====== Charbonneau-Lassay (Bestiário) – Répteis ====== Charbonneau-Lassay — Bestiário do Cristo Os répteis Segundo Pierre Gordon (A IMAGEM DO MUNDO NA ANTIGUIDADE) ao final do neolítico, dois animais ocuparam um ranque eminente: a serpente e o pássaro de rapina. O réptil principalmente desfrutou de uma consideração maior: ele foi, com efeito, antes da vaca, da cabra, do cão, ou do jumento, a hipóstase da Mãe Divina; o homem-serpente, ou dragão, foi, em consequência, o personagem transcendente por excelência, //aquele que transformava em iniciados os neófitas//. Identificava-se com ele, em seguida, estas construções sinuosas, chamadas //labirintos//, que se edifica nas grutas e sob a terra, posto que ele foi conduzido posteriormente sobre o solo; em penetrando nestas estruturas de pedra, é nas dobras do réptil sobrenatural que se engajavam os noviços; a serpente os engolia, os fazia morrer, os devorava, a fim de metamorfoseá-los em sua essência imortal; a estada no mundo subterrâneo equivalia assim a uma digestão do homem pelo sobre-homem, e alcançava a uma transubstanciação. Esta grandiosa concepção se encontra em todos os ciclos culturais, mesmo nos meios teocráticos, onde é notório que Kronos comia seus filhos a fim de os mudar em seu ser perfeito. As pedras empregadas nas construções subterrâneas visadas eram além do mais sacrossantas a um grau extraordinário: basta, por exemplo, a Jasão semear os //dentes// de um dragão (ou seja, os materiais da serpente subterrânea que correspondiam aos dentes) para criar homens; Deucalião obteve o mesmo resultado jogando para trás dele os ossos de sua mãe (ou seja, as pedras que, na estrutura identificada à Mãe Divina, constituíam o esqueleto). Capítulos do Bestiário de Cristo dos quais faremos extratos: * A HIDRA DO NILO * A SERPENTE * OS ANTIGOS EMBLEMAS DA SERPENTE E DA CESTA, DA SERPENTE E DO VASO * A SERPENTE DE BRONZE * A VARA SERPENTINA DE MOISÉS E DE AARÃO * A ANFISBENA * AS DUAS SERPENTES DO CADUCEU * O OUROBOROS * A SALAMANDRA * A RÃ