Clemente de Alexandria (Stromata) – Alegoria Alexandrina

O Cristão Gnóstico

Há algumas coisas que minha obra falará em enigmas; para alguns mostrará seu significado claramente: algumas coisas apenas mencionará; tentará dizer coisas secretamente, apresentar em um forma oculta, mostrar enquanto mantém silêncio. As doutrinas de notáveis heresias serão dispostas, e as respostas a elas que devem ser feitas a modo de introdução ao conhecimento que é conforme à contemplação mística, na qual avançaremos de acordo com a renomada e reverenciada Regra da Tradição … para que possamos estar preparados para ouvir à transmissão da Tradição Gnóstica… (NT: a tradição do gnosticismo cristão, o conhecimento gnóstico integral — gnosis — de Deus e de sua revelação na Escritura) (Stromates I, 1)


A Quádrupla Interpretação da Escritura

O sentido da Lei (i.e. o Pentateuco) deve ser por nós apreendido de quatro maneiras: como apresentando um tipo, ou estabelecendo um comando para a vida moral, ou fazendo uma profecia.
Stromates I, XXXVII


Filosofia e Religião

A filosofia foi necessária para os Gregos para a retidão, até a vinda do Senhor: e mesmo agora é útil para o desenvolvimento da verdadeira religião, como uma espécie de disciplina preparatória para aqueles que chegam à pelo caminho da demonstração. Pois “seu pé não tropeçará”, como a Escritura diz, se se atribui a Providência todas as coisas boas, seja pertencentes aos Gregos ou a nós. Pois Deus é a fonte de todo o bem; seja diretamente, como no Antigo e no Novo Testamento, ou indiretamente, como no caso da filosofia. Mas pode ser ainda o caso que a filosofia fosse dada aos Gregos diretamente; pois foi um “mestre”, a trazer o Helenismo para Cristo, como a Lei para os Hebreus. Assim a filosofia foi uma preparação, preparando o caminho para o homem que foi levado à perfeição pelo Cristo.
Stromates I, V

Se nossos críticos nos forçam a fazer uma distinção chamando a filosofia de causa contribuinte para a apreensão da verdade, como sendo uma busca pela verdade, devemos admiti-la como sendo uma disciplina preparatória para o “gnóstico”, sem dela fazer uma causa necessária em oposição a contribuinte, ou asseverar a filosofia como sendo um sine qua non. Pois quase todos nós recebemos a palavra sobre Deus através da , sem ter tido uma educação secundária ou um treinamento em filosofia grega, alguns de nós sem educação elementar. Mas, fomos movidos pelo poder da filosofia não-grega, divinamente inspirada, treinados por uma sabedoria auto-didata. . . . E no entanto, a filosofia por si mesma ainda assim justificou os Gregos, não de fato para o alcance da completa retidão, para a qual se afirmou como causa contribuinte, mas como os primeiros passos são para aquele que sobe um andar superior, ou um professor primário para um filósofo iniciante.
Stromates I, XX