Boehme: terrestre

“O Cristo diz: O Filho do Homem não faz nada além do que vê o Pai fazendo. Se o Filho do Homem tornou-se o nosso corpo e Seu espírito o nosso próprio espírito, seria possível não conhecermos à Deus? Se vivemos no Cristo, o Espírito de Cristo verá através de nós e em nós aquilo que deseja, e aquilo que o Cristo deseja veremos e conheceremos Nele. O mundo dos anjos é mais simples e mais claramente compreensível para o homem regenerado do que o mundo TERRESTRE. Ele também vê no céu, e observa a Deus e a eternidade”. (Encarnação de Cristo…, II. 7,3).

“Acima de tudo, examine consigo mesmo, o propósito de conhecer os mistérios de Deus, e se estais preparado a empregar aquilo que receber para a glorificação de Deus e para o benefício do próximo. Você está pronto para morrer inteiramente para sua vontade TERRESTRE e egoísta, e desejas, sinceramente ser um com o Espírito? Aquele que não tiver tais propósitos elevados, e busca apenas um conhecimento que satisfaça o seu eu, ou para ser admirado pelo mundo, não está apto a receber tal conhecimento”. (Clavis, II. 3).

“Quem lê esses escritos e não pode compreendê-los, não deve colocá-los de lado, imaginando que nunca serão compreendidos. Deve buscar mudar a sua vontade, elevar sua alma à Deus, rogando-lhe a graça e a compreensão, e então ler novamente. Com certeza, irá perceber mais verdade do que antes, até que por fim o poder da vontade de Deus se manifeste nele, atraindo-o para as profundezas, para o fundamento supranatural — isto é dizer, na eterna unidade de Deus. Então ele irá ouvir as reais mas inexprimíveis palavras de Deus, que irão conduzi-lo através da radiação divina da luz celestial, mesmo com as formas mais grotescas da matéria TERRESTRE, e daí novamente de volta para Deus; e o Espírito de Deus irá buscar todas as coisas nele e com ele”. (Clavis, Prefácio, 5).

“Não podemos falar a língua dos anjos, mesmo se pudéssemos tudo pareceria como se estivéssemos falando sobre seres criados, para os habitantes deste mundo, e diante da mente TERRESTRE se apresentaria como algo TERRESTRE. Somos apenas parte do todo; só podemos conceber e falar de partes, mas não do todo”. (A Vida Tríplice…, II 66).

“Advirto ao leitor, que toda vez que falar da Divindade e de seu grande mistério, não compreenda o que digo como se pretendesse que fosse compreendido num sentido TERRESTRE, mas tome isso de um ponto de vista elevado, num aspecto supra natural. Frequentemente sou forçado a dar nomes terrestres ao que é celeste, para que o leitor possa formar um conceito, e ao meditar sobre ele possa penetrar no fundamento interno”. (Grace, III 19).

“Como o sol no plano TERRESTRE transforma a amargura em harmonia, do mesmo modo age a luz de Deus nas formas da natureza eterna. Essa luz brilha dentro delas e fora delas; a luz incendeia as formas, a fim de que obtenham sua vontade e se rendam à ela completamente. As formas então, abandonam sua própria vontade e tornam-se como se não tivessem poder algum, desejando unicamente o poder da luz”. (Seis Pontos Teosóficos…, V. 3). Pela união do fogo e da luz o terceiro princípio conquista a substancialidade.

“Na luz de Deus, no reino dos céus (a consciência do espírito), o som é muito sutil, doce e amoroso, de forma que se comparado com o barulho TERRESTRE, é como uma perfeita quietude. No entanto, no reino da glória é, de fato, um som compreensível, e há uma linguagem ouvida pelos anjos — uma linguagem que só faz parte da natureza do mundo angélico”. (Mysterium, V. 19).

“A linguagem TERRESTRE é inteiramente insuficiente para descrever o que há de satisfação, felicidade e de amor contidos nas maravilhas internas de Deus. Mesmo se a Virgem Eterna as mostrassem em nossas mentes, a constituição do homem é muito fria e escura para ser capaz de expressar mesmo uma centelha sobre elas em sua linguagem”. (Três Princípios…, XIX. 90).

“Assim como a terra continua a produzir plantas, flores, árvores, metais e seres de várias espécies, um mais glorioso, forte e belo que o outro; e como no nosso plano TERRESTRE uma forma aparece enquanto outras perecem, havendo um contínuo trabalho e envolvimento das formas, do mesmo modo a geração eterna com o santo mistério, continua ocorrendo com grande poder; em consequência dessa contorção de poderes espirituais, os frutos divinos aparecem um ao lado do outro, todos e cada um deles, numa radiação de belas cores. Tudo aquilo pelo qual estamos rodeados no mundo TERRESTRE, não passa de um símbolo TERRESTRE, que existe no reino celestial numa bela perfeição, num estado espiritual. Não existem ali meramente como um espírito, uma vontade ou um pensamento, mas numa substancialidade corporal, em essência e poder, e aparece inconcebível se comparado com o mundo material externo” (Assinatura…, XVI. 18).

“Há uma vida superior à vida neste mundo, na eternidade. O espírito deste mundo (a mente TERRESTRE) não pode conceber a sua natureza. Ela contém em si todas as qualidades desta vida TERRESTRE, mas não em essências inflamadas como no último. Verdadeiramente, ela também contém um fogo, e muito poderoso, mas que queima de forma diferente; ele é doce, humilde e sem dor; ele não consome, mas causa majestade e esplendor vivo, seu espírito é puro amor e alegria”. (A Vida Tríplice…, VIII. I).

“No céu, no mundo espiritual, existem as mesmas qualidades do mundo TERRESTRE; mas elas não se encontram manifestadas de forma tão furiosa (grosseira), mas num estado superior, assim como as trevas estão absorvidas pela luz”. (Mysterium, X..7). 54

“Se nos lançarmos no desejo TERRESTRE, seremos por ele capturado, e a angústia do abismo será o nosso senhor. Mas se pelo poder de nossa vontade nos elevarmos acima deste mundo, então o mundo da vida irá capturar nossa vontade, e Deus será nosso Senhor”. (Pontos Teosóficos, VI.5)

“O homem TERRESTRE tinha em sua constituição o reino deste mundo, mas os quatro elementos (separados) não governavam sobre ele; eles encontravam-se em um, e a ordem TERRESTRE das coisas encontrava-se oculta no homem. Ele deveria viver no estado celeste, e embora tudo estivesse em movimento (vivo) dentro dele, no entanto ele governava a angústia TERRESTRE (consciência externa) através da qualidade celestial (consciência interna) do outro (segundo) princípio, para manter o domínio sobre o reino das estrelas e dos elementos através da qualidade paradisíaca”. (Menschwerung I 2).

“O corpo de Adão (o corpo etéreo do homem aborígine) foi criado dos quatro elementos da natureza externa, e das estrelas (da essência das estrelas), por meio do Fiat eterno. Desta forma, ele estava em posse da essencialidade TERRESTRE e divina; mas a TERRESTRE estava na divina como que consumida ou impotente (latente). A substância ou a matéria da qual o corpo foi feito ou criado também continha o primeiro princípio em si, mas não estava em movimento”. (Encarnação de Cristo…, I 3, 15).

“A corporalidade santa interior do elemento puro penetrou os quatro elementos e manteve consigo o Limo da terra, ou seja, o corpo sulfúrico (TERRESTRE) exterior, como num estado de absorção; este corpo estava realmente presente, mas do mesmo modo que as trevas habitam na luz, não podendo manifestar-se, por causa da luz”. (Mysterium, XVI. 6).

“Nenhum calor, frio, doença, acidente ou medo algum podia tocá-lo ou terrificá-lo. Seu corpo podia passar pela terra e pedras sem que nada fosse quebrado; pois um homem que fosse subjugado pela natureza TERRESTRE, ou que pudesse ser quebrado em pedaços, não seria eterno”. (Encarnação de Cristo…, I 2 13).

“O Paraíso não é algo corpóreo ou tangível num sentido TERRESTRE, mas sua corporeidade e tangibilidade são como a dos anjos. Trata-se de uma substância clara, visível, como se fosse material, e é realmente ‘material’, mas formada apenas do poder, sem qualquer adição de matéria TERRESTRE, e é, portanto, perfeitamente transparente”. (Três Princípios…, IX 18).

“O espírito de Adão buscava o fruto TERRESTRE, pertencente à natureza da terra corrupta, portanto a natureza formou para ele uma árvore semelhante à terra corrupta; pois Adão era o coração na natureza; desta forma, ele auxiliou na formação dessa árvore, da qual desejava comer”. (Aurora, XVII 20).

“A árvore da tentação cresceu pelo poder da fome de auto conhecimento do bem e do mal. Não se pode dizer que se tratava de alguma outra espécie de produto, diferente do resto das árvores; a diferença é que estava manifestado ali o desejo TERRESTRE de consciência do bem e do mal; enquanto que as outras árvores e plantas encontravam-se penetradas pelo santo e paradisíaco Mercúrio, de modo que as qualidades estavam em igual harmonia; o calor e o frio não estavam manifestados de forma separada”.(Cons. Stiefel… II. 80).

“Após Adão ter sido dominado, a tintura, onde a bela virgem havia habitado previamente, tornou-se TERRESTRE, fraca e frágil. A fonte poderosa da tintura, de onde a Virgem tinha seu poder, sem ser subjugada ao sono, deixou Adão e foi para seu próprio princípio”. (Três Princípios…, III 8).

“Assim Adão tornou-se vítima da magia, e sua magnificência se foi. Sono significa morte e entrega. O reino TERRESTRE o conquistou e o dominou”. (Encarnação de Cristo…, I 5).

Adão e Eva ainda tinham uma consciência paradisíaca, mas ela encontrava-se misturada com o desejo TERRESTRE. Eles estavam nus, e tinham órgãos animais para procriação; mas eles não sabiam disso, nem tampouco se envergonhavam, pois o espírito do grande mundo ainda não tinha obtido o governo sobre eles antes de terem provado do fruto TERRESTRE”. (Encarnação de Cristo… I 6 15).

“Esse mundo TERRESTRE está baseado no mundo das trevas, e se o bem não estivesse também corporificado ali, não haveria outro feito senão o do mundo das trevas; mas isso é evitado pelo poder divino e pela luz do sol”. (Seis Pontos Teosóficos…, IX 17).

“Do fogo origina-se o ar e do ar a água e da água a terra; ou seja, uma substância que é de natureza TERRESTRE; os elementos são meramente uma manifestação externa do elemento eterno interior e um fumaça inflamada do último”. (Mysterium, VII 19).

“A consciência TERRESTRE corrompeu a celeste, e a primeira tornou-se a Turba da última. Da mesma forma, o Fiat fez a terra e as pedras a partir da essencialidade eterna”. (Encarnação de Cristo… I 9).

Deus fez a alma penetrar a carne e o sangue, a fim de que não pudesse ser, tão facilmente, receptiva à cólera. Assim, (durante a existência TERRESTRE) ela aprecia a si mesma no espelho do sol, e está satisfeita em sua essência sideral”. (Seis Pontos Teosóficos…, VII 19).

“Através da análise de nós mesmos descobrimos que, no geral, o espírito externo (nossa natureza humana) é muito útil. Muitas almas se tornariam corruptas se o espírito animal não mantivesse o fogo capturado e apresentasse o fogo-espírito TERRESTRE, a ocupação animal e a satisfação, com as quais podem se divertir até obter novamente um lapso de sua nobre imagem, e começar a buscá-la novamente”. (Quarenta Questões… XVI 10).

“A qualidade TERRESTRE, que se encontrava no Paraíso numa condição não manifestada, manifestou-se através do desejo da alma. Disso resultou o calor e o frio, a vida-veneno de toda adversidade, a supremacia do corpo, de modo que a bela imagem do Céu e do Paraíso desapareceu de vista”. (Cons. Stiefel…. II 83).

Deus deu ao homem um corpo constituído de poder puro e essencial, depois deu a natureza da alma, que se comparada com a grosseira substância TERRESTRE, pode ser considerada como sendo um corpo espiritual”. (Mysterium, XVI 3).

“Os corpos dos primeiros seres humanos eram celestiais, mas quando comeram do fruto TERRESTRE, absorvendo-o em seus corpos a temperatura separou-se, e o corpo TERRESTRE manifestou-se de acordo com todas as qualidades”. (Grace, VII 5).

“Quando Eva alcançou a árvore e arrancou o fruto, ela o fez através do limus TERRESTRE e através da vontade da alma, que desejou o conhecimento do centro da natureza. Ao realmente comer do fruto, a essência de seu corpo, ou seja, a essência humana, tomou a essência na árvore”107. (Mysterium XX 29).

“O homem não era como os animais, criados do bem e do mal, (da substância meramente TERRESTRE). Se ele não tivesse se alimentado do bem e do mal não haveria nele o fogo e a cólera; mas agora ele também possui um corpo animal”. (Aurora, XVIII 109).

“Foi através da queda do homem, com relação ao corpo externo, que ele se tornou o animal dos animais; ou seja, ele se tornou a imagem animal de Deus, onde a palavra de Deus tornou-se manifestada de uma maneira TERRESTRE. Desta forma, ele passou a ser o mestre e rei de todos os animais; mas, no entanto, apenas um animal, dotado de um intelecto mais elevado do que as meras formas animais”. (Grace, VII 6).

“Se Deus houvesse criado o homem para esta vida animal, doentia, de pavorosa perversão, corruptível e TERRESTRE, Ele não o teria colocado no Paraíso. Se Sua intenção original fosse que a humanidade se procriasse como os brutos, Ele os teria feito homem e mulher desde o princípio”. (Mysterium, XVIII 5).

“Quando as duas tinturas se juntam em uma, a qualidade do reino eterno da alegria, o desejo mais elevado e sua plenitude, manifesta-se. Se isso pudesse ser feito na pureza, sem a mistura daquilo que causa desgosto, então tudo seria santo; mas mesmo o súlfur (o elemento TERRESTRE) da semente é uma causa de desgosto aos olhos da verdadeira santidade”. (Cons. Stiefel…, II 402).

“Se o princípio divino do amor ainda não impregnasse toda a natureza neste mundo TERRESTRE, e se nós pobres seres criados não tivéssemos conosco o guerreiro na batalha, com certeza pereceríamos no horror do inferno”. (Aurora, XIV 104).

“O Cristo foi perpetuado em todos os homens como uma centelha brilhante da luz divina, de acordo com a qualidade da imagem verdadeira e como uma potencialidade (ou semente do ser imortal), mas, é claro que não na carne externa do mundo TERRESTRE, mas dentro do segundo princípio”. (Cons. Stiefel…, II 318).

“Ouça e veja qual era o desejo de Adão e Eva antes e depois da queda. Eles desejaram o reino TERRESTRE e a mente de Eva estava direcionada para as coisas terrestres. Quando ela deu à luz a Caim, disse: ‘Eu tenho o Homem, o Senhor’. Ela pensou que ele era aquele cujo calcanhar esmagaria a cabeça da serpente, afastaria o demônio. Ela não pensou que deveria morrer quanto a sua vontade carnal, TERRESTRE e falsa e renascer na vontade divina. Tal vontade (egoísta) ela carregaria com sua semente, e Adão, da mesma forma, resultando a vontade na essência-alma.145 A árvore produziu um galho de sua própria natureza, pois os pensamentos de Caim tiveram a mesma propensão, tornando-se senhor desta terra. Quando Caim viu que Abel era maior do que ele no amor de Deus, sua vontade animal livre surge com o propósito de matar Abel, pois ele preocupava-se apenas com a possessão do mundo externo, e de ser seu senhor, enquanto Abel procurava apenas o amor de Deus”. (Mysterium, XXVI 23).

“Depois da queda, Iahweh pronunciou o nome de Jesus em Adão numa vida real; ele o manifestou no ser celeste, enfraquecido por conta do pecado. Em consequência desse pronunciamento, houve um despertar da morte espiritual ou do estado de morte, onde Adão havia mergulhado; um desejo divino foi novamente despertado, era o princípio da fé. Esse mesmo desejo separou-se da qualidade do falso desejo, formou uma imagem e Abel veio à existência; mas Caim era o produto da qualidade da alma de Adão, de acordo com sua luxúria TERRESTRE”. (Grace, IX 101).

“Depois que o primeiro mundo TERRESTRE da qualidade humana se afundou no dilúvio, sua forma tornou-se reconstituída em Noé e em seus três filhos”. (Mysterium, XXIV 30).

“Embora madeira e animais haviam sido usados nos sacrifícios, o fogo usado ali não fora produzido por meios externos, mas originado da mais elevada tintura da fundação paradisíaca. Esse fogo santo consumiu as vítimas através da imaginação e inflamação de Deus, e assim, a vontade humana, introduzida ali e que ainda estava inclinada à condição TERRESTRE, foi (e ainda é) purificada no fogo e redimida do pecado. A grosseria dos elementos havia de ser consumida, e desta consumação pelo fogo deveria emanar a imagem espiritual, bela, pura e verdadeira, criada em Adão; a qual, enquanto contida no fogo da cólera divina, não podia aparecer em sua clareza através desse fogo santo”. (Batismo, II 2 16).

“A vítima, a madeira, a fumaça, tudo era TERRESTRE, assim como o homem era TERRESTRE, no que se refere ao seu corpo externo; mas depois que o objeto sacrifical fora inflamado (pelo fogo mágico) tornou-se de natureza espiritual, pois da madeira surgiu o fogo, que recebeu e consumiu o objeto. Desta consumação resultou a fumaça do fogo, seguida pela luz, e essa luz foi o símbolo em que a imaginação do homem e a de Deus, produziram uma conjunção”.(Mysterium, XXVII 29 — 30).

“O Verbo, ou a segunda pessoa na Divindade, tem estado no Pai por toda eternidade, e ao encarnar na humanidade, não mudou sua natureza, tornando-se uma outra coisa, mas permaneceu no Pai, em seu centro e lugar, como tem sido por toda eternidade. A outra (segunda) formação, ocorreu de forma natural, na ocasião da anunciação pelo anjo Gabriel, quando a virgem disse ao anjo: ‘Que seja feita a tua vontade’. A plenitude deste Verbo foi efetuada no elemento celestial, como foi a criação do primeiro Adão antes da queda. A terceira formação ocorreu simultaneamente a segunda, de uma só vez, assim como uma semente TERRESTRE é semeada enquanto uma criança cresce”. (Três Princípios…, XVIII 45).

“O santo Espírito de Deus formou a substancialidade Angélica, celestial em um só elemento, através da virgem; mas os planetas e elementos deste mundo formaram o homem externo, conferindo-lhe um corpo natural e uma alma exatamente igual a dos outros seres humanos, ambos em uma só pessoa. De modo que, cada forma possuía seu próprio estado particular de percepção e sensação, e o estado divino não se misturou a tal fórmula (com a forma TERRESTRE) a fim de que a primeira diminuísse e permanecesse o que era (antes que a encarnação ocorresse), e se transformasse no que não era (através da encarnação), mas sem qualquer separação, diferenciação ou divisão do ser divino. Desta forma, o Verbo permanece no pai, o ser criado do santo elemento permaneceu diante do pai, e o estado natural humano ocorreu neste mundo, no ventre da virgem Maria”. (Três Princípios…, XX 86).

“Alguns afirmaram que a virgem Maria não era um ser TERRESTRE, nem filha de Joaquim e Ana, porque o Cristo é denominado a semente da mulher, portanto, teria que ter nascido de uma completa virgem celeste. Se assim o fosse, de nada serviria para nós pobres filhos de Eva, já que somos terrestres e carregamos nossas almas em tabernáculos terrestres”. (Encarnação de Cristo…, I.8 I).

“O Cristo disse aos Judeus: ‘Eu sou de cima, mas vocês são de baixo; Eu não pertenço a este mundo, mas vocês pertencem a este mundo’. Se Ele houvesse se humano num tabernáculo TERRESTRE, e não numa virgem casta, celestial e pura, tal como Maria se tornou em consequência de ter sido abençoada, Ele seria deste mundo”. (Encarnação de Cristo…. I 9, 20).

“Não podemos dizer que a virgem celeste ao penetrar Maria tornou-se TERRESTRE por ordem de Deus, mas dizemos que a alma de Maria tomou posse da virgem celeste, e esta adornou sua alma com a coroa pura do santo elemento, um ser humano regenerado, puro; ali Maria recebeu o Salvador do mundo, e deu à luz a Ele neste mundo”. (Três Princípios…, XXII 44).

“Nenhuma outra mulher, desde o tempo de Adão, tornou-se revestida pela virgem celeste exceto Maria; isso ocorreu na alma-princípio, e não na carne TERRESTRE”. (Quarenta Questões…, XXXVI 12).

“A primeira coisa que uma criança (no ventre) recebe é a tintura de sua mãe. O mesmo aconteceu com o Cristo. Quando o anjo anunciou à Maria a futura encarnação de Cristo, foi a vontade da mãe, e a tintura que receberam o Limbus de Deus que a impregnou e passou a lhe pertencer. Se, então, a alma da criança está na Santíssima Trindade, não pensam vocês que sua luz gloriosa ilumina maravilhosamente a mãe, e que esta mãe coloca, corretamente, seus pés sobre a Lua, ao ser exaltada acima de tudo o que é de natureza TERRESTRE? Ela deu à luz o Redentor do mundo sem nenhum contato carnal, e dela originou-se o corpo que atraiu todos os membros, ou seja, os filhos de Deus em Cristo, os filhos da Luz”. (Três Princípios…, XVIII 93-98).

“O Cristo não se tornou homem apenas no corpo (TERRESTRE) da virgem Maria, como se Sua divindade ou essencialidade divina tivesse sido capturada, aprisionada ou permanecida ali. Assim como um pouco de Deus, que é a plenitude de todas as coisas, reside em apenas um lugar, pequeno foi o movimento de Deus, em uma pequena porção (a do Verbo); pois Ele não é diferenciado, mas em todo lugar é um e o todo, e onde quer que se torne manifesto ali é Ele manifestado como um todo. Nem Deus é mensurável, nem há lugar em que habite, a menos que Ele estabeleça para Si mesmo tal morada em uma de Suas criaturas; mas, mesmo assim Ele permanece um todo à parte e além de todo ser criado”. (Encarnação de Cristo…. I 8).

“O espírito desse mundo capturou o corpo, tornando-o TERRESTRE; o corpo e a alma tornaram-se corruptos. Desta forma, não mais estamos em posse do elemento puro necessário para a formação de um corpo (puro), mas de uma protuberância dos quatro elementos em combinação com a influência das estrelas. Este corpo não pertence à Divindade. Deus não Se revela num corpo impuro, mas somente no homem santo (interiormente regenerado), na pura imagem que Ele criou no princípio. Nada mais havia de ser feito além de regenerar a imagem através do coração e da luz de Deus”. (Três Princípios…, XXIII 21).

“O Cristo veio para curar o dano que Adão sofreu quando morreu para o reino celeste; para despertar o homem interior, desaparecido em Adão; para regenerá-lo em Seu poder; para esmagar, para sempre, a cabeça da serpente, cheia de ira e falsidade, (ou seja), para matar a vontade TERRESTRE (egoísta)”. (Cons. Stiefel…, II 168).

“Foi da vontade de Deus transmutar a humanidade numa qualidade celeste, após esta ter se tornado TERRESTRE, transformar a terra humana (elemento material) em céu, fazer dos quatro elementos apenas um e transformar a ira de Deus, na qualidade humana, em amor. Mas a ira de Deus, tento sido inflamada no homem, era um poder de fogo e fúria, ao qual se deve resistir e transformar em amor, era necessário que o amor propriamente dito, penetrasse a ira, circundando-a totalmente. Não bastava para tanto, que Deus permanecesse no céu (em Sua própria auto consciência divina) olhando para a humanidade de forma amorosa. Isso não teria subjugado o poder da fúria e da cólera, a humanidade tão pouco poderia penetrar um estado de amor”. (Assinatura…, XI. 7).

“Quando os dois reinos, a cólera de Deus e o amor de Deus estavam lutando um contra o outro, o Cristo surgiu como herói. Desejando render-Se à cólera (ao sofrimento causado pelos princípios baixos despertados para a consciência em consequência do pecado), Ele a extinguiu com Seu amor. Ele veio de Deus para este mundo e tomou nossa alma para Si, a fim de poder nos tirar do estado TERRESTRE para Si próprio e nos conduzir à Deus. Ele nos regenerou em Si próprio, para que fossemos capazes de viver novamente em Deus, e para que pudéssemos colocar nossa vontade Nele. Com Ele fomos conduzidos ao Pai, à nossa primeira morada, ou seja, ao Paraíso, o qual Adão havia deixado”. (Encarnação de Cristo…, I II 6).

“Após o demônio ter falhado por duas vezes, ele se aproximou com a última e poderosa tentação (dizendo) que lhe daria todo o mundo se ajoelhasse e o adorasse. Adão já havia estado ansioso pela possessão deste mundo; ele desejou torná-lo seu; mas ao proceder desta forma, Adão afastou-se de Deus e foi capturado pelo espírito deste mundo. Agora, o segundo Adão havia que se submeter à essa tentação do primeiro Adão. Havia que ser testado se a alma permaneceria com o homem novo, santo e celestial, vivendo na graça de Deus ou no espírito deste mundo. Mas a alma de Cristo disse ao demônio: “Afasta-te de mim, Satã! Pois está escrito: ‘Deves adorar ao Senhor teu Deus, e Servir à Ele unicamente!’. Assim, o valente guerreiro conquistou, e o demônio teve que partir; tudo o que é TERRESTRE foi superado pelo Cristo. Agora o Senhor está acima da lua, e tem todo o poder no céu e no inferno; Ele é Mestre da vida e da morte. Ele deu início ao Seu reino sacerdotal com sinais e milagres. Ele transformou a água em vinho, tornou são o doente, fez com que o cego enxergasse, e o coxo andasse e até despertou o morto para a vida. Ele se sentou na cadeira de Davi e passou a ser o verdadeiro sacerdote na ordem de Melquisedeck”. (Três Princípios…, XXII 3).

“Quando o Cristo morreu, Ele não jogou fora o corpo que havia estado em Sua possessão sobre a terra, nem o deixou ser consumido pelos quatro elementos, mantendo (ou tomando) um corpo totalmente estranho (para a forma TERRESTRE); Ele simplesmente repousou o sofrimento (a consciência exterior) deste mundo, e Se revestiu da imortalidade, a fim de que Seu corpo pudesse viver no poder divino, e não no espírito deste mundo”. (Três Princípios…, XXV 53).

“De fato, o Cristo assumiu a substância TERRESTRE, mas em Sua morte, ou seja, como Ele superou a morte, o ser divino fez com que o estado TERRESTRE desaparecesse tirando dele a sua supremacia. Não que o Cristo tenha colocado algo de lado (o que Ele não fez), mas aquele ser externo fora conquistado, e por assim dizer, consumido”. (Encarnação de Cristo… I 8 II).

“A verdadeira essencialidade em Cristo não afastou a consciência TERRESTRE, mas a penetrou como senhor e conquistador. A verdadeira vida deveria ser a primeira a ser conduzida à morte e à cólera de Deus. Isso ocorreu na Cruz, ocasião em que a morte foi destruída e a cólera aprisionada e extinta pelo amor, consequentemente conquistada”. (Encarnação de Cristo…, IX 16).

“Pois, aquilo que é feito de carne mortal irá retornar a terra. Nela reside a vaidade deste mundo. A carne deseja o que não é de Deus, e não pode ser considerado um Templo do Espírito Santo. Muito menos pode ocorrer ali uma regeneração espiritual da carne TERRESTRE, porque ela morre e se dissolve, e é morada dos pecados. Mas o verdadeiro Cristão nasce de Cristo, e aquele que é regenerado é um templo do Espírito Santo que habita em nós”. (Regeneração, I).

“Através da introdução da vontade divina o homem reúne-se a Deus e renasce em sua natureza emocional. Ele começa a morrer com relação ao egoísmo do falso desejo (dentro dele) e a se regenerar em novo poder. Ainda há a qualidade carnal atraída a ele, mas no espírito ele caminha com Deus; desta forma, nasce no homem de carne TERRESTRE um novo homem espiritual com percepções divinas e com uma vontade divina, matando dia após dia, a luxúria da carne, e pelo poder divino, começa a render o mundo, ou seja, a vida externa; Ele começa a fazer com que o céu, ou o mundo espiritual interior, se torne visível no mundo externo; Deus torna-se homem e o homem Deus, até que a árvore, finalmente, atinja a sua perfeição, quando a casca externa irá cair, e ela aparecerá como árvore espiritual da vida no jardim de Deus”. (Mysterium, Supplement, VIII).

“Ninguém deve se imaginar seguro após ter obtido a coroa de pérolas, pois pode perdê-la novamente. A alma, durante sua vida TERRESTRE, está acorrentada por três temerosas correntes. Primeiro pela severa cólera de Deus, o abismo e as trevas do mundo, que é o centro da vida criada da alma, cuja raiz mais íntima é o desejo. A segunda corrente é a ânsia ígnea do demônio pela alma, que tenta a alma e busca, incessantemente, tirá-la do repouso da verdade divina para cair na vaidade, no orgulho, na avareza, na inveja e na raiva; através destas propensões malignas, ele procura ventilar o fogo na alma, a fim de que se afaste de Deus e penetre o egoísmo. Mas a terceira e mais perigosa corrente é a do corpo e do sangue, corruptíveis, fúteis, TERRESTRE e mortal, cheios de desejos e inclinações malignas, juntamente com a região astral (plano astral), onde, como num grande oceano, a alma está flutuando, o que a faz ser, diariamente, inflamada e infectada pelo pecado”. (Três Princípios…, XXV 7).

“Enquanto o homem TERRESTRE viver a alma estará em contínuo perigo, pois o demônio tem uma inimizade com ela, lançando seus raios com uma falsa imaginação no espírito das estrelas e dos elementos; ele alcança, assim o fogo-alma, e deseja envenená-la com um desejo TERRESTRE e demoníaco. A nobre imagem deve, neste caso, (na consciência interna do homem) levantar-se em defesa; muita luta pela coroa dos anjos se faz necessária, e sempre surge ali, dentro do velho Adão, dúvidas e descrenças”. (Encarnação de Cristo…, XI. 6).

“Enquanto a casa mortal existe, nossa alma não habita na fonte de Deus, de modo a apreender essa fonte em si mesma. O sol brilha através de um vidro, provendo-o de luminosidade; no entanto, o vidro não se torna o sol. Ele simplesmente permanece (por um tempo) na luz e poder do sol, que brilha em sua substância e através de sua substância. O mesmo ocorre com a alma em seu estado TERRESTRE”. (Mysterium, L II 3).

“Que ninguém pense que a árvore da fé Cristã possa ser vista ou conhecida no reino deste mundo. O homem externo não a reconhece, e mesmo que o Espírito Santo se manifestasse no espelho exterior, a vida externa tornar-se-ia satisfeita e tremeria de prazer, e pensaria ter recebido o convidado esperado; ela então acreditaria, ainda que não ocorra ali uma duração perfeita; o Espírito de Deus não permanece constantemente na mente TERRESTRE. Ele quer ter um vaso limpo, e sempre que retorna a seu princípio — sendo este a verdadeira imagem — o ser externo torna-se duvidoso e cheio de medos”. (Encarnação de Cristo…, CXI 8).

“Na pedra bruta pode-se encontrar o ouro precioso em crescimento, e a aspereza da pedra auxilia o seu crescimento, embora a aspereza não seja como o ouro. Do mesmo modo, o corpo TERRESTRE deve auxiliar na geração do Cristo em si, mesmo que aquele corpo não seja o Cristo, e nunca será o Cristo na eternidade”. (Grace, VIII 94).

“Somos de natureza TERRESTRE, mas também possuímos uma existência celeste dentro da TERRESTRE. Durante nossa vida temporal, uma se mistura à outra, mas não atuam uma na outra; cada uma é meramente a habitação da outra, assim como no caso do ouro na pedra. A pedra não é o ouro, simplesmente seu veículo. A aspereza da pedra não é o que produz o ouro, o que é feito através da tintura do sol atuando ali”. (Encarnação de Cristo…, I 14).

“É uma grande tolice para o homem anelar o que não é seu (mas sim um mero atrativo para o ser com o qual está ligado durante sua carreira TERRESTRE), e introduzir em seu desejo aquilo que o infecta de doenças, e que por último lhe conduz para longe de Deus, excluindo-o em corpo e alma de seu estado celestial”. (Mysterium, XXIV 16).

“Se o homem penetra a regeneração ele pode ser bem sucedido na subjugação do homem externo, de modo que esse faça o que não deseja, porque o primeiro tira a força do segundo, e o penetra; mas como o ouro numa pedra bruta, e a aspereza da pedra não se torna ouro, o homem TERRESTRE não se torna Deus”. (Cons. Stiefel…, I 59).

“O homem interior mata continuamente o exterior através do amor e doçura de Deus, a fim de que o externo não possa introduzir na alma-fogo seu desejo TERRESTRE venenoso, que está infectado pelo demônio; mas o homem exterior não pode ser inteiramente destruído, pois se isso ocorresse o reino deste mundo o deixaria inteiramente”. (Cons. Stiefel…, I 51).

“Nossa vida deve ser um arrependimento constante, pois é também uma contínua corrente de pecado. Na verdade, o nobre ramo de lírios, recém nascido em Cristo, não peca; no entanto, o homem TERRESTRE peca em corpo e alma, e busca destruir a nobre flor”. (Cons. Stiefel…, XI 537).

“Um verdadeiro Cristão sabe ser um servo de Deus, cujo dever é atender às Suas obras, apropriadamente. Ele não é propriedade seu, e o corpo TERRESTRE que habita, não é seu verdadeiro lar. Ele pode buscar, plantar, cultivar, lutar e agir como quiser, mas está sempre consciente de que faz aquilo para Deus, e que terá que prestar contas sobre isso. Ele deve lembrar-se sempre que entre essas obras é um estranho, uma visita, um servo”. (Assinatura…, XV 44).

“Aquele que espera realizar algo bom e perfeito, onde possa regozijar-se eternamente e disso desfrutar, que saia de seu egoísmo e vontade-própria e penetre a submissão na vontade de Deus. Mesmo que o desejo TERRESTRE pelo egoísmo o perseguir em sua carne e sangue, se sua vontade-alma não é infectada por aquele desejo do eu, tal eu não será capaz de produzir nada; pois a vontade interna da alma, repousando na submissão de Deus, destrói continuamente a essência da auto afirmação, e desta forma a cólera de Deus não pode alcançá-la. Se a cólera atingisse a essência, então a vontade submetida surgiria ali com seu poder, e permaneceria ali, firme, diante de Deus, como um produto da vitória que irá herdar a infância”. (Quietude…, XI I).

“Há três princípios na constituição do homem, cada qual pode ser desenvolvido durante sua existência TERRESTRE; mas depois que o corpo estiver desorganizado, ele vive então em um princípio e não pode envolver o outro. Na eternidade, ele deve permanecer no estado de consciência que adquiriu aqui”. (Três Princípios…, Supplement, X).

“Não há três almas separadas no homem, mas apenas uma. Essa alma permanece em três princípios, ou seja, no reino da cólera, no reino do amor de Deus e no reino deste mundo. Quando o ar do reino externo deste mundo deserta a alma, ela se manifesta ou no obscuro reino do fogo ou no santo reino da luz, que é o reino do fogo-amor, o poder de Deus. Seja qual for o plano com a qual ela se envolveu durante sua existência TERRESTRE, ali ela permanece depois que o reino externo a deixa”. (Mysterium, XV 24).

“Durante sua vida TERRESTRE a alma pode mudar swa vontade, mas após a morte do corpo nada permanece no seu poder através do qual possa mudar sua vontade”. (Tilk I 267).

“O que quer que a alma receba em sua vontade. Durante sua vida TERRESTRE, e seja com o que for que ela se envolva, isso irá levar com sua vontade após a morte do corpo; ela não pode mais se livrar disso, pois ela nada mais tem do que aquilo em que se meteu, e que agora constitui seu próprio ser. Mas durante a vida TERRESTRE ela pode destruir aquilo em que envolveu sua vontade”. (A Vida Tríplice…, XII 25).

“Se o espírito permanece não regenerado com seu princípio original, então irá aparecer na ruptura da forma tal criatura correspondente à qualidade da vontade (caráter) adquirido durante a vida TERRESTRE. Se, por exemplo, durante a vida se tem a invejosa disposição de um cão, rancoroso com tudo e com todos, então este caráter do cão irá encontrar sua expressão numa forma correspondente após a morte do corpo; pois de acordo com isso, a alma (animal) toma (assume) sua forma, e esse tipo de vontade permanece contigo na eternidade, pois as portas das profundezas que levam à luz de Deus são então fechadas diante de ti”. (Três Princípios…, XVI 50).

“Se durante sua vida TERRESTRE, não iluminastes tua alma e o espírito eterno dado a ti pelo bem supremo, na luz de Deus, a fim de que o espírito renasça naquela luz, na substancialidade divina, então a alma no Mysterium irá retornar ao centro da natureza, e penetrar na qualidade da angustia das quatro formas inferiores da natureza eterna. Ali ela estará na companhia de todos os demônios, e será obrigada a devorar aquilo que movimentou”. (Encarnação de Cristo…, XI 6).

“Durante a vida TERRESTRE o descrente sente a presença do inferno dentro de sua falsa consciência, mas ele não o compreende; pois ainda vive na vaidade TERRESTRE, onde se distrai, e o qual lhe proporciona prazer e luxúria. Além do mais, sua vida externa está em possessão da luz da natureza externa, e sua alma revela-se ali; de modo que a dor interna não pode se manifestar. Mas quando o corpo morre, a alma não mais desfruta de tal proteção e dos prazeres temporais. Somado a isso, a luz externa terá sido extinta. A alma entra numa eterna ânsia pela vaidade à qual cedeu durante sua vida na terra; mas ela nada pode reter além de sua própria falsa vontade concebida. Ela agora possui muito pouco daquilo que antes possuía tanto, e com o que tampouco estava satisfeita. Ela certamente cometeria mais mal, mas não tem como realizá-lo, e assim ela interpreta esse papel dentro de seu próprio ser”. (Vida Suprasensual…, XXXIX).

“Se um homem tem um desejo constante por Deus; se seu desejo é tão poderoso a ponto de possibilitá-lo a parar e voltar-se para a humildade, as essências malignas, quaisquer que sejam, começarão a queimar; se ele puder resignar a todas as coisas que neste mundo brilham e enganam; se puder fazer o bem no lugar do mal; se é poderoso o bastante para dar aos necessitados tudo o que pertence ao exterior, seja dinheiro ou bens; e se está pronto a desertar todas as coisas por causa de Deus, penetrando um estado de miséria com esperança certa no eterno; se nele surgir o poder divino, para que possa despertar ali o reino da alegria e provar Deus; tal pessoa carrega consigo a imagem divina com a essência celestial mesmo durante sua vida TERRESTRE, a imagem em que Jesus nasce da virgem. Ele não irá morrer eternamente, mas simplesmente irá deixar o reino TERRESTRE abandoná-lo, este que foi, durante essa vida, uma oposição e um impedimento com o qual Deus o cobriu”. (Seis Pontos Teosóficos…, VII 44).

“O homem é seguido por todas as suas obras, ele as tem eternamente diante de seus olhos e vive ali, a não ser que da malícia e falsidade nasça novamente pelo sangue de Jesus Cristo. Se isso ocorrer, ele rompe a imagem TERRESTRE e infernal para penetrar uma imagem Angélica, vindo para um novo reino, ao qual suas imperfeições não podem acompanhá-lo, e assim a imagem de Deus será restaurada, a partir da forma infernal e TERRESTRE”. (Três Princípios…, XVI 47).

“O motivo pelo qual nossos antepassados aparecerem, de vez em quando,de forma maravilhosa, deve ser encontrado na fé dos vivos; pois a fé é um poder que move montanhas. A fé das pessoas vivas ainda era boa e pura, e elas não adoravam seus ventres ou o show TERRESTRE. Portanto, a fé destas pessoas penetrou o céu; ou seja, o elemento único, os santos. Assim, uma fé alcança a outra; pois os santos também reagem a esta fé poderosa, especialmente aqueles que, sobre a terra, converteram muitos para Deus. É desta forma que obras maravilhosas tem sido realizadas pela invocação da memória dos santos”. (Três Princípios.., XVIII 80).

“A alma origina-se de três princípios; ela vive, portanto numa angústia ternária, e está presa por três laços. O primeiro laço liga a alma à eternidade e alcança o abismo do inferno (a vontade ígnea); o segundo é o reino do céu; o terceiro é a região das estrelas com os elementos. O terceiro reino não é eterno, mas tem um certo período de existência; no entanto, é o reino que faz o homem crescer, dotando-o de hábitos, vontade e desejos relacionados ao bem e ao mal. Ele lhe confere beleza, riqueza e honras, e o torna um rei TERRESTRE. Este reino permanece com ele até o fim de seu tempo, depois o abandona; da mesma forma que o auxilia a obter a vida, o auxilia na morte, libertando-o da alma astral”.

“A alma, em sua vestimenta astral, flutuando nas portas da profundeza, passa por grandes dificuldades, devido ao seu estado TERRESTRE, e pelo poder que pertence à sua constituição astral, ela pode reaparecer em sua forma corpórea prévia, pedindo algo, tal como era seu desejo antes da morte, buscando obter repouso; ela pode também ir a lugares assombrados e tentar manifestar sua presença na luz, de acordo com seu espírito sideral, produzindo ruídos de várias espécies”.

“Tudo o que fazemos, pensamos e desejamos em nosso ser exterior é obra do espírito deste mundo, atuando em nossa constituição; pois o corpo nada mais é do que o instrumento daquele espírito onde opera, e como todos os outros instrumentos que nascem do espírito deste mundo, irá, por fim, se desfazer e se decompor. Portanto, nenhum homem deve desprezar ou condenar outro homem, caso este não possua as mesmas qualidades que ele; pois o céu natural (a constelação) constrói cada homem segundo a natureza das influências regentes. Ele fornece a cada pessoa seus caminhos, modos e caracteres, além de seus desejos e intintos, e isso não pode ser arrancado do homem externo enquanto o céu externo não romper sua constituição animal. Mas se o homem externo não faz o que o espírito do mundo externo deseja nele, mas é forçado a abandonar o que é falso e ilusório, então tal poder não procede do céu externo, mas do novo homem interior, que precede da eternidade e batalha contra o homem TERRESTRE”; normalmente ele alcança uma vitória sobre o segundo”. (Três Princípios…, XXV 6).

“O mundo externo ou a vida externa não é um vale de sofrimento para aqueles que o aproveitam, mas apenas para aqueles que conhecem uma vida superior. O animal desfruta da vida animal; o intelectual desfruta do reino intelectual; mas aquele que penetrou a regeneração reconhece sua existência TERRESTRE como um peso e uma prisão. Com esse reconhecimento, toma para si a Cruz de Cristo”. (Epistles. Ii 34).

“Qual o benefício do corpo (etéreo) se a alma alimenta-se da divindade pura? Pois sabes que a alma e o corpo não são um e a mesma coisa. A alma é espírito, e necessita do alimento espiritual. Ou pensas que podes alimentar o novo homem com o alimento TERRESTRE? Se pensares assim, é porque estais longe do reino de Deus”. (Princípios, XXIII 6).

“A palavra Sul e é a alma de algo; pois na palavra Súlfur ela é o óleo ou a luz, que nasce da sílaba Phur. É a beleza ou a bondade de algo; seu amor ou o amado. Na criatura é a inteligência e o sentido, é o espírito nascido da sílaba Phur. A palavra ou sílaba Phur é a Prima Matéria, penetrando o terceiro princípio em si mesmo, o Macrocosmo de onde nasce a essência ou o reino (TERRESTRE) elemental; mas, no primeiro princípio é a essência da geração mais interna, de onde Deus, o Pai, desde a eternidade dá nascimento a Seu Filho. No homem também é a luz que nasce do espírito sideral em outro centro do Microcosmo, mas no Spiraculum é um espírito-alma no centro interior. É a luz de Deus, que por si só, possui aquela alma que está no amor de Deus, pois ela é iluminada e soprada pelo Espírito Santo”. (Três Princípios…, II 7).