Efrem — Comentário do Diatessaron
Contribuição e Tradução de Antonio Carneiro do texto em espanhol do site: http://www.corazones.org/biblia_y_liturgia/oficio_lectura/adviento/adviento_jueves1.htm#San_Efren
São Efrem — Do Comentário sobre o Diatessaron (Cap. 18, 15-17: SCh 121, 325-328)
Vigiai, pois virá de novo
Para atalhar toda pergunta de seus discípulos sobre o momento de sua vinda, Cristo disse: “Essa hora ninguém sabe, nem os Anjos nem o Filho. Não toca a vós conhecer os tempos e as datas.” Quis ocultar-nos isto para que permanecêssemos em vigia e para que cada um de nós pudesse pensar que esse acontecimento se produzirá durante sua vida. Se o tempo de sua vinda tivesse sido revelado, em vão seria seu advento, e as nações e séculos em que se produzirá já não o desejariam. Disse muito claramente que virá, mas sem precisar em que momento. Assim todas as gerações e todas as épocas o esperam ardentemente.
Mesmo que o Senhor tivesse dado a conhecer os sinais de sua vinda, não se adverte com clareza o término dos mesmos, pois, submetidos a uma mudança constante, estes sinais apareceram e já passaram; mais ainda, continuam todavia. A última vinda do Senhor, com efeito, será semelhante à primeira. Pois, do mesmo modo que os justos e os profetas a desejavam, porque acreditavam que apareceria em seu tempo, assim também cada um dos fiéis de hoje deseja recebê-la em seu próprio tempo, por isso Cristo não revelou o dia de sua aparição. E não o revelou para que ninguém pensasse que Ele, dominador da duração e do tempo, estivesse submetido a alguma necessidade ou a alguma hora. O que o próprio Senhor estabeleceu, como poderia ocultar-se-lhe, sendo assim que Ele mesmo detalhou os sinais de sua vinda? Foi posto em destaque esses sinais para que, desde então, todos os povos e todas as épocas pensassem que o advento de Cristo iria se realizar em seu próprio tempo.
Vigiai, pois quando o corpo dorme, é a natureza quem os domina; e nossa atividade então não será dirigida pela vontade, mas sim pelos impulsos da natureza. E quando reina sobre a alma um pesado sopor — por exemplo, a pusilanimidade ou a melancolia — , é o inimigo quem domina a alma e a conduz a contra-gosto. Apodera-se do corpo a força da natureza, e da alma o inimigo.
Por isso falou Nosso Senhor da vigilância d’alma e do corpo, para que o corpo não caia em um pesado sopor nem a alma em entorpecimento e o temor, como diz a Escritura: “Sacudi-vos a modorra, como é razão”; e também: “Levantei-me e estou contigo; e todavia: Não vos acovardeis”. Por tudo isso, nós, encarregados deste ministério, não nos acovardamos.