(SchayaHAK)
Como nos ensina a Cabala — e também, da maneira mais direta possível, o Neoplatonismo e o Vedantismo — o Espírito reside, enquanto transcende a alma, nas profundezas desta. A alma e todas as manifestações formais ou distintas, sejam internas ou externas, procedem dele, mas ele é sem forma e sem distinção; nele, o sujeito e o objeto do conhecimento se tornam um só: o Espírito conhece a si mesmo completamente, é o Conhecimento total e tudo o que é conhecível, em si e nas coisas.
O pensamento, por sua vez, é apenas um plano de reflexão individual e formal do que é conhecível, do Conhecimento ou do Espírito; ele sempre se move entre um sujeito mental, ou aquele que pensa, e um objeto mental, ou aquele que se reflete no pensamento. Contudo, o que se reflete no pensamento é assimilado por ele apenas em sua forma mental, não em sua forma concreta — seja corpórea, seja sutil —, e muito menos em sua realidade supraformal, espiritual e universal. Assim, o pensamento é um espelho psíquico e racional de todas as coisas inteligíveis, um espelho que nunca se torna aquilo que reflete.
Portanto, o pensamento não permite àquele que pensa assimilar, por si só, a realidade do objeto mental; ele permanece sendo um conhecimento simbólico das coisas, um conhecimento que aproxima o pensador delas, mas que não o identifica realmente com elas. O pensamento deixa subsistir o dualismo entre sujeito e objeto, a tal ponto que o homem que se conhece apenas através dele não se assimilou verdadeiramente; ele não se conhece realmente e representa para si mesmo apenas sua própria forma mental, o pensamento ou a imagem que tem de si mesmo.
É esse dualismo inerente ao pensamento que causa dúvida e erro; o Espírito, por outro lado, é a unidade real entre sujeito e objeto cognitivos, e essa unidade é a certeza, a verdade do conhecimento.