Breton Verbo Por

STANISLAS BRETON — FILOSOFIA E MÍSTICA

5. POR. A preposição por (gr. di’autou) põe o Verbo em relação, não mais com o Absoluto divino, mas com a criação. Assume, em relação ao mundo, uma função de causa eficiente, segundo a terminologia escolástica. Ainda importa especificar bastante esta causalidade. Poder-se-ia inclinar, se não se está muito afetado pelo respeito à ortodoxia, para uma causalidade dita instrumental. O Verbo seria assim, para se servir de uma imagem que não é sem relação à tradição cristã, ao invés do «dedo» do Pai, a «mão» que se serviu para realizar a obra dos seis dias de que fala o Gênesis. Em consequência, se deveria aplicar ao Verbo o que é da mão, em certos escritos de Aristóteles em particular, que conhecia bem S. Tomás. Que se julgue por este texto: «A alma é assimilada à mão». A mão é o órgão dos órgãos, porque as mãos foram dadas ao homem em substituição a todos os órgãos que foram dados aos outros animais para a defesa, o ataque, a vestimenta. Tudo isso, o homem se fornece graças à mão. E assim como a alma foi dada ao homem em lugar de todas as formas, para que, precisamente, o homem seja de alguma maneira a totalidade do ser, enquanto que por ela, ele é, de alguma maneira, todas as coisas, visto que, pelo conhecimento, ela é suscetível de receber todas as formas inteligíveis» (In De Anima, lectio 13, cf. De Anima, III, 432a).

O Verbo, em sua posição ontológica como em sua função, representaria a mão universal, assim como «o lugar inteligível» das ideias exemplares, sobre o qual teria sido modelado o universo. A preposição «por» resume estes diversos aspectos.