Agostinho de Hipona — Sermões para a Páscoa
Excertos da tradução portuguesa da introdução de Suzanne Poque
Celebração da Ressurreição.
Postas de parte as homílias do domingo de manhã e de sacramentis, fáceis de identificar, obtemos o grupo residual dos sermões 230; Dinis 4 e 5; Wilm. 8 e 9; Guelf. 8. Foram pregados de noite, antes do batismo e da celebração eucarística da aurora de Páscoa.
O S Wilm. 8 dirige-se ao conjunto dos fiéis. Desenvolve sucintamente Pascha nostra immolatus est Christus (Imolou-se Cristo nossa Páscoa; I Cor 5, 7), marcando a oposição da Páscoa dos Judeus e da Páscoa dos cristãos, do fermento e dos ázimos, das trevas e da luz. Pelo vocabulário, die declinato adhuc somniant (ao cair do dia ainda estão a sonhar), aproxima-se dos sermões in vigiliis paschae.
O S Dinis 5 (no título traz, não se sabe porquê, de sacramentis) cujo estilo de antíteses denuncia certa rigidez, funda-se no mesmo texto (I Cor 5, 7). Opõe o agnus (anho, cordeiro) de Isaías ao leo (leão) do Gênesis 39 e Apocalipse 5, 5; é um tema da pregação in vigiliis paschae.
O S Wilm. 9 é da melhor inspiração de Agostinho. O tema é o da Páscoa-Transitus, da passagem da morte à vida, obscuramente simbolizada na cir-cuncisão: «Por isso é que no batismo era revelado o que as sombras da antiga circuncisão velavam, e esta circuncisão, a mesma e contudo não a mesma, porque não é feita por mão de homem, ele a opera quando se arranca o véu da ignorância carnal, ora o véu é tirado quando tu passas para Cristo (II Cor 3, 16).
O S Dinis 5 é o único que cita a leitura do Evangelho da Ressurreição segundo S. Mateus, que essa noite se fazia.