====== Charbonneau-Lassay (Bestiário) – Pássaros ====== BESTIÁRIO DE CRISTO — PÁSSAROS * pássaros fabulosos * pássaros de rapina * pássaros — bosques — campos * pássaros de água * pássaros domésticos * partes dos pássaros Enquanto algo de concreto e visível que tem o poder natural de circular no ar, na atmosfera, o pássaro é assemelhado ao anjo, ao mensageiro celestial, aos pensamentos e ideias que circulam em nossa mente. Seu simbolismo está associado à iniciação através do homem-pássaro e da linguagem dos pássaros, que confere aquele que a conhece a capacidade de verdadeira comunicação, de comunhão. Segundo Pierre Gordon, //A imagem do mundo na antiguidade//, o homem-pássaro residiria no //pico da montanha//, em oposição ao homem-serpente que residiria na //caverna//. Era um personagem celeste. É ele que, no fim da reclusão, conduzia os novos iniciados ao céu. Era o //Liberador//, enquanto o réptil constituía o que nomeamos um //Digestor Divinizante//. Esta distinção entre serpente e pássaro, entre //nagas// e //garudas//, é conhecida de muitas mitologias. As duas entidades são, além do mais, complementares, o que mostram claramente os //serpentes de plumas// da América pré-colombiana. Em muitos países, //serpentes// e //pássaros// vieram a designar os dois subgrupos que viviam em simbiose nas sociedades dualistas: neste caso, a //serpente-emplumada//, elevada no onfalos do território comum, combinava nele os caracteres divinos, próprios a cada um dos elementos do conjunto. Sohravardi – Arcanjo Empurpurado – Tratado dos Pássaros. (tr. Instituto Nokhooja) Nesta noite tive um sonho muito estranho, mas muito maravilhoso. Acordei sorrindo e com lágrimas nos olhos. Me sentia em êxtase, como se tudo que vivi não tivesse sido um sonho.... Senti-me como se fosse um pássaro que nasceu livre, um pássaro raro, de beleza indescritível, de linhagem nobre.... um pássaro celeste de penas luminosas.... Mas dos céus desci para a terra com meus amigos, e voávamos pela beleza verde deste vales sedutores, coloridos, perfumados. Fomos envolvidos, em nossa juventude, pelo brilho destas árvores transitórias, brincávamos em nossa euforia enquanto os dias se apressavam. A cada momento adiávamos nosso retorno, até que certo dia, cansados, descemos para beber água e descansar. E sob a sombra de uma imensa árvore estávamos quando de repente do alto caiu sobre todos nós uma rede.