CASSIANO — CONFERÊNCIAS
SEGUNDA CONFERÊNCIA DO ABADE MOISÉS — DA DISCRIÇÃO
XVI. O dever de ir em busca da discrição.
Por conseguinte, temos de pôr todo nosso esforço para adquirir, mediante a humildade, o bem da discrição, que é capaz de nos guardar ilesos de um e outro dos excessos.
Há um antigo provérbio que diz: akrotetes isotetes , isto é, os excessos são iguais.
Por exemplo, jejum exagerado e voracidade levam a um mesmo fim; vigílias imoderadas são tão danosas para o monge quanto o topor do sono pesado. Pois quem se faz debilitar por excesso de privação, inevitavelmente retrocede a mesma situação em que na sua apatia o negligente se enreda. Muitas vezes vimos os que não foram iludidos pela gula cair pelo abuso dos jejuns. Em razão do seu enfraquecimento, tombam na mesma paixão que venceram.
Também vigílias e noites inteiras em branco irracionais derrubaram alguns que o sono não conseguira sobrepujar.
Por esse motivo, segundo o Apóstolo “com as armas da justiça à direita e à esquerda” (2 Cor 6,7), devemos a travessar com o leme em direto, e, assim, marchar entre os dois excessos sob a guia da discrição, de tal modo que jamais consintamos em sair, quanto à prática da abstinência, do caminho ensinado, nem, por outro lado, em cair, por um relaxamento nocivo, nos desejos da gula e do ventre.