Boehme: três

“Todas as coisas recebidas por boato, sem a percepção pessoal, ainda permanecerá uma dúvida quanto a sua real verdade; mas aquilo que é visto pelo olho e compreendido pelo coração carrega consigo a convicção”. (Três Princípios…, X. 26)

“Se alguém deseja me seguir na ciência das coisas, das quais escrevo, que sigam os vôos de minha alma e não os de minha caneta.” (Três Princípios…, XXIV. 2).

“A Divindade é um laço eterno, que não pode perecer. Ela gera a si mesma de eternidade em eternidade, e o primeiro ali é sempre o último, e o último o primeiro”. (Três Princípios…, VII. 14).

“Não temos porque falar que Deus é três pessoas, nesse ponto, mas Ele é ternário em sua evolução eterna. Ele dá nascimento a Si mesmo na trindade; nesse desdobramento eterno continua sendo um ser, nem o Pai, nem o Filho, nem o Espírito Santo, mas unicamente a vida eterna ou Deus. A vontade ternária torna-se compreensível em Sua eterna revelação, só quando Ele revela a Si mesmo por meio da natureza eterna — ou seja, na luz através do fogo”. (Mysterium, VII 9 — 12).

“A totalidade do Ser divino está num estado de contínua e eterna geração, comparável à mente de um homem, mas imutável. Os pensamentos nascem continuamente da mente de um homem, e deles surgem o desejo e a vontade. Do desejo e da vontade surge a ação, e as mãos realizam suas obras, de modo a se tornar substancial. Desta forma, a ação está com a evolução eterna”. (Três Princípios…, IX 35).

“A Sabedoria, a virgem eterna, a companheira de Deus para Sua honra e alegria, torna-se cheia de desejo de observar as maravilhas de Deus, contidas em si mesma. Devido a esse desejo, as essências divinas dentro dela tornam-se ativas e atraem o santo poder; é assim que a sabedoria entra num estado de ser permanente; sua inclinação repousa no Espírito Santo. Ela simplesmente movimenta-se diante de Deus com a finalidade de revelar as maravilhas de Deus”. (Três Princípios…, XIV. 87).

“A corporalidade de Deus resulta de Sua essencialidade. Essa essencialidade não é espírito, mas é como se fosse uma impotência, se comparada com o poder onde o Três reside. Essa essencialidade é o elemento de Deus, onde está a vida, mas não a inteligência”. (A Vida Tríplice…, V . 53).

“Em Deus há dois estados, eternos e sem fim, a luz eterna e as trevas eternas. A luz é Deus, e nas trevas não haveria dor se não fosse pela presença da luz. A luz faz com que as trevas anseiem pela luz e com isso sofra a angústia”. (Três Princípios…, IX.30)

“Se às vezes descrevo somente dois ou três como ativos na geração de outro espírito, é devido à minha fraqueza, pois em minha mente degenerada não posso reter a impressão da ação de todos os sete em sua perfeição. Vejo os sete, mas quando começo a analisar o que vejo, não posso alcançar os sete, mas um de cada vez”. (Aurora, X 22).

“Nesse estado não há vida ativa ou inteligência; trata-se meramente do primeiro princípio da substancialidade, ou o primeiro começo do transformar-se”. (Três Princípios…, VII . II).

“Os três primeiros princípios não são Deus propriamente dito, apenas a Sua revelação. O primeiro destes três estados, sendo um princípio de toda força e poder, origina-se da qualidade do Pai; o segundo, sendo a fonte de toda atividade e diferenciação, surge da qualidade do Filho; e o terceiro, sendo a raiz de toda vida, origina-se na qualidade do Espírito Santo”. (Grace, VI. 9).

“O fogo é originalmente, trevas, aspereza, frio eterno e secura, e não há nada nele, senão uma fome eterna. Como então se transforma em fogo? O Espírito de Deus, em seu aspecto de luz eterna, vem em auxílio da fome-ígnea. A fome origina-se da luz, porque quando o poder divino espelha-se nas trevas, essas se tornam cheias de desejo da luz, e esse desejo é a vontade (da natureza eterna). Mas a vontade ou o desejo na secura, não podem atingir a luz, consistindo então de angústia e súplica pela luz. Essa angústia e essa súplica persistem até que o Espírito de Deus entre como que um raio de luz”. (Três Princípios…, XI.45).

“A unidade eterna ou liberdade, per se, é de infinito amor e brandura, mas as três qualidades são ásperas, dolorosas e até mesmo terríveis. A vontade das três qualidades anseia pela unidade branda, e a unidade anseia pelo fundamento ígneo e pela sensibilidade. Assim, um penetra o outro, e quando isso ocorre o raio de luz aparece, comparável à chispa produzida pela fricção entre a pedra e o aço. É desta forma que a unidade retém a sensibilidade, e a vontade da natureza recebe a unidade suave. Assim a unidade torna-se uma fonte de fogo, e o fogo penetrado pelo desejo, uma fonte de amor”. (Clavis, IX. 49).

“Os primeiros três princípios são meramente qualidades condutoras da vida; o Quarto é vida propriamente dita, mas o quinto é o verdadeiro Espírito. Toda vez que esse poder se envolve do fogo, vive em todos os outros e transformando-os em sua própria natureza doce, de modo que a dor e a inimizade não podem ser encontradas ali, de forma alguma”. (Tabulae Principice, I. 46).

“A linguagem terrestre é inteiramente insuficiente para descrever o que há de satisfação, felicidade e de amor contidos nas maravilhas internas de Deus. Mesmo se a Virgem Eterna as mostrassem em nossas mentes, a constituição do homem é muito fria e escura para ser capaz de expressar mesmo uma centelha sobre elas em sua linguagem”. (Três Princípios…, XIX. 90).

“O Pai é o primeiro de todos os seres concebíeis, mas se o segundo princípio não se tornasse manifesto no nascimento do Filho, Ele não seria revelado. Assim, o Filho, sendo o coração, a luz, o amor e a bela e doce beneficência do Pai, mas sendo distinto Dele em Seu aspecto individual, entrega-se ao Pai reconciliado, amoroso e misericordioso. Seu nascimento ocorre no fogo, mas Ele obtém sua personalidade e nome pela ignição da luz clara, branca e suave, que Ele próprio é”. (Três Princípios…, IV. 58).

“Não podemos dizer como é que aquilo que estava eternamente na essencialidade de Deus entrou em movimento, pois não havia nada que pudesse ter feito Deus se movimentar, e a vontade de Deus é eterna e imutável. Só podemos dizer que o Três estava desejoso de ter filhos de sua própria espécie”. (Quarenta Questões… I. 273).

“Com a luz e o coração de Deus, como tais, nada pode ser criado; porque, a luz é o fim da natureza e não possui qualidade. Portanto, ela não pode mudar ou tornar-se algo, mas permanece sempre a mesma na eternidade”. (Três Princípios…, X 41).

“As espécies e criaturas são tão variadas quanto os pensamentos eternos na sabedoria de Deus”. (Três Princípios… IX.37).

“A cólera (o fogo) é a raiz de todas as coisas e a origem de toda vida; nela está a causa de toda força e poder, e dela emanam todas as maravilhas (manifestação de poder). Sem aquele fogo não haveria consciência, mas tudo seria um mero nada”. (Três Princípios… XXI. 14).

“Nenhum ser pode nascer a menos que tenha em si o triângulo ígneo, ou seja, as três primeiras formas naturais”. (Grace, II. 38).

“A Mente eterna está sempre desejosa de poder, e o poder é a adstringência, e a adstringência é a contração, atração, ou o Fiat eterno, que cria e torna corporal aquilo que a Vontade eterna deseja em sua própria benevolência. A Vontade deseja através do Fiat agudo, trazer para a substancialidade (tornar objetivo) aquilo que mantém na Sabedoria eterna”. (Três Princípios… XIV.74).

“Ainda hoje, o ato de criação continua, e não terá fim até a chegada do Julgamento de Deus. Então, aquilo que cresceu na santa árvore da vida irá separar-se das ervas e espinhos”. (Três Princípios… XXIII.25).

Deus, constituindo a Si mesmo um ser criado, assumiu o aspecto de um ser com relação à sua trindade; e como essa trindade é o mais elevado e grandioso em Deus, Ele também criou três princípios de anjos (reflexos divinos de Sua própria imagem), superiores a todos os outros”. (Aurora, XII 88).

“É preciso considerar especialmente sete divisões elevadas principais em três hierarquias, de acordo com a fonte das sete qualidades da natureza, cada uma destas formas culminando em um trono”.(Graça, X 24).

“Quando os espíritos de Deus surgem em sua glória divina, não podem estar amarrados de forma a evitar que se misturem uns com os outros, e os anjos não se limitam pela localidade em que residem. Os espíritos de Deus surgem perpetuamente uns dentro dos outros, e em sua geração eterna, desfrutam de uma contínua troca de amor. Assim, os santos anjos movimentam-se uns nos outros e vão juntos em todos os três reinos, de onde cada um recebe de outro, beleza de forma, graça e virtude, felicidade suprema; mas cada um mantém a posição que lhe pertence (seu centro de gravidade) que em seu aspecto, como um ser criado, lhe fora transmitido como sua própria propriedade especial”. (Aurora, XII 57).

“Todos os anjos foram criados no primeiro princípio, formados e corporificados pelo Espírito em movimento e iluminados pela luz de Deus”. (Três Princípios…, IV 67).

“Na eterna sabedoria, ou melhor, dizendo, na natureza eterna, a queda do demônio (e também do homem) fora prevista antes da criação do mundo”. (Três Princípios…, IX.22).

Deus, a luz eterna e a vontade eterna, brilha nas trevas e as trevas capturaram a vontade (recebeu sua atividade). Nessa vontade surgiu a ansiedade, e nela está o fogo, e no fogo a luz. Assim, as estrelas foram produzidas do fogo; o sol, do poder dos céus”. (Três Princípios… VIII. 22).

“No quarto dia, Deus criou de Sua sabedoria eterna, o senhor do terceiro princípio (o mundo visível), o sol e as estrelas. Vê-se aqui claramente a Divindade e a sabedoria eterna de Deus, como num espelho claro. Esse ser, visível diante de nossos olhos, não é Deus propriamente dito, mas um Deus no terceiro princípio, que irá finalmente retornar ao seu éter e ter um fim”. (Três Princípios… VIII.13).

“Quando a luz se acende, o poder conquistado na adstringência torna-se Mercúrio”. (Três Princípios…, VIII 24).

“Como o espírito das estrelas, ou o espírito na forma-ígnea, pelo poder de sua duração, misturou-se com o da água, de uma única essência surgiram duas essências. Uma, a masculina na forma ígnea, e a outra, a feminina na forma aquosa (estado)”28. (Três Princípios… VIII. 43).

“Os anjos são criados de dois princípios, mas a alma com o corpo da vida exterior é criada de três princípios. Portanto o homem é superior aos anjos, contanto que permaneça em Deus”. (Quarenta Questões… I 263).

“Na vida do homem há três estados que devem ser distinguidos um do outro — primeiro, o mais interno, ou seja, Deus eternamente oculto no fogo; segundo, a parte do meio, que desde a eternidade permanece como uma imagem ou semelhança nas maravilhas de Deus, comparável a uma pessoa que se vê no espelho; terceiro, essa imagem viva que recebe ainda um outro espelho na criação, onde se observou, ou seja, o espírito do mundo externo, ou o terceiro princípio, que também é uma forma (estado) do Eterno”. (A Vida Tríplice…, XVIII. 4)

“As trevas no homem que deseja a luz, é o primeiro princípio; o poder da luz, o segundo; e o poder desejante que atrai e se torna pleno (substancial), e onde o corpo material cresce, é o terceiro princípio”. (Três Princípios… VII 26).

“Se um homem, como imagem de Deus, deve governar os peixes, aves, animais e toda a terra, assim como as essências de todas as estrelas, então ele deve ser parte dos três, pois cada espírito só pode governar em sua mãe, onde tem sua origem”. (Mysterium, XIV 8).

“Como Deus reside em Si mesmo e penetra todas as Suas obras, incompreensíveis a si próprias, e sem Ser afetado por nada, do mesmo modo Sua imagem (homem) originou-se do puro elemento. Ele também foi criado neste mundo; mas o reino deste mundo não era para compreende-lo, mas ele governaria poderosamente neste mundo através das essências do elemento puro”. (Três Princípios…, XXII 15).

“Adão, depois de ter sido criado por Deus, encontrava-se no Paraíso num estado de satisfação, glorificação e beleza, pleno de conhecimento. Deus então, trouxe diante dele, como senhor do mundo, todos os animais, a fim de que os observasse e desse um nome a cada um, segundo a essência e poder específico. Adão sabia que ele estava dentro de cada criatura, e deu a cada um seu nome apropriado. Deus pode ver nos corações de toda as coisas, e o mesmo podia ser feito por Adão.”38 (Três Princípios…, X 17).

“A alma no poder de Deus penetra todas as coisas, e é poderosa sobre tudo, como o próprio Deus; pois ela vive no poder de Seu coração”. (Três Princípios…, XXII 17).

“Assim o santo mundo divino era predominante nos três princípios da qualidade humana, e havia um acordo igual, sendo que nenhum inimigo ou vontade oposta estava manifestado entre os princípios”43. (Mysterium, XVII 20).

“No Paraíso há plantações, assim como neste mundo, mas não com a mesma tangibilidade. Lá o Céu está no lugar da terra, a Luz de Deus, no lugar do sol e o Pai Eterno no lugar do poder das estrelas”. (Três Princípios…, IX 20).

“O Paraíso não é algo corpóreo ou tangível num sentido terrestre, mas sua corporeidade e tangibilidade são como a dos anjos. Trata-se de uma substância clara, visível, como se fosse material, e é realmente ‘material’, mas formada apenas do poder, sem qualquer adição de matéria terrestre, e é, portanto, perfeitamente transparente”. (Três Princípios…, IX 18).

“A alma do homem, soprada por Deus, é do Pai Eterno; mas ela ainda não apreendeu o nascimento do Filho, onde é o fim da natureza, e de onde nenhum ser criado emana”. (Três Princípios…, IX 13).

Deus possui a eterna e imutável vontade para gerar Seu Coração e seu Filho, e assim a alma deveria colocar sua vontade imutável no coração de Deus. Então ela estaria no céu e no Paraíso, desfrutando da felicidade inexprimível de Deus o Pai, a que Ele desfruta no Filho; a alma ouviria então as palavras inexpressíveis no coração de Deus”. (Três Princípios… X 14).

“Se a alma mergulha sua vontade na humildade, ou seja, na obediência de Deus, torna-se uma fonte do coração de Deus, recebe o poder divino e todas as suas essências tornam-se angélicas e deleitosas. Suas essências ásperas também se tornam úteis, aparecendo-lhe mais humildes e úteis do que se tivessem sido inteiramente doce e humilde desde sua origem”. (Três Princípios… XIII 31).

“O homem permanecia nos três princípios, que se encontravam em igual concordância dentro dele, mas não fora dele; pois o mundo de trevas tinha um desejo diferente daquele do mundo de luz; da mesma forma, o mundo externo tinha um desejo diferente daquele do mundo de trevas e do mundo de luz. Assim, a imagem de Deus estava entre os três princípios, onde todos em seu desejo eram condutores àquela imagem. Cada um deles queria se manifestar em Adão, para tê-lo em seu próprio regimento ou como governador, e para manifestar suas maravilhas através dele”. (Mysterium, XVII 34).

“Na árvore do auto conhecimento do bem e do mal havia as qualidades em maldição, como acontece agora, ou seja, cada uma delas estava manifestada em si mesma, buscando preponderar. Elas saíram de sua harmonia, e desta forma todos os três princípios estavam manifestados naquela árvore, separadamente. Portanto, Moisés (sabedoria) a denomina árvore do conhecimento do bem e do mal”. (Mysterium, XVII 15)

“Uma pessoa razoável perceberá facilmente que não haveria sono em Adão enquanto ele permanecesse na imagem de Deus, pois naquele tempo ele era uma imagem como nós seremos na ressurreição dos mortos. Não necessitaremos então dos elementos, nem do sol, nem da lua, nem de sono algum; nossos olhos estarão abertos para ver a glória de Deus, sempre e eternamente”. (Três Princípios… XII 17).

“Após Adão ter sido dominado, a tintura, onde a bela virgem havia habitado previamente, tornou-se terrestre, fraca e frágil. A fonte poderosa da tintura, de onde a Virgem tinha seu poder, sem ser subjugada ao sono, deixou Adão e foi para seu próprio princípio”. (Três Princípios…, III 8).

“Depois que o brilho do espírito deste mundo conquistou Adão, ele caiu no sono. Então seu corpo celeste tornou-se carne e sangue, e seu forte poder tornou-se rígidos ossos. A Virgem Celeste partiu para o éter celeste, para o princípio do poder”. (Três Princípios…, XIII 2).

Eva foi extraída de Adão, não como um mero espírito, mas inteiramente substancial. Poderia se dizer que Adão recebeu uma fenda, e que a mulher está carregando o espírito, a carne e o osso de Adão”. (Três Princípios…, XIII 14).

“A razão diz: ‘Se Eva foi feita da costela de Adão, ela deve ser bem inferior ao homem’. Isso não é verdadeiro; o Fiat em seu aspecto de atração aguda (a primeira qualidade), tomou-a de todas as essências e qualidades de cada poder de Adão”. (Três Princípios… XIII 18).

“Não havia má formação em Eva, sua forma era amorosa; no entanto, ela também carregava os sinais (da corrupção), e não podia ser mais nada além de esposa de Adão. Ambos ainda estavam no Paraíso, e se não tivessem provado do fruto, mas tivessem se voltado para Deus, mudando a imaginação, eles teriam permanecido no paraíso”. (Três Princípios… XIII 36).

“O santo Verbo de Deus, após a Trindade da Divindade insondável, concedeu à inteligência ígnea da alma o mandamento: ‘Não comerás da árvore do conhecimento do bem e do mal; se assim o fizerem irão morrer na imagem de Deus, no mesmo dia’. Quer dizer, ‘a alma ígnea irá perder sua luz; a mortalidade, qualidade do mundo de trevas, do centro dos três primeiros princípios, irá se aproximar e se manifestar na árvore, engolindo o Reino de Deus’” (Grace, VI 17).

“O demônio misturou mentiras e verdades, e disse aos primeiros seres humanos que seriam como Deus. Ele deixou isso claro, segundo o primeiro princípio da cólera; mas sobre o paraíso ele nada falou”. (Três Princípios… XVII 96).

“O céu estrelado governa em todas as criaturas como se estivesse em sua própria propriedade. Esse céu é o homem, e a ‘matéria’ ou a forma aquosa, é sua mulher, que dá á luz ao que o céu cria”. (Três Princípios… VII 33).

“Aquilo que chamamos de quatro elementos, de fato não são elementos, mas meras qualidades do elemento único e verdadeiro”. (Três Princípios…, XIV 54).

“Alguns animais, especialmente os mansos, estão intimamente relacionados ao elemento único; outros, principalmente os ferozes, estão mais relacionados com os quatro elementos”. (Três Princípios…, XVIII 10).

“Como o espírito está em uma coisa, assim é a tintura, pois a tintura emana do espírito e é sua luz”. (Três Princípios…, XIII 45).

“Se investigarmos a substância da alma e suas essências, veremos que é o que há de mais áspero no homem; ela é ígnea, ácida e amarga. Se ela perde inteiramente a virgem do poder divino que a acompanha, e da qual a luz de Deus (na alma) nasce, então começa a ser um demônio”. (Três Princípios…, XIII 30).

“Que ninguém pense que o homem antes da queda possuía órgãos animais de reprodução, e nem partes corporais como tem agora. Tais impurezas não existem na Santíssima Trindade, nem no Paraíso; Isso pertence à terra. Originalmente, o homem foi criado um ser imortal e santo, como os anjos”. (Três Princípios…, X 7).

“Quando o homem deixou o Paraíso penetrando uma nova geração, a saber, o espírito deste mundo, na qualidade do sol, planetas e elementos, então sua percepção paradisíaca se extinguiu”. (Três Princípios…, XIV.2).

“No princípio da criação tudo nasceu de um ser; a separação dos sexos ocorreu mais tarde. Portanto, cada sexo deseja fortemente o outro, como se observa no processo de procriação”. (Três Princípios…, VIII 40)

“Há agora uma forte atração sexual nas criaturas. O espírito masculino busca o filho amado na fêmea, e o feminino o busca no masculino”. (Três Princípios…, VIII 44).

“A mãe-água deseja ardentemente a mãe-fogo, e busca pela criança do amor. Do mesmo modo, a mãe-fogo busca a criança na mãe-água, fazendo com que ambos os sexos possuem um forte desejo de se misturar com o outro”. (Três Princípios…, VIII 42).

“A luxúria, contudo, sem ser enobrecida pelo amor conjugal afetuoso, é meramente um desejo animal e pecaminoso; se alguém procura no casamento unicamente a gratificação sexual, não é superior a um animal”. (Três Princípios…, XX 64).

“A alma é a causa da existência de todos os membros necessários para a vida do homem, pois sem a alma nenhum órgão chegaria à existência para viver na vida do homem”. (Três Princípios… XIV 14).

“A vontade chamada à ação, durante o ato conjugal é ternária. Primeiro surge entre os pais da criança o desejo animal que se mistura, e durante essa mistura o centro do amor se abre, mesmo se tivessem insatisfeitos um com o outro. Esse amor participa nas qualidades de um elemento, e esse elemento com o paraíso; mas o paraíso está diante de Deus”. (Três Princípios…, XV 30).

“Por outro lado, a semente externa também possui sua própria essência, que participam das qualidades dos elementos externos. Esses elementos externos participam das qualidades dos planetas externos, e estão conectados com a cólera e a malícia externa; estas estão conectadas com o abismo do inferno, que pertence aos demônios”. (Três Princípios…, XV 31).

Deus deseja que toda a humanidade seja salva. Ele não deseja a morte do pecador, mas que ele se transforme, e volte-se novamente para Deus, encontrando Nele a vida”. (Três Princípios…, Preface, I 6).

“A razão (superficial) representa Deus como um ser sem misericórdia, ensinando que Ele lançou sua cólera sobre o homem, e o amaldiçoou com a morte, pois descobriu no homem a desobediência. Não se deve acreditar nisso. Deus é amor e bondade. Nele não há pensamento de raiva. O homem estaria bem se não tivesse punido a si mesmo”. (Três Princípios…, X 24).

“Quando a alma afastou-se da Luz de Deus e penetrou o espírito deste mundo, deu-se início ao tormento do primeiro princípio. Ela viu e sentiu que não estava mais no reino de Deus, até que o coração de Deus veio e se colocou entre ela e o reino divino, possibilitando-o penetrar ali e regenerar-se”. (Três Princípios…, IX 6).

“A alma separou sua vontade da vontade do Pai g penetrou na luxúria desta vida. Não haveria outra forma de redenção, exceto que a vontade pura do Pai penetrasse outra vez em sua substância trazendo-a novamente ao estado que ocupava primeiramente, de modo que sua vontade fosse novamente direcionada para o coração e luz de Deus”. (Três Princípios…, XXII 67).

“Para auxiliar a alma, o coração de Deus com sua luz, e não o Pai propriamente dito, tinha que penetrá-la, pois no Pai ela já estava de qualquer modo; mas encontrava-se afastada da entrada para a geração do coração (o início da auto consciência divina) de Deus, e seus desejos estavam direcionados para o mundo externo”. (Três Princípios…, XXII 68).

“A palavra que Deus pronunciou com relação ao poder que esmagaria a cabeça da serpente, era uma centelha de luz do divino coração de Deus, e ali o Pai, desde a eternidade, viu e elegeu a humanidade. Nesta centelha de luzamor divino todo o mundo deveria viver, e Adão já se encontrava ali quando ocorreu sua criação, como foi expresso por Paulo (Ep. I 13), dizendo que o homem foi eleito no Cristo antes que a fundação deste mundo fosse estabelecida”. (Três Princípios…, XVI 107).

“A alma (astral) de Adão e Eva e de todos os seres humanos encontrava-se ainda muito bruta, não maleável e impregnada pelo primeiro princípio. Portanto o Verbo e a esmagadora da cabeça da serpente não tomaram forma dentro de suas almas; mas ficou na mente daqueles dispostos a se renderem a tal trabalho, opor-se aos demônios e ao reino do inferno”. (Três Princípios…, XVIII 26).

“Pelo mandamento: ‘Sobre aquele que matar Caim a vingança será setenária’, o terrível vingador, o abismo do inferno, foi afastado de Caim, a fim de que ele não fosse vítima do desespero. Caim afastou-se de Deus, mas, no entanto, o reino dos céus estava diante dele para permitir que voltasse e penetrasse o arrependimento. Deus não quis rejeitar Caim, apenas seu assassínio fraco e sua falsa crença”. (Três Princípios…, XX I).

“Depois que o primeiro mundo terrestre da qualidade humana se afundou no dilúvio, sua forma tornou-se reconstituída em Noé e em seus três filhos”. (Mysterium, XXIV 30).

“O Verbo, ou a segunda pessoa na Divindade, tem estado no Pai por toda eternidade, e ao encarnar na humanidade, não mudou sua natureza, tornando-se uma outra coisa, mas permaneceu no Pai, em seu centro e lugar, como tem sido por toda eternidade. A outra (segunda) formação, ocorreu de forma natural, na ocasião da anunciação pelo anjo Gabriel, quando a virgem disse ao anjo: ‘Que seja feita a tua vontade’. A plenitude deste Verbo foi efetuada no elemento celestial, como foi a criação do primeiro Adão antes da queda. A terceira formação ocorreu simultaneamente a segunda, de uma só vez, assim como uma semente terrestre é semeada enquanto uma criança cresce”. (Três Princípios…, XVIII 45).

“O santo Espírito de Deus formou a substancialidade Angélica, celestial em um só elemento, através da virgem; mas os planetas e elementos deste mundo formaram o homem externo, conferindo-lhe um corpo natural e uma alma exatamente igual a dos outros seres humanos, ambos em uma só pessoa. De modo que, cada forma possuía seu próprio estado particular de percepção e sensação, e o estado divino não se misturou a tal fórmula (com a forma terrestre) a fim de que a primeira diminuísse e permanecesse o que era (antes que a encarnação ocorresse), e se transformasse no que não era (através da encarnação), mas sem qualquer separação, diferenciação ou divisão do ser divino. Desta forma, o Verbo permanece no pai, o ser criado do santo elemento permaneceu diante do pai, e o estado natural humano ocorreu neste mundo, no ventre da virgem Maria”. (Três Princípios…, XX 86).

“Dizem que Maria era uma virgem eterna da Santíssima Trindade, e que dela nasceu o Cristo; pois, segundo Seu próprio testemunho, Ele não veio da carne e do sangue, mas do céu. É verdadeiro o que nosso Senhor disse, que veio de Deus e a Deus retornaria, e que ninguém iria para o céu exceto o Filho do Homem, vindo do céu e estando no céu; mas assim dizendo, falava, evidentemente, de Seu aspecto humano, e não meramente de Sua divindade; pois o Deus eterno não poderia ter sido Filho do Homem, nem um filho do homem poderia surgir da Trindade; foi possível redimir o homem através de uma alma alheia, trazida do céu, onde se satisfez a necessidade da penetração e crucificação de Deus em nossa forma (humana)”. (Três Princípios…, XXII, 6I).

“O que me ajudaria se Cristo houvesse trazido com Ele uma alma estranha? Nada! Mas regozijo-me de que Ele tenha introduzido minha alma no santíssimo Ternário. Posso dizer, verdadeiramente: ‘A alma de Cristo é minha irmã, e o corpo de Cristo o alimento de minha alma’”(Três Princípios…, XXII 78).

“A virgem pura e imaculada em quem Deus nasceu está diante de Deus e é uma virgem eterna. Ela era pura e sem culpa antes mesmo que o céu e a terra fossem criados; essa virgem pura incorporou-se em Maria, de modo que lhe conferiu um novo ser dentro do elemento santo de Deus. Portanto, ela foi abençoada entre as mulheres, e Deus estava com ela, como foi dito pelo anjo”. (Três Princípios…, XXII 38).

“Não podemos dizer que a virgem celeste ao penetrar Maria tornou-se terrestre por ordem de Deus, mas dizemos que a alma de Maria tomou posse da virgem celeste, e esta adornou sua alma com a coroa pura do santo elemento, um ser humano regenerado, puro; ali Maria recebeu o Salvador do mundo, e deu à luz a Ele neste mundo”. (Três Princípios…, XXII 44).

Maria é chamada de virgem pura e santa apenas com referência à virgem celeste que dela tomou posse, e a revestiu do puro elemento do paraíso. Maria não se apoderou deste estado por poder próprio, como se nota quando o anjo lhe diz: ‘O Espírito de Deus cairá sobre ti e serás revestida pelo poder Supremo; Assim sendo, o Santíssimo que de ti nascerá será chamado de Filho de Deus’.” (Três Princípios…, XX 41).

“As palavras do anjo, ‘O Espírito de Deus cairá sobre ti, e serás revestida pelo poder do Supremo’, significa: O Espírito Santo abrirá o centro fechado interno, na semente moribunda e a Palavra de Deus penetrará com substancialidade vivificante e celestial naquela que se encontrava enclausurada na morte, tornando-se com ela uma só carne”. (Três Princípios…, XXII 41).

“A primeira coisa que uma criança (no ventre) recebe é a tintura de sua mãe. O mesmo aconteceu com o Cristo. Quando o anjo anunciou à Maria a futura encarnação de Cristo, foi a vontade da mãe, e a tintura que receberam o Limbus de Deus que a impregnou e passou a lhe pertencer. Se, então, a alma da criança está na Santíssima Trindade, não pensam vocês que sua luz gloriosa ilumina maravilhosamente a mãe, e que esta mãe coloca, corretamente, seus pés sobre a Lua, ao ser exaltada acima de tudo o que é de natureza terrestre? Ela deu à luz o Redentor do mundo sem nenhum contato carnal, e dela originou-se o corpo que atraiu todos os membros, ou seja, os filhos de Deus em Cristo, os filhos da Luz”. (Três Princípios…, XVIII 93-98).

“A virgem Maria alcançou uma grande perfeição, como a estrela da manhã, que é mais gloriosa que as outras estrelas. Ela alcançou a perfeição e a beleza através de seu Filho, Jesus Cristo”. (Três Princípios…, XVIII 88).

“A virgem Maria não se tornou deidificada. O próprio Cristo diz: ‘Ninguém vai para o céu exceto o Filho do Homem, que veio do céu e está no céu’. Todos os outros devem alcançar o céu através dele. O Cristo é o seu céu, e o Pai é o céu de Cristo”. (Três Princípios…, XVIII 89).

“A virgem continha o Cristo, assim como uma mãe contém seu filho. Ela lhe deu as essências naturais, assim como havia herdado de seus pais; O Cristo recebeu as essências de sua carne e de seu sangue no elemento, e tornou-se ali uma alma viva”. (Três Princípios…, XVIII 90).

“Cristo em Maria aceitou os três princípios, mas em ordem divina, e não misturados, como foi o caso de Adão, quem, através da imaginação, introduziu o reino externo no reino interno, na alma-fogo, em consequência do que a luz foi extinta. Ele (Cristo) tinha em Si a alma-essência, ou o primeiro princípio, a substância da imagem do segundo princípio, e finalmente a forma externa, ou seja, o terceiro princípio”. (Tilk I 336).

“O Cristo atraiu verdadeiramente para Si as essências humanas enquanto no corpo da virgem Maria, e desta forma tornou-se nosso irmão. Mas as essências humanas não podem apreender Sua divindade eterna; só o novo homem, nascido em Deus, é disso capaz, assim como o corpo apreende a alma”. (Três Princípios…, XXII 48).

“Enquanto o Cristo viveu sobre a terra Sua forma externa era limitada como nossos próprios corpos, mas o homem interno era imensurável”. (Três Princípios…, XXIV 88).

“A Razão diz: ‘O corpo de Cristo está em um lugar; como poderia estar em todo lugar? Trata-se de uma criatura, e uma criatura não pode estar em todo lugar ao mesmo tempo’. Ouça, cara Razão: ‘Quando o verbo de Deus tornou-se um ser humano, no corpo de Maria, não estava ele, ao mesmo tempo, acima das estrelas? Enquanto estava em Nazaré, não estava também em Jerusalém e em todo lugar? Ou pensas que Deus, enquanto Se fez homem, tenha ficado confinado à sua forma humana?’ Isso constitui uma impossibilidade e assim, enquanto Deus se tornou homem, Sua humanidade encontrava-se em todo lugar em que Sua divindade existisse”. (Três Princípios…, XXIII 8).

“Quando o Verbo penetra o elemento puro, a matriz virginal, Ele não se separa do Pai, mas permanece eternamente, e está em todo lugar, presente no céu do elemento em que penetrou, e onde se tornou uma nova criatura, chamadadeus’. Essa nova criatura naturalmente não nasceu da carne e do sangue da virgem (física), mas de Deus, de Seu elemento (a virgem celeste, e no poder da Santíssima trindade, que permanece ali eternamente em sua plenitude). Mas a corporeidade do elemento daquele ser criado é inferior com relação à Divindade, pois Ela é espírito, e o elemento santo é nascido do verbo da eternidade. Desta forma, o Verbo penetrou a serva, o que fez com que todos os anjos do céu fossem tomados de surpresa. Trata-se do maior milagre já ocorrido desde toda eternidade, porque isso vai contra a natureza (humana), e só poderia ter acontecido por conta do amor divino”. (Três Princípios…, XVIII 42).

“O espírito desse mundo capturou o corpo, tornando-o terrestre; o corpo e a alma tornaram-se corruptos. Desta forma, não mais estamos em posse do elemento puro necessário para a formação de um corpo (puro), mas de uma protuberância dos quatro elementos em combinação com a influência das estrelas. Este corpo não pertence à Divindade. Deus não Se revela num corpo impuro, mas somente no homem santo (interiormente regenerado), na pura imagem que Ele criou no princípio. Nada mais havia de ser feito além de regenerar a imagem através do coração e da luz de Deus”. (Três Princípios…, XXIII 21).

“A tentação é a dura batalha no jardim do Éden, onde Adão caiu; mas o novo guerreiro saiu vitorioso, e permaneceu como o conquistador”. (Três Princípios…, XII 91).

“Depois que a alma de Cristo recebeu o pão celeste, era preciso observar se ela se manifestaria no poder do fogo da vaidade, ou, se plena de humildade, se manteria unicamente no coração e na vontade de Deus, entregando Sua alma e se tornando um anjo da humildade. Nota-se aqui, a astúcia do demônio, pois ele toma as Escrituras e diz: ‘Os anjos irão conduzi-lo sobre suas mãos’. Esta passagem tem sido mal aplicada, pois não se refere ao corpo físico, mas à alma. Isso ele quis introduzir no orgulho, para que se confiasse em ‘ser carregado pelos anjos’; mas o Redentor disse: ‘Também está escrito: Tu não tentarás o Senhor teu Deus’. Desta forma, ele venceu o orgulho do demônio para penetrar a humildade e o amor de Seu Pai celestial”. (Três Princípios…, XXII 108).

“Após o demônio ter falhado por duas vezes, ele se aproximou com a última e poderosa tentação (dizendo) que lhe daria todo o mundo se ajoelhasse e o adorasse. Adão já havia estado ansioso pela possessão deste mundo; ele desejou torná-lo seu; mas ao proceder desta forma, Adão afastou-se de Deus e foi capturado pelo espírito deste mundo. Agora, o segundo Adão havia que se submeter à essa tentação do primeiro Adão. Havia que ser testado se a alma permaneceria com o homem novo, santo e celestial, vivendo na graça de Deus ou no espírito deste mundo. Mas a alma de Cristo disse ao demônio: “Afasta-te de mim, Satã! Pois está escrito: ‘Deves adorar ao Senhor teu Deus, e Servir à Ele unicamente!’. Assim, o valente guerreiro conquistou, e o demônio teve que partir; tudo o que é terrestre foi superado pelo Cristo. Agora o Senhor está acima da lua, e tem todo o poder no céu e no inferno; Ele é Mestre da vida e da morte. Ele deu início ao Seu reino sacerdotal com sinais e milagres. Ele transformou a água em vinho, tornou são o doente, fez com que o cego enxergasse, e o coxo andasse e até despertou o morto para a vida. Ele se sentou na cadeira de Davi e passou a ser o verdadeiro sacerdote na ordem de Melquisedeck”. (Três Princípios…, XXII 3).

“Quando o Cristo morreu, Ele não jogou fora o corpo que havia estado em Sua possessão sobre a terra, nem o deixou ser consumido pelos quatro elementos, mantendo (ou tomando) um corpo totalmente estranho (para a forma terrestre); Ele simplesmente repousou o sofrimento (a consciência exterior) deste mundo, e Se revestiu da imortalidade, a fim de que Seu corpo pudesse viver no poder divino, e não no espírito deste mundo”. (Três Princípios…, XXV 53).

“É errôneo supor que a alma de Cristo havia deixado o corpo e descendido ao inferno, e que ali, havia, no poder divino, atacado os demônios, atando-os com correntes, destruindo com isso o inferno. É melhor compreender que no momento em que o Cristo prostou o reino deste mundo, Sua alma penetrou a morte e a cólera de Deus, e com isso a cólera foi reconciliada no amor. Os demônios e todas as almas descrentes na cólera foram aprisionadas em si mesmas, e a morte foi rompida; mas a vida floresceu através da morte”. (Três Princípios…, XXV 76).

“Os santos, que colocaram sua fé no Messias, receberam então o elemento puro para um novo corpo, de acordo com a promessa. Pois, como o herói prometido penetrou a morte através da vida, suas almas se revestiram do corpo de Cristo, como num novo corpo, e viveram Nele através de Seu poder. Eram eles os santos patriarcas e profetas, que neste mundo foram ungidos no poder do Verbo de Deus, esmagando a cabeça da serpente e quem, pelo poder do Verbo havia profetizado e realizado milagres. Eles tornaram-se vivos no poder de Cristo”. (Três Princípios…, XXIV 52).

“O corpo no qual o Cristo surgiu dos mortos não podia ser detido por pedras ou lápides. Ele passa por todas as coisas sem nada quebrar; ele se apodera deste mundo, mas este mundo não pode apreendê-lo. Nada o pode fazer sofrer, pois nele encontra-se toda a plenitude da Divindade”. (Três Princípios…, XXV 87).

“Não havia necessidade de remover uma pedra para liberar o corpo do Senhor da tumba. Isso ocorreu unicamente para mostrar aos judeus a tolice de imaginarem poder brecar Deus, e também para os discípulos de pouca fé, para que pudessem ver que Cristo havia verdadeiramente se elevado”. (Três Princípios…, XXV 85).

“Embora o Cristo nem sempre caminhava visivelmente entre os discípulos, Ele frequentemente se mostrava visível, tangível e substancialmente a eles, na forma do corpo que havia ocupado sobre a terra, e o qual o novo corpo havia absorvido, tendo o poder de representar novamente”. (Três Princípios…, XXIV 97).

Deus habita no mundo e preenche todas as coisas; no entanto, Ele nada possui. A luz habita nas trevas, mas não a possui; o dia habita na noite e a noite habita no dia, o tempo na eternidade e a eternidade no tempo; o mesmo ocorre com o homem. Ele próprio é o tempo, e vive com ele segundo seu aspecto externo; é desta mesma forma que o mundo externo existe no tempo; mas o homem interior é eternidade, mundo e tempo espiritual, tal como é criado na luz, de acordo com o amor de Deus, e nas trevas de acordo com Sua cólera. Seu espírito vive naquele princípio que nele está manifestado, seja nas trevas, seja na luz. Cada um deles habita em si mesmo; nenhum deles possui o outro; mas, se um penetra o outro e deseja possuí-lo, este o outro irá perder sua supremacia e poder. Se a luz se manifesta nas trevas, então as trevas deixam de ser trevas; e se as trevas surgem na luz, então a luz e seu poder serão extintos. As trevas eternas da alma constituem o reino do inferno; a luz eterna na alma é seu céu. O homem, portanto, é criado e vive nos três mundos. Um é o mundo das trevas eternas que surge do centro da natureza — natureza eterna — onde nasce o fogo como o tormento eterno; o outro mundo, é o da luz eterna, onde reside a alegria e o Espírito de Deus. É neste mundo de luz que o espírito de Cristo assume substancialidade humana. O terceiro mundo onde vive o homem, e do qual foi gerado, é o mundo visível externo, com seus quatro elementos, e as estrelas visíveis”. (Regeneração, I).

“Ninguém deve se imaginar seguro após ter obtido a coroa de pérolas, pois pode perdê-la novamente. A alma, durante sua vida terrestre, está acorrentada por três temerosas correntes. Primeiro pela severa cólera de Deus, o abismo e as trevas do mundo, que é o centro da vida criada da alma, cuja raiz mais íntima é o desejo. A segunda corrente é a ânsia ígnea do demônio pela alma, que tenta a alma e busca, incessantemente, tirá-la do repouso da verdade divina para cair na vaidade, no orgulho, na avareza, na inveja e na raiva; através destas propensões malignas, ele procura ventilar o fogo na alma, a fim de que se afaste de Deus e penetre o egoísmo. Mas a terceira e mais perigosa corrente é a do corpo e do sangue, corruptíveis, fúteis, terrestre e mortal, cheios de desejos e inclinações malignas, juntamente com a região astral (plano astral), onde, como num grande oceano, a alma está flutuando, o que a faz ser, diariamente, inflamada e infectada pelo pecado”. (Três Princípios…, XXV 7).

“Mesmo depois que a jóia preciosa é semeada, ela não se torna imediatamente uma árvore. O demônio, frequentemente, sopra sobre ela, desejando exterminar a semente de mostarda. A alma tem que enfrentar muitas tormentas. Normalmente ela se engana com o pecado, e tudo parece estar contra ela. É preciso lutar continuamente contra o demônio. Então a árvore de pérola irá crescer como a relva na tempestade e na chuva; mas quando ela cresce e dá flores, se pode ter a certeza de obter os frutos”. (Três Princípios…, XXIV 37).

“O desejo é a introdução (da vontade) em algo, e do desejo resulta a formação de um ser corpóreo (no plano astral). Ali está oculta a fonte do pecado. É muito mais fácil afastar o desejo do que destruir o corpo (formado pela ação). Isso é muito difícil. Portanto, é aconselhável que se volte os olhos para longe dos maus desejos, para que a tintura (o princípio da vida) não penetre a essência e a mente não seja preenchida por eles, pois é através da mente que o desejo se torna substancial, o que exigirá uma ruptura (forçada)”. (Três Princípios…, XX 28).

“Algumas vezes, uma pessoa é tão mal constituída externamente, pelas influências das estrelas, que estão fadadas a passarem por muitos problemas. Parar e refletir faz com que o indivíduo penetre em si mesmo e se abstenha do pecado. No entanto, não se sabe como se livra do malicioso homem exterior”. (Três Princípios…, XX 83).

Deus quis manifestar-Se nos três princípios, mas a ordem não permaneceu como havia sido originalmente instituída. O meio foi para o exterior, e o exterior para o meio. Essa não é a ordem da eternidade, e, portanto os princípios externos e internos devem ser separados”. (A Vida Tríplice…, XVIII 3). 148

“A vida que recebemos no corpo de nossa mãe pertence unicamente ao poder do sol, das estrelas e dos elementos, que não só organizam o corpo da criança, dotando-o de vida, mas que também o trás à luz, o nutre e o acompanha durante toda a duração desta vida. São esses elementos que distribuem fortuna ou infortúnio, e finalmente o faz morrer e decompor-se”. (Três Princípios…, XIV 4).

“Na morte os quarto elementos separam-se do elemento único. Então a tintura, junto com a sombra daquilo que constituía o homem, dirige-se ao éter e permanece com a raiz daquele elemento que originou os elementos, e do qual emanaram”. (Três Princípios…, XIX 14).

“Há três princípios na constituição do homem, cada qual pode ser desenvolvido durante sua existência terrestre; mas depois que o corpo estiver desorganizado, ele vive então em um princípio e não pode envolver o outro. Na eternidade, ele deve permanecer no estado de consciência que adquiriu aqui”. (Três Princípios…, Supplement, X).

“Não há três almas separadas no homem, mas apenas uma. Essa alma permanece em três princípios, ou seja, no reino da cólera, no reino do amor de Deus e no reino deste mundo. Quando o ar do reino externo deste mundo deserta a alma, ela se manifesta ou no obscuro reino do fogo ou no santo reino da luz, que é o reino do fogo-amor, o poder de Deus. Seja qual for o plano com a qual ela se envolveu durante sua existência terrestre, ali ela permanece depois que o reino externo a deixa”. (Mysterium, XV 24).

“Se o espírito permanece não regenerado com seu princípio original, então irá aparecer na ruptura da forma tal criatura correspondente à qualidade da vontade (caráter) adquirido durante a vida terrestre. Se, por exemplo, durante a vida se tem a invejosa disposição de um cão, rancoroso com tudo e com todos, então este caráter do cão irá encontrar sua expressão numa forma correspondente após a morte do corpo; pois de acordo com isso, a alma (animal) toma (assume) sua forma, e esse tipo de vontade permanece contigo na eternidade, pois as portas das profundezas que levam à luz de Deus são então fechadas diante de ti”. (Três Princípios…, XVI 50).

“Ali o mestre irá que prestar contas a seus servos, caso tenha dado a eles mau exemplo, conduzindo-os ao caminho do erro. Então a pobre alma irá gritar de desespero contra seu mestre; pois tudo isso é objetivo diante dela na tintura”. (Três Princípios…, XXIV 30).

“Os próprios pecados do homem, sua depravação e vícios ao rejeitar a Deus, constituem seu inferno-fogo, que o atormenta eternamente. Seu escárnio está agora diante de seus olhos, e ele não se atreve a deixar nem mesmo um bom pensamento penetrar sua alma; pois o bem é para ele como um anjo, e por causa de sua grande fraqueza não pode tocá-lo com sua alma, muito menos vê-lo através dela; só lhe resta engolir seu escárnio, juntamente com todos os seus vícios e pecados para sempre dentro de si mesmo, o que lhe causa um desespero eterno”. (Três Princípios…, XXIV 29).

“O homem é seguido por todas as suas obras, ele as tem eternamente diante de seus olhos e vive ali, a não ser que da malícia e falsidade nasça novamente pelo sangue de Jesus Cristo. Se isso ocorrer, ele rompe a imagem terrestre e infernal para penetrar uma imagem Angélica, vindo para um novo reino, ao qual suas imperfeições não podem acompanhá-lo, e assim a imagem de Deus será restaurada, a partir da forma infernal e terrestre”. (Três Princípios…, XVI 47).

“O motivo pelo qual nossos antepassados aparecerem, de vez em quando,de forma maravilhosa, deve ser encontrado na fé dos vivos; pois a fé é um poder que move montanhas. A fé das pessoas vivas ainda era boa e pura, e elas não adoravam seus ventres ou o show terrestre. Portanto, a fé destas pessoas penetrou o céu; ou seja, o elemento único, os santos. Assim, uma fé alcança a outra; pois os santos também reagem a esta fé poderosa, especialmente aqueles que, sobre a terra, converteram muitos para Deus. É desta forma que obras maravilhosas tem sido realizadas pela invocação da memória dos santos”. (Três Princípios.., XVIII 80).

“A oração dos vivos para os mortos são úteis na medida em que os que oram sejam verdadeiros Cristãos (em seus corações), num estado de regeneração. Se a pobre alma não se tornou inteiramente brutalizada num verme ou animal, mas se ela ainda penetra em Deus com seu desejo, estando, portanto conectada à Ele pelo fio da regeneração, e se a alma-espírito daqueles que oram, juntamente com a pobre alma volta-se para Deus em fervoroso amor, então a primeira irá auxiliar a segunda no combate contra os elementos das trevas e romper as correntes do demônio. Isso é especialmente possível na hora”da separação do espírito do corpo, e eminentemente no caso de pais, filhos ou parentes de sangue; pois entre aqueles que estão ligados entre si pelo sangue as tinturas entram mais facilmente na harmonia necessária (co-vibração), e então o espírito fica mais propenso a entrar na batalha, havendo mais facilidade de conquistar do que se apenas estranhos estiverem presentes. Tudo isso é porém inútil, a menos que estas pessoas estejam, elas próprias num estado de regeneração, pois um demônio não pode destruir a outro. Se a alma do moribundo está inteiramente separada daquilo que a liga a Cristo, e se ela não alcança por seus esforços próprios está ligação. as orações dos outros não valem de nada”. (Três Princípios…, XIX 55).

“A alma origina-se de três princípios; ela vive, portanto numa angústia ternária, e está presa por três laços. O primeiro laço liga a alma à eternidade e alcança o abismo do inferno (a vontade ígnea); o segundo é o reino do céu; o terceiro é a região das estrelas com os elementos. O terceiro reino não é eterno, mas tem um certo período de existência; no entanto, é o reino que faz o homem crescer, dotando-o de hábitos, vontade e desejos relacionados ao bem e ao mal. Ele lhe confere beleza, riqueza e honras, e o torna um rei terrestre. Este reino permanece com ele até o fim de seu tempo, depois o abandona; da mesma forma que o auxilia a obter a vida, o auxilia na morte, libertando-o da alma astral”.

“Não há luz, nem deste mundo, nem de Deus, apenas a luz da ignição de seu próprio fogo, sendo ele um terrível inimigo, a carne de sua cólera. O tipo de angústia destas almas diferem segundo à qualidade daquilo que a alma se carrega. Para tal alma não há auxílio; ela não pode penetrar a luz de Deus; e mesmo que São Pedro tivesse deixado mil chaves sobre a terra, nenhuma delas abriria a porta, pois ela já rompeu o laço que a conectava com a Divindade”. (Veja: Três Princípios…, XIX).

“Tudo o que fazemos, pensamos e desejamos em nosso ser exterior é obra do espírito deste mundo, atuando em nossa constituição; pois o corpo nada mais é do que o instrumento daquele espírito onde opera, e como todos os outros instrumentos que nascem do espírito deste mundo, irá, por fim, se desfazer e se decompor. Portanto, nenhum homem deve desprezar ou condenar outro homem, caso este não possua as mesmas qualidades que ele; pois o céu natural (a constelação) constrói cada homem segundo a natureza das influências regentes. Ele fornece a cada pessoa seus caminhos, modos e caracteres, além de seus desejos e intintos, e isso não pode ser arrancado do homem externo enquanto o céu externo não romper sua constituição animal. Mas se o homem externo não faz o que o espírito do mundo externo deseja nele, mas é forçado a abandonar o que é falso e ilusório, então tal poder não procede do céu externo, mas do novo homem interior, que precede da eternidade e batalha contra o homem terrestre”; normalmente ele alcança uma vitória sobre o segundo”. (Três Princípios…, XXV 6).

“Assim, a jóia preciosa é semeada; mas, lembra-te bem, ela não se transforma imediatamente em árvore. O demônio irá, frequentemente, insinuar-se e tentará destruir a semente de mostarda; a alma terá sempre que suportar pesadas tormentas, e ser coberta com as sombras de seus pecados. Mas, se há uma batalha constantemente contra os poderes do demônio, então a árvore irá crescer e florir, e tu obterás o fruto”. (Três Princípios…, XXIV 37).

“Se as três primeiras qualidades possuem sua superioridade no princípio das trevas, então as outras qualidades estão adormecidas em seus centros; e todas as sete são más”

“Se as três primeiras qualidades possuem sua superioridade no princípio da luz e nascem do centro de trevas, então possuirão em si a natureza da luz. Todas as sete serão boas”:

Deus não tinha outro material do qual criar algo, senão sua própria essência. Mas Deus é um espírito, intangível, que não possui nem princípio, nem fim. Sua profundeza e grandeza é tudo. Um espírito nada faz senão que surge, incita-se, movimenta-se e dá à luz a si mesmo. Neste nascimento há especialmente três formas — o amargor, a adstringência e o calor; mas nestas três formas não há uma primeira, segunda ou terceira; mas todas as três são uma só, sendo que uma dá nascimento à outra”. (Princípios, L 3).

“A palavra Sul e é a alma de algo; pois na palavra Súlfur ela é o óleo ou a luz, que nasce da sílaba Phur. É a beleza ou a bondade de algo; seu amor ou o amado. Na criatura é a inteligência e o sentido, é o espírito nascido da sílaba Phur. A palavra ou sílaba Phur é a Prima Matéria, penetrando o terceiro princípio em si mesmo, o Macrocosmo de onde nasce a essência ou o reino (terrestre) elemental; mas, no primeiro princípio é a essência da geração mais interna, de onde Deus, o Pai, desde a eternidade dá nascimento a Seu Filho. No homem também é a luz que nasce do espírito sideral em outro centro do Microcosmo, mas no Spiraculum é um espírito-alma no centro interior. É a luz de Deus, que por si só, possui aquela alma que está no amor de Deus, pois ela é iluminada e soprada pelo Espírito Santo”. (Três Princípios…, II 7).

“O Sal é a Prima Materia, adstringência. Na adstringência forte surge o amargor; pois, a poderosa atração surge na dificuldade do espírito. Por exemplo, se uma pessoa se torna raivosa, seu espírito atrai aquilo que a faz ficar amargurada e trêmula; e se ela não resiste e se abate, então o fogo da cólera se acende em seu interior, a fim de que queime na malícia. Então, em sua mente e alma isso se torna substancial, um ser”. (Três Princípios…, I 9).

“Mercúrio, um fogo-sulfur-água amargo adstringente; o mais terrível de todos os estados; mas não o imagine como sendo uma Matéria ou algo tangível; trata-se de espírito e a fonte do primeiro princípio da natureza”. (Três Princípios…, I 10).