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Evangelho de Tomé - Logion 56

Pla

Jesus disse: O que conheceu o mundo encontrou um cadáver e o que encontrou um cadáver, o mundo não é digno dele.

Puech

56. Jésus a dit : Celui qui a connu le monde a trouvé 8 un cadavre, et, celui qui a trouvé2 un cadavre, le monde n’est pas digne de lui.

Suarez

1 Jésus a dit : 2 celui qui a connu le monde 3 a trouvé un cadavre 4 et celui qui a trouvé un cadavre, 5 le monde n’est pas digne de lui.

Meyer

56 (1) Jesus said, “Whoever has come to know the world has discovered a carcass, (2) and whoever has discovered a carcass, of that person the world is not worthy.”

Canônicos

jn.5.26 ωσπερ γαρ ο πατηρ εχει ζωην εν εαυτω ουτως εδωκεν και τω υιω ζωην εχειν εν εαυτω (Jo 5,26)

jn.1.10 εν τω κοσμω ην και ο κοσμος δι αυτου εγενετο και ο κοσμος αυτον ουκ εγνω (Jo 1,10)

jn.5.24 αμην αμην λεγω υμιν οτι ο τον λογον μου ακουων και πιστευων τω πεμψαντι με εχει ζωην αιωνιον και εις κρισιν ουκ ερχεται αλλα μεταβεβηκεν εκ του θανατου εις την ζωην

jn.5.25 αμην αμην λεγω υμιν οτι ερχεται ωρα και νυν εστιν οτε οι νεκροι ακουσονται της φωνης του υιου του θεου και οι ακουσαντες ζησονται (Jo 5:24-25)

Roberto Pla

O que diz o logion é que ao aprofundar no conhecimento do mundo se vê que o mundo está morto pois carece de vida própria. Mas só desde a vida é possível contemplar a morte como morte e quem encontra o mundo como um cadáver é porque antes passou da morte à vida; é um ressuscitado, um renascido pela fé na vida, e por isto se diz que o mundo, o qual é um cadáver, não é digno dele.

Embora o logion não tenha nenhum paralelo nos evangelhos canônicos, não faltam referências no NT à condição de “mortos” do mundo e dos homens, pois este é o principal fundamento da doutrina universal de Jesus anunciada na sentença joanica: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Caminho Verdade Vida - Jo 14,6). Segundo se diz, é o Pai quem tem vida em si mesmo e também o Filho, ao qual o Pai “o deu o ter vida em si mesmo; por isto, o mundo, que não conheceu “a Palavra na qual está a vida, e todo o que não come o pão de Deus, o pão de vida que desce do céu e “dá a vida ao mundo”, é qualificado de “morto” até que ouça a voz do Filho de Deus, em cujo caso se poderia dizer segundo o evangelho, que “passou da morte à vida” (Jo 5,24).

O ingresso na vida desde a morte é um cumprimento da promessa dada a quem crê no Filho, a todo o que por fé “levanta” em seu interior à presença do Filho. Este e não outro é o caminho estreito que se se segue “leva à vida”, pois é a estes, aos que contemplam a presença do Filho, a quem o Filho, que os ama, “dá a vida”.

O que o evangelho diz é que a vida é coisa própria só do Pai e do Filho, e este a dá ao espírito do homem — o filho da luz — para que o homem não caminhe na obscuridade, senão que tenha “a luz da vida”.

Disso se colige que somente o Pai, o Filho e o espírito do homem — e este último por participação no Espírito de Deus que no homem habita — têm vida em si mesmos, quer dizer, vida eterna, irrenunciável, porque a essência constitucional da vida é ser vida e não outra coisa. Tudo o mais que nosso olhar contempla é “morte”, porque a vida que muitas coisas parecem ter é vida “em empréstimo”, uma vida que não é deles senão tomada em usufruto de quem tem a vida em si mesmo e a dá temporalmente.

É “o espírito que dá vida” (Jo 6,63). Como diz o apóstolo, “foi” feito o último Adão “espírito que dá vida”, mas o primeiro homem, Adão, “alma vivente”. Por “vivente”, há que entender aqui o mesmo que “vivificado”, isto é, com vida emprestada, e todo o vivificado, sem vida própria, é coisa morta, que se descobre como cadáver quando se contempla desde a vida própria e verdadeira do espírito. Por isso diz o logion que o que conhece o mundo, encontra um cadáver, e esta é a grande revelação prometida ao que sabe oferecer-se ao Espírito de Deus “como morto retornado à vida” (Col 3,4).

Como diz o Apocalipse em termos vetero-testamentários: “Ao Vencedor o darei a comer da Árvore da Vida que está no Paraíso de Deus” (Ap 2,7).