====== Kolakowski (LKCE) – Fanatismo e morte de Angelus Silesius ====== LKCE Nos anos que se seguiram, o fanatismo de Silesius só fez crescer. Em maio de 1661, ele foi ordenado padre em Neisse. Ele se tornou um dos polemistas mais fervorosos da Contrarreforma na Silésia, e nos deixou mais de cinquenta panfletos e pequenos escritos apologéticos (dos quais ele reuniu uma parte em uma //Eclesiologia//, publicada em 1677), onde lançava injúrias violentas contra seus antigos correligionários, brandia anátemas contra os heréticos, demonstrava que a Alemanha, que havia sido um paraíso sob o papado, havia atraído todas as desgraças após o cisma; onde ele clamava para exterminar os protestantes pela espada e pelo fogo, elogiava a opressão religiosa e, em suma, dava livre curso à sua natureza inclinada ao extremismo, com um ódio cego e louco que não é raro entre os convertidos. Esse zelo lhe rendeu o cargo de marechal da corte do bispo de Breslávia em 1664, quando seu protetor, Sebastian von Rostock, obteve o governo da diocese. Em 1668, ele publicou uma segunda edição das //Éclogas//, aumentada com um quinto livro e, em 1675, sua //Descrição Sensível das Quatro Últimas Coisas// (//Sinnliche Beschreibung der vier letzten Dinge//). Esta obra descreve com cores atraentes os deleites da vida paradisíaca, mas sobretudo, com uma crueldade indizível, se empenha em detalhar os tormentos dos condenados do inferno; os terríveis suplícios dos pecadores e dos heréticos são descritos com a satisfação mórbida de um sádico; esta obra é, aliás, um testemunho incontestável do desaparecimento de todo gênio poético em Silesius. Um ano antes, havia aparecido a segunda edição (1674) do //Cherubinischer Wandersmann//, aumentada com o Sexto Livro cuja data de composição é desconhecida; nenhuma razão, em todo caso, parece existir que teria impedido sua publicação na primeira edição, se estivesse pronto em 1657. Por seu conteúdo doutrinário, é sem dúvida do Quarto Livro que ele mais se aproxima; a maioria dos dísticos ou bem tem um caráter católico nitidamente marcado, ou bem podem ser facilmente interpretados de forma ortodoxa; apesar disso, a ideia de identificação com a divindade retorna em certo número de versos (por exemplo, 128, 134, 172, 173, 183, 230); assim, não existe a menor razão séria permitindo ver um "profundo abismo" entre este complemento e o resto da obra, sobretudo se levarmos em conta as fórmulas de uma ortodoxia perfeita introduzidas nos Livros anteriores. A última obra impressa de Silesius foi a tradução para o alemão do texto latino de uma pequena e conhecida obra holandesa: a //Pérola Evangélica//. Morto em 9 de julho de 1677, após observar o ritual dos agonizantes, o poeta encontrou na igreja de São Mateus em Breslávia um asilo para seu corpo miserável, sobre o qual os Padres Jesuítas rezaram a oração dos mortos. O Padre Daniel Schwartz, em sua oração fúnebre, prestou homenagem aos méritos do convertido, sem fazer alusão, sequer com uma palavra, ao //Peregrino Querubínico//. Ele teve, com certeza, razão: a carreira póstuma do poeta, ligada quase exclusivamente a essa obra, foi o extremo oposto de tudo o que esse combatente fanático da Igreja Católica, Apostólica e Romana poderia ter desejado. //Habent sua fata libelli.//