Agostinho de Hipona — Sermões para a Páscoa
Excertos da tradução portuguesa da introdução de Suzanne Poque
Catequese Baptismal.
Possídio não faz menção nenhuma de qualquer tractatus de sacramento fontis e nos nossos textos também não há nada que se possa apresentar explicitamente como catequese do batismo. Temos, porém, a sorte de possuir o resumo de uma, feita pelo próprio S.to Agostinho: «Quando vos batizastes ou, melhor, antes de vos batizardes, no sábado, falámos-vos do sacramento da fonte (sacramentum fontis) onde estáveis para vos mergulhar e dissemos-vos, cuido que ainda o não esquecestes, que o que constituía e constitui o valor do batismo é que ele é uma sepultura com Cristo, como diz o Apóstolo: «Pelo batismo somos sepultados com Cristo na sua morte», etc, Epístola aos Romanos 6, 4 (S Guelf. 7, 1). Ê uma catequese batismal de estilo indirecto.
Tt. A. Audet afirmava que o S Dinis 8, in octa-vis infantum podia bem ser um dos tais tractatus de sacramento fontis; esta homília, porém, foi pronunciada não antes mas depois do batismo. Ora, antes disto, tinha-se primeiro feito a pergunta (e, não obstante ser esta a pista boa, largou-a com pressa de mais) se o S 363 não seria uma catequese batismal. Ora a homília, toda ela, tem por centro o batismo, com uma coesão e ausência de digressões raras em S.tp Agostinho. Firma-se, ponta a ponta, numa das leituras da vigília de Páscoa: Ex 15, 1-21, alude a outra das leituras da vigília: Dn 2, 6. Fundamenta-se em I Cor 10, 1-11, para explicar o sacramentum baseando-se no simbolismo do mar Vermelho, cita o texto da Epístola ad Romanos 6, 4, mencionado atrás. Destes três sinais, tema único, leituras litúrgicas, doutrina de S. Paulo, pode-se sem muita presunção inferir que o S 363 é uma catequese batismal proferida sábado durante a vigília diante dos fiéis e diante dos competentes «prontos para mergulharem no sacramentum fontis».