Boon Sephiroth

Nicolas Boon — No Coração da Escritura
A figura da Árvore sefirótica se assemelha a uma árvore com um tronco mediano e dois ramos laterais; o que dá um aspecto de uma figura de três colunas. A palavra sephirah quer dizer enumeração. Encontramos a palavra sepher que quer dizer livro, número (pensamos na palavra cifra). O plural é sephiroth e elas são no número de dez, repartidas em três colunas. Os nomes são tomados da Escritura e são como os Nomes Divinos que, ao mesmo tempo, velam o que é oculto em Deus e re-velam. Denominam-se por isto vestimentas, lâmpadas. Denominam-se também fontes ou reservatórios, que ora recebem, ora transmitem. Esta árvore é igualmente comparada ao corpo humano e é denominada Adam Kadmon, o Homem Universal, ou o Homem principial tal qual concebido em Deus.

Comecemos, antes de dar outras apreciações sobre esta figura (vide abaixo), por ver cada uma destas sephiroth. O topo é denominado Kether ou Coroa. Ele contém os outros 10, sendo o princípio. Denomina-se a centelha que jorra do Abismo divino. Em segundo lugar vem Hokmah ou a Sabedoria que procede diretamente de Kether. Em terceiro, Binah ou Inteligência, passiva ou melhor receptiva, em relação a Hokmah. Hokmah é chamada Pai e Binah Mãe. Os três juntos forma a cabeça de Adam Kadmon. Observemos que Kether, o topo da coluna do meio, é mais elevado que os outros dois. Hokmah, a Sabedoria, é o topo da coluna da direita e Binah, da coluna da esquerda. Em seguida vem sete outras Sephiroth que se denomina o Edifício e são oriundas de Binah. A razão é que a palavra Binah tem um parentesco com o verbo banah, construir. As seis primeiras têm como centro TipherethBeleza que é como o elemento de equilíbrio entre a coluna de direita denominada lado da Graça ou Hesed e Gevurah, a força denominada também Din, Juízo ou Rigor, lado esquerdo. Tiphereth, a Beleza, reconcilia os dois. Ela é a sexta Sephiroth e o e é o valor da letra Vav . É assim que esta letra domina toda a coluna do meio. Tiphereth merece assim os nomes de Rachamin, Misericórdia,d e Schalom, Paz, e ainda de Nichoach, Consolação. Ela corresponde também ao Coração do Homem. Em relação com as Sephiroth do Edifício, lembremos o versículo do Livro dos Provérbios (9,1): A Sabedoria (Hokmah) construiu uma casa (Binah) e talhou sete colunas (as 7 Sephiroth). As Sephiroth Netsach, Vitória (7) e Hod, Majestade (8) correspondem ao quadril. Yesod ou Fundamento corresponde ao órgão de união e Malkuth ou reino aos pés do Homem Universal. Esta última Sephirah é o Reservatório mais baixo e versa tudo que recebe do alto sobre o mundo. A noção de Reino tal como a encontramos no Evangelho se inspira naturalmente de tudo o que a Tradição entende por Malkuth.

Há uma maneira de considerar as dez Sephiroth: denominam-se as três primeiras, Kether, Hokmah e Binah: a grande Face, em hebreu Arik Anpin, em grego Macrosopo. As seis seguintes: Pequena Face, Zeïr Anpinm em grego Microsopo. A Pequena Face é dita ser o Filho da Grande Face, Hokmah sendo o Pai e Binah a Mãe. Thipheret recebe, o nome de Glória, pois a Pequena Face manifesta a Grande Face. Malkuth é também denominada Esposa da Pequena Face, a quem é unida por Yesod. Malkuth é também a Shekinah, a Presença ou a Residência oculta. Por sua união com Tiphereth, centro da Pequena Face, a Shekinah está unida à Glória. E é assim unidos que o Esposo e a Esposa se alcançam a casa da Mãe, Binah. Este é o tema fundamental do Cântico dos Cânticos (por exemplo 8,2: “Te levarei, te conduzirei à casa de minha mãe; aí tu me instruirias”. Esta frase tem um sentido muito profundo. A casa é a mãe ela mesma, Binah. É dela que tudo sai. A palavra Tudo tem valor numérico 50, número que lembra os 50 anos da lei mosaica no qual tudo volta a seu estado primitivo. É o ano do Jubileu ou Yobel. “Aí tu me instruirias”. Quer dizer: me daria a Inteligência, pois Binah é denominada: “Inteligência”. As sete sephiroth engendradas por Binah são ainda denominadas “Palácio”. Elas lembram as seis direções do espaço mais i Centro, denominado o Grande Palácio, Hekal ha-gadol, que corresponde à Tiphereth, a Beleza. Graças a ela tudo é reunido em uma ordem perfeita ao redor do Uno. Esta ordem interior onde o Uno está presente por toda parte é a definição mesma de toda beleza. O que as Sephiroth são no espaço quando se denominam Palácio, elas o são no tempo quando as consideramos como frações de luz. Elas correspondem, neste caso, aos sete dias da semana. O sétimo, o Sabá (Schabbath), sendo o retorno ao Dia Um. É neste sentido que se deve compreender: “o sétimo dia Deus repousou”. Não se trata de qualquer fadiga mas deve-se entende “re-pousar”, se pousar em seu ponto de origem. Os dias (Dia) são como um prisma que fraciona a Luz primordial, invisível ao olho humano por que cegante.

A árvore sefirótica é ainda uma vestimenta que vela o Nome Sagrado (YHWH). O י (Y, yod) é Hokmah, a Sabedoria. O primeiro ה (H, he) é Binah ou a Inteligência. O ו (V, vav) lembremos que seu número é seis, as seis Sephiroth seguintes. O último ה (H, he) Malkuth, o Reino. Dissemos já que o Nome Sagrado (YHWH se escreve às vezes י ד ו ד (IDVD) (vide YHWH). A primeira letra ד (D, daleth) é neste momento a Binah ou a porta do alto. O Vav, símbolo do homem tendo atravessado esta porta, forma a palavra י ו ד (IVD, yod). O Yod é o nome da letra (Y, yod) que simboliza o princípio. O homem integrou seu princípio ou se uniu a seu princípio. Neste momento, aporta de baixo , o daleth, se identifica à porta do alto. Isto ilumina a linguagem em aparência obscura da Tradição rabínica: “Malkuth está em Binah”. O processo de integração pode se prosseguir pois, quando tomamos a palavra י ו ד (IVD, yod), o Vav ו e o Daleth ד formam juntos 10, pois Vav = 6 e Daleth = 4. e é assim que só resta a letra י (Y, y) que é igual a 10. As 10 Sephiroth estão todas absorvidas na única letra (Yod), a menor de todo alfabeto. Este processo pode ainda prosseguir além do que dissemos. mas é mais sábio disto não dizer mais de momento. A tradição faz ainda menção da Ciência, em hebreu Da’ath. Ela se situa entre Hokmah, a Sabedoria, e Binah a Inteligência. Ela não é, todavia, uma décima-primeira Sephirah. Denomina-se Middah, que quer dizer “medida”. Denomina-se a língua do alto; sendo o traço de união entre a Sabedoria, o Pai, e a Inteligência, a Mãe. Do mesmo modo, denomina-se Yesod a língua de baixo porque ela é o traço de união entre Tiphereth, a Glória, e Malkuth, a Presença oculta. Em realidade Da’ath é omnipresente em toda Árvore sefirótica pois ela é também o traço de união entre aquele contempla e o Mistério divino, oculto na Árvore sefirótica.