Dia de Páscoa

Páscoa — Agostinho de Hipona — Sermões para a Páscoa

Excertos da tradução portuguesa da introdução de Suzanne Poque

O Dia de Páscoa
Se nos ativermos ao testemunho de Possídio, na biblioteca de Hipona não deve ter havido nenhum tractatus do dia de Páscoa. Podem, porém, iden-ficar-se uns vinte deles, cujo inventário é útil fazer: são os sermões editados pelos Mauristas 119 a 121, 225 a 230, 272, 320 e 363 e o Tractatus in Jo. Ep. 1; Dom Morin reeditou na Misc. Agostiniana, t. I, os S. Dinis 3 a 6, Wilm. 8 e 9, Guelf. 7 e 8.

Como o bispo de Hipona tomava a palavra várias vezes, as nossas vinte homílias têm que distribuir-se por vários momentos da celebração litúrgica. A exacta repartição delas exige uma enumeração completa das notícias ministradas pelos textos. Quantas vezes tomava Agostinho a palavra durante a celebração pascal? Na vigília propriamente dita, com suas leituras, orações, cânticos, pregação, sucediam-se a celebração da Ressurreição (Evangelho segundo S. Mateus, homília) e a cerimônia da iniciação: batismo e eucaristia.

Assim como tinha explicado cada uma das fases da iniciação, o bispo fazia aqui uma catequese sobre o batismo.

Na manhã de Páscoa, nova reunião eucarística precedida da liturgia da palavra. Leitura do primeiro capítulo dos Actos. Sl 117, 24 (Hic est dies quem fecit dominus (este é o dia que o Senhor fez). Leitura do prólogo de S. João. Pregação. Os Sl 119, 120, 121, 225 e 226 comentam o texto de S. João em relação com a presença dos novos batizados e com o novo nascimento deles. Estamos no dia seguinte ao batismo e no dia seguinte de manhã: et post meridiem videbimus vos (S 225). Sucedia que Agostinho em lugar do comentário ao Evangelho dirigia uma instante exortação aos recém-batiza-dos.

Depois da despedida dos catecúmenos, o bispo tomava outra vez a palavra para uma catequese sobre a eucaristia, transposta por costume antigo para depois do batismo, mas que em Hipona o tão carregado programa da noite empurrava até à segunda celebração eucarística, a da manhã de Páscoa.

Finalmente nova reunião post meridiem (depois do meiodia), como sabemos pelo S 225, 4: Noliíe discedere sobrii et redire ebrii et post meridiem videbimus vos (Não vos retireis sóbrios para depois voltardes ébrios, porque depois do meiodia havemos de estar convosco). Nesta reunião pronunciaria ainda o bispo outra alocução? Pelas nossas contas, seria a sexta desde a véspera à tarde. Pareceria coisa impossível, se não soubéssemos da extrema brevidade da maior parte de tais alocuções. Mesmo assim, com as leituras, as orações, as cerimônias da iniciação, o programa destas vinte e quatro horas era de arrasar, sobretudo com a prática do jejum. Aconteceu a Agostinho, adiantado em anos, tomar a palavra na manhã de Páscoa, mas só para se escusar de não poder falar (S 320).

Resta-nos agora repartir os nossos vinte sermões entre os diversos momentos da celebração.
*CELEBRAÇÃO DA RESSURREIÇÃO
*CATEQUESE BATISMAL
*MANHÃ DE PÁSCOA