Benoît de Canfeld: la volonté de Dieu

Original

Cette figure, en forme de soleil (la description est celle du frontispice gravé de la première édition de la Règle de la Perfection1) représente la volonté de Dieu. Les visages placés ici en l’un (soleil) représentent des âmes vivantes en l’autre (volonté divine)… Ces visages sont disposés en cercle par trois rangs, montrant les trois degrés de cette divine volonté. Le premier degré signifie les âmes de la vie active; le second, celles de la contemplation; le troisième, celles de la suréminence. Et pour ce, au-dehors du premier rang, sont beaucoup d’outils manuels (pinces, marteaux) qui dénotent la vie active. Au-dedans du troisième cercle est Jéhovah. Au cercle et au rang du milieu, il n’est rien mis, pour signifier qu’en cette sorte de vie contemplative, sans autre spéculation et pratique, il faut suivre le trait de la volonté de Dieu. Les outils sont sur la terre et en obscurité, d’autant que les œuvres extérieures d’elles-mêmes sont pleines de ténèbres. Ces outils toutefois sont touchés du rayon et frappés de la clarté du soleil, pour être les œuvres éclairées et illuminées de cette volonté de Dieu.

La clarté de cette volonté divine donne peu sur les visages de premier ordre; sur les seconds bien davantage; mais les troisièmes sont tout resplendissants. Les premiers paraissent beaucoup plus; les seconds, moins; les troisièmes, presque point. Ce qui montre que les âmes de premier ordre sont beaucoup en elles-mêmes; celles du second sont moins en elles-mêmes et plus en Dieu; et celles du troisième ne sont presque point en elles-mêmes, mais tout en Dieu et absorbées en sa volonté essentielle. Tous ces figures et visages ont les yeux fichés en cette volonté de Dieu. (Benoît de Canfeld)

Antonio Carneiro

Esta figura, em forma do sol (a descrição é aquela do frontispício gravado da primeira edição da Regra da Perfeição2) representa a vontade de Deus. Os rostos colocados aqui em um (sol) representam almas viventes no outro (vontade divina) … Esses rostos estão dispostos em círculo em três níveis, mostrando os três degraus desta divina vontade. O primeiro degrau significa as almas da vida ativa; o segundo, aquelas da contemplação; o terceiro, aqueles da sobre-eminência. E por isso, no exterior do primeiro nível, estão muitos utensílios manuais (alicates3, martelos) que denotam a vida ativa. No interior do terceiro círculo está Jeová. No círculo e no nível do meio, não tem nada colocado, para significar que nesse tipo de vida contemplativa, sem outra especulação e prática, é preciso seguir a linha da vontade de Deus. Os utensílios estão sobre a terra e na obscuridade, visto que as obras exteriores delas-mesmas estão repletas de trevas. Esses utensílios entretanto estão tocados pelo raio e surpreendidos pela claridade do sol, por estar as obras explicadas e iluminadas desta vontade de Deus.

A claridade desta vontade divina dá pouco sobre os rostos da primeira ordem; sobre os segundos bem mais; mas os terceiros estão de todo resplandecentes. Os primeiros aparecem muito mais; os segundos, menos; os terceiros, quase nada. O que mostra que as almas da primeira ordem estão bastante nelas-mesmas; aquelas da segunda estão menos nelas-mesmas e mais em Deus; e aquelas da terceira não estão quase nada nelas-mesmas, mas de todo em Deus e absorvidas em sua vontade essencial. Todas essas figuras e rostos tem os olhos fixos nesta vontade de Deus. (Bento de Canfeld).


  1. Voir, à ce sujet, l’Éminence Grise, d’Aldous Huxley (NdT). 

  2. Ver, para esse assunto, Eminência Parda, de Aldous Huxley (NdT). 

  3. NT: No alto superior da gravura está o instrumento nomeado por “pince” em francês cuja tradução seria pinça, mas não corresponde a figura, trata-se de alicate de ferreiro como é possível constatar na página seguinte na figura 1 oriunda do site . Seguindo a direção do relógio o utensílio que antecede ao alicate é uma foice de jardineiro ou de vinhateiro. É possível comparar com a figura 2 do site