====== Evangelho de Tomé - Logion 95 ====== ==== Pla ==== Jesus disse: Se tens dinheiro, não o deis com usura, mas o dê àquele de quem não recebereis. ==== Puech ==== 95. : Si vous avez de l’argent, ne donnez pas à intérêt, mais donnez-le à celui de qui vous ne le 3 recevrez pas. ==== Suarez ==== 1 Jésus a dit : 2 s’il vous arrive d’avoir de l’argent, 3 ne prêtez pas à usure, 4 mais placez-le 5 dans ce qui n’en rapportera pas. ==== Meyer ==== 95 (1) , “If you have money, do not lend it at interest. (2) Rather, give to someone from whom you will not get it back.” ==== Canônicos ==== Se emprestares dinheiro ao meu povo, ao pobre que está contigo, não te haverás com ele como credor; não lhe imporás juros. (Ex 22,25) Dá a quem te pedir, e não voltes as costas ao que quiser que lhe emprestes. (Mt 5,42) mt.5.42 τω αιτουντι σε διδου και τον θελοντα απο σου δανεισασθαι μη αποστραφης Dá a todo o que te pedir; e ao que tomar o que é teu, não lho reclames. (Lc 6,30) lk.6.30 παντι δε τω αιτουντι σε διδου και απο του αιροντος τα σα μη απαιτει Roberto Pla O que antes de tudo recomenda Jesus, não é repartir a esmola, pois entra em uma prescrição natural de ordem mundana, senão dar o que se tem para alcançar a perfeição de ser pobre para sempre (Pobres de Espírito). Por isso diz que a entrega tem que ser sem devolução, sem recompensa que nos faça novamente ricos. Este mesmo sentido tem a proibição imposta aos Doze — os “perfeitos” evangélicos — que vão empreender o Caminho: “não tomeis nada, nem bastão, nem alforge, nem pão, nem dinheiro, nem tenhas duas túnicas”. No caminho ascético que leva à cruz que cada um deve carregar sobre si mesmo, a alma, pronta a morrer para dar fruto, deve entregar todos os tesouros aderidos com o quais se identifica e nos quais se resguarda para eludir a negação de si mesma: o bastão em que se apoia; o alforje onde armazena suas reservas; o alimento, o pão da alma; as riquezas de signo mundano, a vida mortal; e as falsas e errôneas vestimentas com as quais crê fortalecer sua personalidade. Também, daquele homem chamado Zaqueu, o que foi reputado como salvação foi que ao anúncio da “presença” de Cristo em sua “morada”, se pôs “em pé”, isto é, se elevou sobre si mesmo e decidiu entregar — negar — a metade de seus bens. Zaqueu adotou a pobreza do espírito, da essência; se desprendeu dos agregados da alma, o que constituíam a metade terrena de seu “tesouro”, e só conservou a essência, o espírito, o qual é o tesouro verdadeiro, a metade celestial e eterna do que ele acreditava ser. Por isso foi salvo. Roberto Pla examina então o sentido profundo, oculto, da reflexão de Jesus por motivo da deserção daquele jovem que não resultou capaz de abandonar suas riquezas.