Faivre (FETC) – Eckartshausen, semelhante busca o semelhante

Eckartshausen (FETC) — ANALOGIA

O semelhante busca o semelhante. A força de assimilação reside em cada corpo, opõe-se às partes heterogêneas até que as tenha assimilado ou rejeitado; assim, modifica esse corpo ou cria um completamente novo. Todos os fenômenos, todas as modificações resultam das relações de energias materiais que « correspondem » entre si. Todas as coisas estão ligadas umas às outras por vínculos invisíveis. Do verme ao homem, do homem ao anjo, do anjo ao querubim, tudo tende a um nível superior e o prepara. A menor coisa tem sua importância, pois tudo está relacionado com o Todo; os grãos de areia e poeira são contados, pois o Todo, sem eles, não existiria. Além disso, as menores mudanças podem provocar grandes revoluções, o que explica muitas operações mágicas. No entanto, os efeitos nem sempre são perceptíveis ou orgânicos. A lei que preside à existência das partes é idêntica àquela que preside à aparição do Todo. Assim se explica a fascinação exercida sobre Eckartshausen pelos números e os importantes capítulos aritmosóficos contidos em seus escritos. Os números são, de fato, como imagens de uma Unidade primordial, de uma harmonia fundamental; encontram-se fora dessa unidade, mas a ela estão ligados por sua própria essência. A aritmosofia é inteiramente uma aplicação dessa lei da analogia, como se verá no capítulo dedicado a essa ciência em Eckartshausen. Mas também se poderia fazer a mesma observação sobre todos os temas teosóficos que ele aborda. Trata-se quase sempre de passar do plano físico ao plano intelectual, o que o homem seria geralmente capaz de fazer « se fosse atento ». Por que o ateu, que reconhece que tudo é uma cadeia, quer separá-la do Ser que criou cada coisa?. Existem, por outro lado, correspondências exatas entre as verdades da religião e as da natureza; Bacon de Verulam tem razão ao dizer que é um mau filósofo aquele que despreza a religião, mas que aquele que souber penetrar no interior da natureza retornará à religião e a admirará. Por exemplo, a religião ensina a justiça do Pai, a Sabedoria do Filho e o Amor do Espírito; da mesma forma, a natureza nos mostra a rigidez do fogo, a beleza da luz e os benefícios de um calor emanado do fogo e da luz. Esse princípio é tão verdadeiro, acrescenta Eckartshausen, que não se pode conhecer « o interior » da natureza sem conhecer as verdades da Fé.