====== Evangelho de Tomé - Logion 82 ====== ==== Pla ==== Jesus disse: Aquele que está próximo de mim está próximo do fogo, e o que está longe de mim está longe do reino. ==== Puech ==== 82. Jésus a dit : Celui qui est près de moi est près du feu, et celui qui est loin de moi est loin du Royaume. ==== Suarez ==== 1 Jésus a dit : 2 celui qui est près de moi est près de la flamme, 3 et celui qui est loin de moi est loin du Royaume. ==== Meyer ==== 82 (1) Jesus said, “Whoever is near me is near the fire, (2) and whoever is far from me is far from the kingdom.” . I am the fire that blazes. Whoever is is near the fire; whoever is far from me is far from life” (Berlin 22220 107, 39–48).] ==== Canônicos ==== mt.3.11 εγω μεν βαπτιζω υμας εν υδατι εις μετανοιαν ο δε οπισω μου ερχομενος ισχυροτερος μου εστιν ου ουκ ειμι ικανος τα υποδηματα βαστασαι αυτος υμας βαπτισει εν πνευματι αγιω και πυρι (Mt 3,11; ) mk.9.48 οπου ο σκωληξ αυτων ου τελευτα και το πυρ ου σβεννυται mk.9.49 πας γαρ πυρι αλισθησεται και πασα θυσια αλι αλισθησεται (Mc 9,48-49) lk.12.49 πυρ ηλθον βαλειν εις την γην και τι θελω ει ηδη ανηφθη (Lc 12,49; Fogo sobre a terra) ==== Roberto Pla ==== É importante a diferença que aponta Jesus no logion: de longe, Cristo é o Reino; de perto, é o fogo. Cristo, o Cristo oculto, não se afasta nem se aproxima porque ele é o Eu Sou, eterno, absoluto, de cada um; no entanto, Cristo está longe para os que não creem e não o descobrem e próximo, muito próximo, para os que já o creem. Segundo esta maneira de ver, quando Cristo está longe é contemplado como o Reino, e o Reino é então um lugar e sua aparência, inacessível. Cristo fez sua morada “entre (em) nós”, mas enquanto rei e fundador do Reino, Cristo “é de Alto” e a tenda em que mora “é de Baixo”; por isto está longe. Quando Cristo está próximo é porque alguém acendeu uma chama para queimar a palha que sempre é de baixo. Este é o começo da aproximação, da presença, de Cristo, pois está dito: “A voz do Senhor lança labaredas de fogo” (Sl 29:7). Ninguém deve se estranhar então do incêndio que acendeu no meio dele, pois Cristo disse que havia vindo lançar um fogo sobre a terra. Seu cumprimento consiste em dissolver os céus em chamas e fundir os elementos abrasados para acelerar sua Vinda (Vinda do Filho do Homem (Mc 13,1-37); Mt 24,1-51; Lc 17,20-25)). Assim baixa o fogo desde o céu à terra e o Reino que está longe se converte em chama que está próxima; uma chama de fogo, em meio da qual se revela Cristo. “Nosso Deus é um fogo devorador”. Quem se incendeia nesse fogo que está próximo, consegue habitar no fogo e consumir-se nele. Então é conhecida a revelação de Cristo que está no meio da chama. É conhecido como é, como o verdadeiro Eu Sou, absoluto e eterno. ==== Mario Satz ==== Têm sua "consagração sobre sua cabeça", explicava a citada passagem de Números a propósito dos Nazarenos. Porém, o que há sob o osso, sob o aro esplêndido de Kether? O "princípio" e além disso um "canto de fogo": shaar, "melodia", "cântico", de esh, "fogo", já que na palavra rosh, "cabeça", cabem precisamente estas duas palavras. E não nos diz João Batista que "ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo"? No conhecido logion 82 do Evangelho de Tomé, ouvimos Jesus dizer: "Quem está perto de mim está perto do fogo, e quem está longe de mim está longe do reino". O reino do fogo é, então, o reino do princípio cósmico. Porém, o fogo queima, é perigoso, como o vinho. Somente aquele que o amestra, o sublima, pode ser purificado por suas chamas e por sua vez purificar os outros. Nesse sentido, Jesus não faz mais do que reativar, por intermédio de sua memória pré-natal, a Lei do Fogo que havia levado Moisés aos hebreus. A Lei que existe em cada "homem", ish, onde há "fogo", esh. Os que entram em contato com o esplendor zohárico, os nazarenos, devem por isso cuidar do recipiente, da lâmpada de seus próprios corpos sob pena de queimar-se antes do tempo ou queimar aos demais ao invés de iluminá-los.