância, o Ser real, que se manifesta como o ouro que dá valor ao denário.
Em sua epístola aos romanos, recordaria logo o Apóstolo o episódio da moeda do tributo quando disse: Dai a cada um o que lhe é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra. (Rom 13,7)
Fazer a ligação, se tornar aquilo que Ele É, pois como Ele diz ele mesmo na Pistis Sophia: “Todo homem sou eu, e eu sou todo homem”.
Jesus só pode ser livre uma vez reunidas suas parcelas de divindade dispersas na matéria.
As três ordens, hílica, psíquica e pneumática, sem serem nomeadas, estão representadas respectivamente por César, Deus e Jesus; três ordens, três domínios, três níveis ou estados de consciência. Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim. Este é o pão que desceu do céu; não é como o caso de vossos pais, que comeram o maná e morreram; quem comer este pão viverá para sempre. (Jo 6,53-58)
Jesus não importa quão forte seja a relevância que dá às ligações de filiação e de estreita solidariedade que o unem a seu Pai, ao privilégio que este lhe acordou de participar naquilo que tem ou propriamente é, ainda assim mantém uma distinção, fortemente expressa neste logion.