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Evangelho de Tomé - Logion 49

Pla

Jesus disse: Bem-aventurados os únicos (monachos), os eleitos, porque encontrareis o reino; pois haveis saído dele, de novo voltareis a ele.

Puech

Jésus a dit : Heureux les solitaires et (les) élus, car vous trouverez le Royaume. Vous êtes, en effet, (issus) de lui (et) de nouveau vous y retournerez.

Suarez

1 Jésus a dit : 2 heureux êtes-vous, les solitaires et les élus, 3 parce que vous trouverez le Royaume; 4 comme vous êtes issus de Lui, 5 vous y retournerez.

Meyer

49 (1) Jesus said, “Blessed are those who are alone and chosen, for you will find the kingdom. (2) For you have come from it, and you will return there again.”

Roberto Pla

O logion denomina bem-aventurados e eleitos aos que conseguiram unificar os dois moradores (fazê-los um) da mesma casa, se manifestam como um todo unificado em uma só consciência de natureza psico-pneumática.

Os eleitos são a pedra, preciosa, posta segundo o plano de Deus, como fundamento da nova cidade sagrada. Dela falou em oráculo o profeta Isaías, pois depois de assinalar que a pedra tinha a “equidade como medida e a justiça como nível”, quer dizer, as proporções exatas do justo, a denominou “não-vacilará”, pois define como assentada com firmeza na fé.

Foi em uma decisiva ocasião de fé do discípulo Simão (Pedro), e portanto, no nascimento de um eleito, quando Jesus recordou a importância dessa pedra que deve sustentar-se sobre uma fé compacta, não vacilante. O eleito, deve contemplar desde a solidão ou deserto de sua alma com fé absoluta e com doce paciência, o momento no qual o morador eterno e oculto de sua mesma casa manifeste, finalmente, o primeiro sinal de sua presença. Tal presença que permite pressentir “o-que-é, aquilo-que-é”, não é outra coisa que a parousia, ou melhor, o alvorecer da vinda do Filho do homem, dessa vinda que entre áridas brumas alegóricas descrevem os evangelistas.

Isso pode ser explicado assim: Se tu não crês, não podes descobrir; mas se crês que o Filho do homem “é” a essência de ti mesmo, descobrirás, “em tua hora”, o primeiro sinal de sua presença interior. Deves então orar, contemplar longamente no secreto de tua câmara para que aquele primeiro e talvez débil sinal de presença se engrandeça e fortifique em tua consciência até a vinda do Filho do homem. Esse será o Dia do morador de tua casa. Quando tenhas unido a ele até o ponto de que um somente assenhore a consciência; quando ambos, o pneumático e o psíquico, consagrados na verdade, “sejam um”, então serás o Eleito.

Como diz o apóstolo Pedro, o qual quanto à pedra angular foi um testemunho de descobridor.

Diz o logion que o eleito, o unificado, volta ao final ao Reino de onde saiu; mas se pode perguntar, existem realmente essa saída e esse regresso? Quando Isaías olha o eleito desde a terra, desde o olhar de um psíquico, de um “nascido de mulher” que se uniu ao morador eterno, diz: “Minha alma se compraz em meu eleito”. Mas no quadro da transfiguração que teve como cenário um “alto monte”, a voz que se deixa ouvir desde a glória da nuvem não descreve a alma ascendida, senão o Filho que cumpre sua obra: “Este é meu Filho, meu Eleito”.

Na unidade do Eleito, céu e terra se confundem e revelam sua integração real. Em forma de enigma está dito: “Ninguém subiu ao céu, senão que baixou do céu, o Filho do Homem que está no céu” (vide Nascer do Alto (Jo 3,1-21)).