2.13 Portanto, aquele que recebeu o perdão de seus pecados não deve mais pecar. Pois, além do primeiro e único arrependimento dos pecados — certamente os da primeira vida pagã, ou seja, uma vida imersa na ignorância —, em todo caso, é oferecido àqueles que foram chamados um arrependimento que purifica o lugar de sua alma de seus erros, para que a fé possa ser bem estabelecida ali. O Senhor, com seu conhecimento dos corações e do futuro, sempre previu as quedas muito fáceis do homem e a astúcia do diabo; ele sabia como o diabo, com inveja do homem por causa do perdão concedido por suas faltas, criaria oportunidades para os servos de Deus pecarem, por meio de cálculos perversos, de modo que eles também viessem a compartilhar sua queda.
Deus, portanto, em sua grande misericórdia, concedeu perdão àqueles que, de posse da fé, caem em algum erro (…). De fato, se pecamos voluntariamente depois de termos recebido o conhecimento da verdade, não há mais nenhum sacrifício a oferecer por nossas faltas, mas temos apenas que esperar com medo do julgamento e do fogo irado que deve devorar os rebeldes.
Arrepender-se contínua e sucessivamente de suas faltas é equivalente a nunca ter tido fé, exceto pelo fato de que isso envolve a consciência do pecado; e não sei o que é pior, pecar conscientemente ou, depois de ter se arrependido de suas faltas, errar novamente.
Um, tendo passado da gentilidade e dessa primeira vida para a fé, obteve de uma só vez a remissão de suas faltas. O outro que, mesmo depois disso, pecou, mas depois se arrependeu, deve se envergonhar, mesmo tendo obtido o perdão, porque não pode mais ser lavado pelo batismo para a remissão de seus pecados. Pois é necessário abandonar não só os ídolos que antes se tinha como divinos, mas também as ações da vida anterior, se a pessoa é regenerada “não pelo sangue nem pela vontade da carne”, mas no espírito; o que é, de fato, o caso de quem se arrepende sem ter caído novamente na mesma falta; ao contrário, é preparar-se para o pecado arrepender-se com frequência e é também dispor-se à versalidade por falta de ascese. Portanto, é uma aparência de arrependimento, não um arrependimento, pedir perdão com frequência pelas falhas que cometemos com frequência.