Cristianismo Etiópico Cruz

CRISTIANISMO ETIÓPICO
Rouleaux magiques ethiopiens de Jacques Mercier

CRUZ
A cruz é objeto de uma veneração particular na Etiópia. Todos os padres têm à mão uma cruz que dão a beijar aos fieis. Os cristãos portam uma pequena cruz de prata em seus colares de batismo. Tatuada, a cruz é o signo indelével que diferencia os cristãos dos muçulmanos. É uma imagem muito frequente nos rolos. Jamais o corpo do Cristo é representado: não somente por respeito como na arte religiosa antiga, mas porque a cruz ela mesma é invocada: “Cruz, acima de toda coisa, Cruz, vencedora do inimigo; Cruz, guarda-me como a pupila do olho; Cruz, e pela sombra de tuas asas me obre; Cruz, como um escudo experiente tu nos cerca, Senhor; Cruz, nos livre de meus inimigos; Cruz, ponha-me a tua direita e a tua esquerda; Cruz, livre-me do homem mau; Cruz, apelo a ti; Cruz, escuta minha palavra”, diz a oração intitulada “A Muralha da Cruz”.

O fato de ter desenhado uma cruz-objeto e não ter figurado a crucificação marca bem a preferência de invocar a cruz enquanto cruz, abençoadora e protetora e não de narrar uma história. Com efeito a cruz acima representada, com os braços na forma de chifres de bode, é a cópia das cruzes em latão, em madeira ou em ferro que se produzem desde o século XVII na Etiópia. A parte mediana serve de punho e quadrado inferior simboliza o túmulo de Adão sobra a qual foi erguida a cruz do Crucificado. Cada uma das triplas cabeças da cruz principal e das pequenas cruzes do envólucro e da base simboliza a Trindade.

Os quatro personagens na cruz figuram os Evangelistas. Os dois personagens tendo a cruz são os santos. No motivo de seus corpos, um pequeno espaço vazio foi configurado para acolher os elementos figurando cruzes e mãos. A comparação como os desenhos similares fornece duas interpretações: são santos invocando a cruz e se colocando sob sua proteção; são santos brandindo a cruz contra os demônios.