Jean Daniélou — Orígenes
Excertos de Origène, publicado pela La Table Ronde, em 1948.
Estudo consagrado sobre o pensamento e a obra de Orígenes, que para Daniélou é, juntamente com Agostinho, o maior gênio do cristianismo antigo. Pode-se dizer que, em todos os domínios, marca um momento decisivo. è o fundador da ciência bíblica por suas investigações sobre as versões da Escritura, por seus comentários ao mesmo tempo literais e espirituais dos dois Testamentos. Foi ele que constituiu a primeira grande síntese teológica e que, primeiro que todos, de maneira metódica, se esforçou em explicar o mistério cristão. Enfim, segundo Daniélou, foi ele o primeiro a descrever os caminhos da ascensão da alma para Deus e fundar assim a teologia espiritual, e ainda podemos nos indagar sobre sua posição nas origens do grande movimento monástico do século IV.
Sua influência foi imensa. Os séculos II e IV estão repletos de seus discípulos. Orígenes foi, segundo Daniélou, o primeiro pensador cristão que tentou estimular o esforço da inteligência até seus limites da investigação do mistério. Suas tentativas de expressão nas fronteiras deste mistério devem ser examinadas com senso crítico mas sem dogmatismos e pré-julgamentos, e especialmente sem etiquetagens tão comuns na vã tentativa de classificar aspectos de seu pensamento. Especialmente porque o grande mérito de sua reflexão foi a síntese e não o sincretismo, muito diferentes entre si como tão bem define René Guénon.
Excertos
…page…
Livro Primeiro — Orígenes e seu tempo
I Vida de Orígenes
- II ORÍGENES E O MEIO CRISTÃO
- O CULTO CRISTÃO
- Orígenes não era especialmente orientado para as funções litúrgicas. Por um lado seu ministério próprio era aquele da palavra. Por outro, seu espírito o levava a ver nos signos sensíveis apenas sombras das realidades espirituais e a não se apegar a eles. O estudo dos usos e costumes da Igreja de seu tempo podem ser vislumbrados por suas Homilias sobre Números.
- Orígenes recomenda a orientação da oração no De oratione: “É preciso dizer também em algumas palavras da parte do mundo para a qual nos voltemos para orar. Quem não concordaria imediatamente em indicar a direção do Oriente (anatole), como aquela para qual devemos nos voltar simbolicamente para fazer as orações, a alma fixando os olhos para o oriente da verdadeira luz. Se alguém, as portas de sua casa estando abertas de um outro lado, prefere apresentar sua homenagem do lado onde sua casa se abre, dizendo que a vista do céu tem algo que recolhe melhor a alma que a vista do muro, se as aberturas da casa não estão voltadas para o Oriente, deve-se dizê-lo que é pela instituição dos homens que para tal ou tal parte do mundo que sua cas se abre, enquanto que é por natureza que o Oriente predomina sobre as outras partes do mundo. Ou o que é da lei natural deve predominar sobre o que é da lei positiva”. Orígenes Orientação na Oração
- A segunda tradição cujo sentido era bastante ignorado no tempo de Orígenes é a da oração de joelhos. O Tratado da Oração nos esclarece sobre o sentido desta atitude. Orígenes Disposição para Oração
- A comunidade cristã
III A teologia sacramentária de Orígenes - O batismo
- A eucaristia
- A penitência
IV Orígenes e o meio filosófico
V Orígenes apólogo
Livro Segundo — Orígenes e a Bíblia
I Orígenes e a crítica bíblica
II A interpretação tipológica
III As tradições exegéticas não cristãs - Exegese rabínica
- Exegese de Philon
- Exegese gnóstica
Livro III o Sistema de Orígenes
I Cosmologia
II Angelologia - Os anjos das nações
- Os anjos e o Cristo
III O Precursor
IV cristologia - O Pai, o Logos, os Logikoi
- A encarnação
- A Redenção
Livro Quarto A Mística de Orígenes
Conclusão