====== Saint-Martin (SMTN, XIII) – Ser ====== Se os Livros dos Hebreus, apesar de suas expressões obscuras, apesar da singularidade, ou mesmo da atrocidade da maioria de seus relatos, nos anunciam outros direitos, outros poderes; se eles reúnem os fatos a dogmas mais relativos ao nosso //**Ser**//, e mais próprios para nos recordar as //Virtudes// de nosso princípio; se eles nos apresentam quadros mais expressivos do que o homem procura, e do que ele pode obter: enfim, se esses Livros não oferecem uma única //Idola// material falante, e que eles não colocam em ação senão animais vivos, homens, ou //Seres// superiores, devemos dar-lhes um lugar distinto entre todos os Livros tradicionais que nos são conhecidos. //Tableau naturel...//: XIII Em vez de //Espírito// de Deus, as traduções deveriam ter dito, a ação fecundante desses //Agentes//, //Elohim//, prepostos à produção dessa grande obra; pois no hebraico os nomes próprios são reais e essencialmente constitutivos. Ora, a palavra //Rouach//, que se traduziu por //Espírito//, não é dessa classe; ela significa apenas o sopro, a expiração; quando, então, a aplicamos às emanações e ações superiores, só pode ser por analogia ao sopro dos ventos, à expiração dos animais, a qual em sua classe é uma espécie de emanação; mas nem em um nem em outro exemplo, essa espécie de emanação deve levar o nome do //**Ser**// mesmo que dela é o //Princípio//; e não se deve confundir a ação com o agente, se quisermos caminhar com justeza. //Tableau naturel...//: XIII É somente neste segundo ternário que todo //**Ser**// tendo vida nasce, e não é indiferente notar que o sol e a Terra então desempenham funções semelhantes às que lhes vemos fazer hoje; visto que é pelo calor deste Sol agindo no quarto dia sobre a Terra formada no terceiro, que todos os animais receberam a existência: lei que se repete na reprodução de todas as espécies, pela junção do macho e da fêmea. //Tableau naturel...//: XIII Perguntaremos a eles primeiro se seu pensamento não repugna a esta progressão tardia, a esta suspensão na execução das obras de uma mão então, saudável, que por sua natureza não pode ficar um instante sem agir; perguntaremos a eles ao mesmo tempo que propósito, que objeto preencherá este intervalo que querem admitir entre a origem das coisas e sua formação; que destino eles suporão para um mundo sem Habitantes: pois nos mostrar obras sem propósito, sem objeto, é nos pintar em seu Autor, um //**Ser**// desprovido de sabedoria; e seria abusar da razão empregá-la para nos anunciar tal //**Ser**//. //Tableau naturel...//: XIII É uma lei constante que, quanto mais os //Seres// estão próximos do //Princípio// primitivo, mais sua força geradora é poderosa; e essa potência se manifesta não só nas qualidades da produção, mas também na celeridade com a qual ela é engendrada; porque o //Princípio// primitivo sendo independente do tempo, os //Seres// não podem elevar-se a ele, sem desfrutar, segundo sua medida e seu número, de seus direitos e de suas virtudes. E se quisermos encontrar a prova no próprio homem, basta comparar a lentidão de seus movimentos sensíveis e corporais com a prontidão de seu //**Ser**// intelectual, que não conhece nem tempo nem espaço, e que1 se transporta imediatamente em pensamento aos lugares mais distantes. //Tableau naturel...//: XIII Mas a mesma doutrina dessa grande calor central não bastaria para resolver essas questões, sem recorrer a explicações que contrariam a ideia natural que temos da atividade do grande //**Ser**//, e que não podem ser aprovadas pela razão, porque elas lhe apresentam apenas obras sem propósito e sem objeto? //Tableau naturel...//: XIII Se não fosse abusar dos privilégios da ciência etimológica, poder-se-ia encontrar na palavra hebraica //Shebet// ou //Sabath//, um sentido de grande sublimidade. Pois esta palavra significa também em sua raiz: //ele está sentado, ele se postou//. Então seria dizer que Deus, no sétimo dia, //se postou//, //veio habitar//, //veio estabelecer seu assento// em todas as suas obras. Relações sagradas e dignas da atividade universal do grande //**Ser**//, mas que não podem ser apresentadas de maneira positiva, visto que sofreriam algumas contestações2 de acordo com a letra do texto, embora sejam justificadas pelas mais puras luzes da inteligência. //Tableau naturel...//: XIII Não é menos verdade que, neste sétimo dia, a Sabedoria suprema apresentou ao homem objetos mais relativos ao seu //**Ser**// do que haviam sido todas as virtudes senárias; pois é bom observar que o homem recebeu o nascimento temporal, após todos os //Seres// da Criação, e que assim ele estava mais próximo dessas //Virtudes// santas e setenárias, que deveriam consolidar a existência. //Tableau naturel...//: XIII “E mesmo a serpente, esse animal tão desproporcional, esse //**Ser**// sem nenhuma armadura corporal, sem escamas, sem penas, sem pelo, sem pés, sem mãos, sem nadadeiras; tendo toda a sua força na sua boca, força que é apenas veneno, morte, corrupção; a serpente, digo, carrega consigo sinais físicos e análogos à sedução da qual o pensamento do homem é suscetível, já que esse animal, único entre os outros, tem a propriedade de formar com seu corpo um círculo perfeito, e de nos apresentar, assim, sob uma aparência regular, a forma e a base de todos os objetos sensíveis e compostos; ou seja, de fixar nossos olhos na matéria e na ilusão; enfim, ao formar um círculo vazio, onde não se vê centro, tem a propriedade de nos fazer perder de vista o //Princípio// simples de quem tudo descende, e sem o qual nada existe. Não é de espantar, então, que se tenha percebido tanta antipatia entre o homem e a serpente, já que o homem, ao contrário, está ligado ao centro pela proporção de sua forma, enquanto a serpente não oferece em sua forma senão a circunferência ou o nada. Que não se tome isso por um jogo de imaginação; verdades importantes estão envoltas nessas relações. E é ali que se encontraria instrução sobre as relações metafísicas que existiram outrora entre o homem, a mulher e a serpente; e que se manifestam materialmente entre eles hoje, em toda a regularidade dos números.” //Tableau naturel...//: XIII “Pois a nudez que os Livros hebraicos lhe atribuem antes de seu crime, e da qual se diz que ele não se envergonhava, apresenta3 outra verdade. A palavra gharoum, nu, vem da raiz árabe ghoram, que significa, um osso despojado de carne; ora, o osso é o símbolo sensível da palavra força, virtude, pois o osso é a força e o sustento do corpo. Por outro lado, a palavra osso remonta, pela palavra ossum dos Latinos, até a raiz hebraica ghatzam, que significa uma força, uma virtude. Assim, apresentar o homem primeiro em um estado de nudez, é dizer-nos que ele era um **Ser** imaterial, uma virtude, uma força, uma potência desprovida de carne, ou sem corpo de matéria.” Tableau naturel...: XIII Se os Livros dos Hebreus, apesar de suas expressões obscuras, apesar da singularidade, ou mesmo da atrocidade da maioria de seus relatos, nos anunciam outros direitos, outros poderes; se eles reúnem os fatos a dogmas mais relativos ao nosso **Ser**, e mais próprios para nos recordar as Virtudes de nosso princípio; se nos apresentam quadros mais expressivos do que o homem busca, e do que pode obter: enfim, se esses Livros não oferecem uma só Idolo material falante, e que eles não colocam em ação senão animais vivos, homens, ou Seres superiores, devemos dar-lhes um lugar distinguido entre todos os Livros tradicionais que nos são conhecidos. Quadro natural...: XIII Em vez de //Espírito// de Deus, as traduções deveriam ter dito, a ação fecundante desses //Agentes//, //Elohim//, prepostos à produção dessa grande obra; pois no hebraico os nomes próprios são reais e essencialmente constitutivos. Ora, a palavra //Rouach//, que se traduziu por //Espírito//, não é dessa classe; ela significa apenas o sopro, a expiração; quando, pois, se aplica às emanações e ações superiores, isso só pode ser por analogia ao sopro dos ventos, à expiração dos animais, a qual em sua classe é uma espécie de emanação; mas nem em um nem em outro exemplo, essa espécie de emanação deve levar o nome do //**Ser**// mesmo que é o //Princípio//; e não se deve confundir a ação com o agente, se se quiser proceder com justeza. Quadro natural...: XIII É somente neste segundo ternário que todo //**Ser**// que tem vida nasce, e não é indiferente notar que o sol e a Terra então desempenham funções semelhantes às que //os// vemos desempenhar hoje; já que é pelo calor deste Sol agindo no quarto dia sobre a Terra formada no terceiro, que todos os animais receberam a existência: lei que se repete na reprodução de todas as espécies, pela junção do macho e da fêmea. Quadro natural...: XIII Lhes perguntaremos primeiramente se o pensamento deles não repugna a esta progressão tardia, a esta suspensão na execução das obras de uma mão que, por sua natureza, não pode ficar um instante sem agir; lhes perguntaremos ao mesmo tempo qual //propósito//, qual //objeto// preencherá este intervalo que //eles// querem admitir entre a origem das coisas e sua formação; que destinação //eles// suporão para um mundo sem //Habitantes//: pois //nos// mostrar obras sem //propósito//, sem //objeto//, é //nos// pintar em //seu// Autor, um //**Ser**// desprovido de sabedoria; e seria abusar da razão empregá-la para //nos// anunciar um tal //**Ser**//. Quadro natural...: XIII É uma lei constante que quanto mais os //Seres// se aproximam do //Princípio// primitivo, mais poderosa é //sua// força geradora; e essa //potência// se manifesta não só nas qualidades da produção, mas também na celeridade com a qual é gerada; porque o //Princípio// primitivo sendo independente do tempo, os //Seres// não podem elevar-se a ele, sem gozar, segundo //sua// medida e //seu// número, de //seus// direitos e de //suas// virtudes. E se //se// quiser encontrar a prova no próprio homem, basta comparar a lentidão de //seus// movimentos sensíveis e corporais, com a prontidão de //seu **Ser**// intelectual, que não conhece nem tempo nem espaço, e que4 se transporta imediatamente em pensamento aos lugares mais distantes. Quadro natural...: XIII Mas a mesma doutrina desse grande calor central, não bastaria para resolver essas questões, sem recorrer a explicações que contrariam a ideia natural que temos da atividade do grande //**Ser**//, e que não podem ser aprovadas pela razão, porque //elas// //lhe// apresentam apenas obras sem //propósito// e sem //objeto//? Quadro natural...: XIII Se não fosse abusar dos privilégios da ciência etimológica, poder-se-ia encontrar na palavra hebraica //Shebet// ou //Sabath//, um sentido de grande sublimidade. Pois essa palavra significa também em sua raiz: //ele está sentado//, //ele se pôs//. Então, seria dizer que //Deus//, no sétimo dia, //se pôs//, veio habitar, veio estabelecer //seu// assento em todas as //suas// obras. Relações sagradas e dignas da atividade universal do grande //**Ser**//, mas que não podem ser apresentadas de maneira positiva, visto que sofreriam algumas contestações conforme a letra do texto, embora sejam justificadas pelas mais puras luzes da inteligência. Quadro natural...: XIII Não é menos verdade que, neste sétimo dia, a //Sabedoria// suprema apresentou ao homem objetos mais relativos ao //seu **Ser**//, do que haviam sido todas as //virtudes// senárias; pois é bom observar que o homem recebeu o nascimento temporal, depois de todos os //Seres// da Criação, e que, assim, ele estava mais próximo dessas //Virtudes// santas e septenárias, que deveriam consolidar //sua// existência. Quadro natural...: XIII "E mesmo a serpente, este animal tão desproporcional, este //**Ser**// sem nenhuma armadura corporal, sem escamas, sem penas, sem pelos, sem pés, sem mãos, sem barbatanas; tendo toda //sua// força na boca, força que é apenas veneno, morte, corrupção; a serpente, digo, carrega consigo sinais físicos e análogos à sedução da qual o pensamento do homem é suscetível, já que este animal, sozinho entre os outros, tem a propriedade de formar com //seu// corpo um círculo perfeito, e de //nos// apresentar, por //isso//, sob uma aparência regular, a forma e a base de todos os objetos sensíveis e compostos; ou seja, de fixar //nossos// olhos na matéria e na ilusão; enfim, formando um círculo vazio, onde não se vê centro, //ela// tem a propriedade de //nos// fazer perder de vista o //Princípio// simples de quem tudo descende, e sem o qual nada existe. Não é de admirar, portanto, que //se// tenha percebido tanta antipatia entre o homem e a serpente, já que o homem, ao contrário, se prende ao centro pela proporção de //sua// forma, ao passo que a serpente oferece em //sua// própria forma apenas a circunferência ou o nada. Que não se tome isto por um jogo de imaginação; verdades importantes estão envolvidas sob essas relações. E é ali que //se// encontraria para se instruir das relações metafísicas que existiram outrora entre o homem, a mulher e a serpente; e que se manifestam materialmente entre //eles// hoje, em toda a regularidade dos números." Quadro natural...: XIII "Pois a nudez que os Livros hebraicos //lhe// atribuem antes de //seu// crime, e da qual se diz que //ele// não //se// envergonhava, apresenta6 outra verdade. A palavra //gharoum//, nu, vem da raiz árabe //ghoram//, que significa, um osso despojado de carne; ora, o osso é o símbolo sensível da palavra força, //virtude//, já que o osso é a força e o suporte do corpo. Por outro lado, esta palavra osso remonta pela palavra //ossum// dos latinos, até a raiz hebraica //ghatzam//, que significa uma força, uma //virtude//. Assim, //nos// apresentar o primeiro homem em estado de nudez, é //nos// dizer que //ele// era um //**Ser**// imaterial, uma //virtude//, uma força, uma //potência// desprovida de carne, ou sem corpo de matéria." Quadro natural...: XIII