CRISTIANISMO ETIÓPICO
Rouleaux magiques ethiopiens de Jacques Mercier
ANJO PROTETOR
Frequentemente um anjo armado figura no alto de um rolo. Este motivo já era comum sobre os amuletos bizantinos. Se o rolo foi estabelecido em função dos dados astrológicos do destinatário, trata-se então do anjo correspondendo a seu signo. Por vezes, uma inscrição o identifica. Miguel, o primeiro e mais popular dos anjos, vencedor de Satã, afasta os demônios: anjos caídos vindo tentar os humanos, demônios terrestres carnais responsáveis das doenças (Homilias de Miguel). Um invocação diz: “Pela espada de Miguel que os maus espíritos sejam despedaçados e dispersados!” Gabriel, o anjo da Anunciação, é o “filho de Deus”, Rafael, “consolador dos corações”, Raguel, “o anjo das Luminárias”, Fanuel, o “expulsador dos demônios” (“Saudação a ti, Fanuel! Eleva tua espada contra meu inimigo Mastema!”)
Este estilo pictural é representativo do que se pode denominar a arte tradicional. O plano do desenho ocupa todo o pergaminho. A simetria frontal do personagem só é rompida pelas mãos. A irradiação das asas ao redor do busto estabelece a cobertura do desenho. A parte contendo arcos, situada no prolongamento do busto, esboça a silhueta vertical, do corpo sem romper com a massa plana. A mão brandindo a espada aparece animada pelo grande arco vermelho donde irradiam as asas. Dois dedos da mão esquerda estão estendidos em um gesto de bendição. Seu comprimento desmesurado é um caráter comum da pintura etiópica religiosa e mágica.
Como quase sempre sobre os rolos, a face é pintada em vermelho (cinábrio). Na arte religiosa mesmo sobre a iluminuras do século XV, os pintores se esforçaram em dar a carne uma tonalidade de ocre-rosa. O uso do vermelho sobre os talismãs se justifica economicamente e simbolicamente.