Catarina de Siena — Tratado da Oração
Contribuição e tradução de Antonio Carneiro
LXV — Do meio que toma a alma para chegar ao amor puro e generoso
1. Quando a alma entrou no caminho da perfeição, passando pela doutrina — de Jesus crucificado, com o amor à verdade e o ódio ao vício, quando chegou por uma santa perseverança à célula do conhecimento de si-mesmo, recolheu-se nas vigílias e na oração contínua, e se separa da conversação dos homens. Porque se recolheu? Recolheu-se pelo temor que lhe causa a vista sua imperfeição, e pelo desejo que tem de chegar ao amor generoso e perfeito. Vê e compreende que não se pode chegar lá por um outro meio, e espera com uma viva fé minha vinda para aumentar a graça nela. Em que se reconhece esta viva fé?
À perseverança na virtude e na santa oração, qualquer coisa que chega. A menos que isso não seja pela obediência ou pela caridade, não deveis jamais abandonar a oração.
Frequentemente o demônio obceca mais a alma com suas tentações durante o tempo destinado à oração que durante o tempo que não lhe é consagrado (à oração): iria querer vos inspirar o enfado da oração. Algumas vezes diz: Esta oração não vos serve de nada, porque não se deve ser assim distraído. O demônio se esforça por esse meio para perturbar e, desgostar a alma do exercício da oração, porque a oração é uma arma com a qual a alma se defende contra todos seus inimigos, quando ela toma pela mão do amor e o braço do livre arbítrio, e que combate à luz da santa fé.