Jesus disse: uma cepa da vinha foi plantada fora do pai e como não se fortaleceu, será arrancada com sua raiz e perecerá.
40. Jésus a dit : Un cep de vigne a été planté hors du Père et, comme il ne s’est pas fortifié, on l’arrachera avec sa racine et il périra.
1 Jésus a dit : 2 un cep de vigne a été planté en dehors du Père 3 et, comme il n’est pas fort, 4 il sera extirpé par sa racine 5 et il périra.
(1) Jesus said, “A grapevine has been planted away from the Father. (2) Since it is not strong, it will be pulled up by its root and will perish.”
Ele, porém, respondendo, disse: Toda a planta, que meu Pai celestial não plantou, será arrancada. (Mt 15:13; vide O mal de dentro)
Eu mesmo te plantei como vide excelente, uma semente inteiramente fiel; como, pois, te tornaste para mim uma planta degenerada como vide estranha? (Jer 2:20)
Roberto Pla
A vinha, já o sabemos pela escritura, é o Filho do homem e quem planta as cepas é o Pai. Mas esta, a cepa, é o tronco da videira, e se se diz tronco é para diferenciá-la, no jogo da metáfora evangélica, dos rebentos que brotam da videira, os sarmentos nodosos, grandes e delgados de onde nascem as folhas e os cachos, que são o fruto.
Assim deve-se entender que o Filho do homem foi plantado pelo Pai, ou melhor no Pai, pois como explicou Jesus em sua oração: “nós (Tu, Pai e eu), somos um” (Jo 17,22); mas se a totalidade das cepas que conformam a vinha é o Filho do homem, pois este não poderia ser todas sem ser ao mesmo tempo cada uma, assim como é a mesma luz a que ilumina em cada vela que se acende, se se toma a luz de cada uma da luz que vem do grande círio, ou única luz.
Esta é a grande parábola descrita por meio do relato da vinha, que serve para explicar desde a vertente oculta o mistério do Filho do homem, o qual é Jesus Cristo mas é também e ao mesmo tempo o homem último e essencial, o homem em si, vindo do céu. Se o apóstolo chama a este homem que a consciência desconhece porque está oculto nele, Adão, “espírito que dá vida”, é porque tal espírito é o Filho do homem, que não somente tem vida própria senão que ademais, a transmite ao todo o que vivifica.
O rebento vivificado da videira é o sarmento, do qual se serve a escritura como alegoria do que chamamos primeiro homem — quer dizer, o que a consciência reconhece de ordinário e ao qual queremos nos referir quando dizemos “eu” —. O apóstolo chamou a este primeiro homem condenado a ser o último, Adão, “alma vivente”, com o que queria dizer, não o que tem e dá vida, senão que é vivente porque recebe e goza a vida temporal em usufruto. Do sarmento é do qual diz Jesus que não foi plantado por seu Pai celestial (v. O mal de dentro), e o diz em justiça e verdade, porque não é mais que um rebento que não nasce da raiz senão que brota diretamente do tronco, e o tronco é, já o dissemos, uma luz individual vinda da luz total do Filho do homem.
A dupla opção do sarmento, segundo a metáfora da videira contada no relato joanico, é bastante evidente e fácil de entender, pois refere-se ao duplo caminho em liberdade que cabe a todo homem enquanto “alma vivente”. O sarmento, pode permanecer na cepa, inteligentemente inteirado de sua unidade solidária com o tronco, com o homem pneumático em que se sustenta e com o resto das cepas da vinha, significadas sempre pelo Filho do homem; em tal caso, se diz desse sarmento que “dá muito fruto”. Mas também pode tentar o sarmento separar-se da videira, quando crê em sua cegueira que foi plantado fora do Pai.
Quanto ao drama desse sarmento separado há muitos textos testamentários reprobatórios, como aquele de Jeremias, ou como diz também o autor do Deuteronômio.
O primeiro sintoma da pouca força solidária do sarmento é que suas uvas se tornam amargas. Isto ocorre contra toda esperança sobre ele concebida, pois o que se esperou dele e constituiu a causa de sua existência, é que alcançasse o conhecimento da unidade ao sumir-se no tronco e sua seiva, no espírito que é sua essência.