====== Aparição de Jesus (OCC) ====== === //Orígenes — Contra Celso (OCC)// === 63. Depois disso, Celso, censurando o que está escrito, faz uma objeção que merece atenção: Se Jesus quisesse realmente manifestar seu poder divino, deveria ter aparecido a seus inimigos, ao juiz, enfim a todo mundo. É verdade que, segundo o evangelho, depois da ressurreição ele não apareceu como antes em público e a todo mundo, ao que tudo indica. Se está escrito nos Atos que, aparecendo-lhes “durante quarenta dias”, ele anunciava a seus discípulos o Reino de Deus (At 1,3), nos evangelhos não está dito que ele estivesse continuamente com eles: numa ocasião, oito dias depois, estando fechadas todas as portas, “pôs-se no meio deles” (Jo 20,26), depois em outra ocasião, apareceu-lhes em condições semelhantes. O próprio Paulo, no fim de sua primeira carta aos Coríntios, insinuando que Jesus não apareceu em público como no tempo que precedeu a sua paixão, escreve: “Transmiti-vos, em primeiro lugar, aquilo que eu mesmo recebi. Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras”, ressuscitou, “apareceu a Cefas, e depois aos Doze. Em seguida, apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma vez, a maioria dos quais ainda vive, enquanto alguns já adormeceram. Posteriormente, apareceu a Tiago, e, depois a todos os apóstolos. Em último lugar, apareceu também a mim como a um aborto” (1Cor 15,3.5-8). Como me parecem grandes, admiráveis, sem proporção com o mérito não só da multidão dos fiéis, mas também da elite em progresso na doutrina, as verdades do que esta passagem contém! Elas poderiam mostrar a razão por que, depois de sua ressurreição dentre os mortos, ele não aparece como antes. Mas, entre as numerosas considerações que um tratado escrito como este requer contra o discurso de Celso que ataca os cristãos e sua fé, vê tu se é possível oferecer algumas dentre elas que sejam capazes de convencer os que prestarem atenção à nossa defesa.