Boehme: sol

“Ó, quão perto está Deus de todas as coisas. No entanto, nada pode compreendê-lo, a menos que esteja tranquilo e entregue sua vontade própria à Ele. Se isso for realizado, então a vontade de Deus estará agindo através da instrumentalidade de todas as coisas, como o SOL que age por todo o mundo”. (Mysterium Magnum…, 45).

“Se alguém deseja me seguir, que não seja intoxicado pelos pensamentos e desejos terrestres, mas que seja cingido pela espada do Espírito, pois terá que descer à terrível profundidade, por não dizer ao meio do reino do inferno. É muito duro lutar contra o demônio entre o céu e a terra, por ele ser um poderoso senhor. Durante tais batalhas passei por experiências amargas, que encheram meu coração de dor. Frequentemente o SOL desaparecia da minha vista, mas depois surgia novamente e quanto mais o SOL se punha, mais lindo, claro e magnífico era o seu raiar”. (Aurora, XIII. 20).

“Quando o amor revela-se na luz através do fogo, corre pela natureza e a penetra, como o brilho do SOL penetra uma erva ou o fogo penetra o ferro”. (Clavis, VIII 36).

“Quando o quarto princípio penetra o primeiro, todos os espíritos misturam sua luz, triunfo e regozijo. Eles surgem uns nos outros, e envolvem cada um como num movimento circular; a luz no meio deles começa a brilhar, oferecendo-lhes a luminosidade. A qualidade áspera permanece oculta, como uma semente na fruta. Assim como uma maçã amarga ou azeda transforma-se, ao amadurecer sob o SOL, adquirindo um sabor adocicado, ainda que mantenha as características que a constitui uma maçã, a Divindade retém suas próprias qualidades essenciais, mas elas se tornam manifestas de forma doce e agradável”. (Aurora, XIII 80).

“Como o SOL no plano terrestre transforma a amargura em harmonia, do mesmo modo age a luz de Deus nas formas da natureza eterna. Essa luz brilha dentro delas e fora delas; a luz incendeia as formas, a fim de que obtenham sua vontade e se rendam à ela completamente. As formas então, abandonam sua própria vontade e tornam-se como se não tivessem poder algum, desejando unicamente o poder da luz”. (Seis Pontos Teosóficos…, V. 3). Pela união do fogo e da luz o terceiro princípio conquista a substancialidade.

“A luz e o poder do SOL revelam os mistérios do mundo externo através da produção e crescimento de vários seres. Da mesma forma Deus, representando o SOL eterno ou o único e eterno Bem, não se revelaria sem a presença de sua natureza espiritual eterna, único lugar em que pode manifestar seu poder. Somente quando o poder de Deus se torna diferenciado e relativamente consciente, de modo que haja poderes individuais combatendo entre si durante seu jogo de amor, se abrirá Nele o grande, imensurável fogo de amor, através da aproximação da Santíssima Trindade”. (Grace, II.28).

“Não imagine Deus como sendo um poder cego, existindo ou movimentando-se no céu ou além e acima do céu, desprovido de razão ou conhecimento, comparável ao SOL, que gira em torno de sua órbita, emitindo luz e calor, sem se importar se isso beneficia ou não a terra e suas criaturas. Não! O Pai não é isso; mas Ele é onipotente, sábio, o Deus que tudo sabe; Nele mesmo, Ele é bom, generoso e misericordioso, alegre e regozija-se em si mesmo”. (Aurora, III. II).

“O ser demoníaco ainda não está totalmente manifestado; os demônios ainda terão que esperar por um julgamento maior. O SOL e a água ainda mantêm seus reinos ocultos no dia do acerto de contas, é por isso que eles tanto temem o dia do julgamento”. (Questões Teosóficas, XIII.15).

“Quando Deus pronunciou: ‘Que haja a Luz’, a essência, o ser dentro da qualidade da luz, não se movimentou apenas na terra, mas em toda a profundeza, com grande poder; com isso, o SOL foi criado no quarto dia, quer dizer, foi aceso”. (Mysterium, XII.13).

“Há na terra, acima de tudo, a qualidade amarga. Esta contrai o salitre e solidifica a terra, tornando-a um ser corporal, formando corpos de vários tipos, tais como rochas, metais e múltiplas raízes. Na ocasião desta formação, não há vida que permita o crescimento e a expansão. Mas quando o calor do SOL age sobre o solo, várias formações prosperam e crescem na terra”. (Aurora, VIII. 41).

Deus, a luz eterna e a vontade eterna, brilha nas trevas e as trevas capturaram a vontade (recebeu sua atividade). Nessa vontade surgiu a ansiedade, e nela está o fogo, e no fogo a luz. Assim, as estrelas foram produzidas do fogo; o SOL, do poder dos céus”. (Três Princípios… VIII. 22).

“No quarto dia, Deus criou de Sua sabedoria eterna, o senhor do terceiro princípio (o mundo visível), o SOL e as estrelas. Vê-se aqui claramente a Divindade e a sabedoria eterna de Deus, como num espelho claro. Esse ser, visível diante de nossos olhos, não é Deus propriamente dito, mas um Deus no terceiro princípio, que irá finalmente retornar ao seu éter e ter um fim”. (Três Princípios… VIII.13).

“No tempo da criação de uma nova luz, o SOL foi despertado nesse mundo tornado corrupto por Lúcifer, o que afastou o esplendor do demônio. Ele foi enclausurado nas trevas como um prisioneiro, entre o reino de Deus e o reino deste mundo; ele não tem mais o que governar nesse mundo, exceto na Turba, onde a cólera e a fúria de Deus estão despertadas”. (Encarnação de Cristo…, I. 2).

“No SOL do mundo externo, e através dele, Deus despertou um rei, ou como chamaria simbolicamente, uma divindade natural, junto com seis conciliadores, para serem seus assistentes, ou seja, o SOL e os seis outros planetas, pronunciados das sete qualidades do lócus (lugar ou centro) do SOL. O SOL recebe seu esplender da tintura do mundo ígneo e o mundo da luz, sendo manifestado como um ponto revelado com relação ao mundo de fogo”. (Mysterium, XIII. 16).

“Na morte, no centro, no corpo ou ainda na substância corporal da terra, Deus despertou a tintura, com seu brilho, esplendor e luz, onde está contida a vida da terra; mas na profundeza acima do centro Ele deu o SOL, que é uma tintura de fogo, e que com seu poder, alcança a liberdade fora e além da natureza, e de onde a natureza recebe seu esplendor. Ele é a vida de todo o círculo das estrelas, e todas essas estrelas são Seus filhos. Não que ele contenha suas essências, mas a vida deles surgiu de seu centro, no princípio”. (A Vida Tríplice… IV. 27).

“O SOL é o coração de todos os poderes nesse mundo, e está configurado segundo os poderes de todas as estrelas, enquanto que, por outro lado, ele ilumina e vivifica todas as estrelas e poderes neste mundo”. (Aurora, VII 42).

“O SOL está no meio das profundezas, ou seja, na luz ou no coração das estrelas, extraído de todos os seus poderes pelo poder de Deus, trazido para a forma. Portanto, ele é a luz clara de tudo, e pelo seu brilho e calor acende todas as estrelas, cada um de acordo com sua própria e especial qualidade e poder”. (A Vida Tríplice… VII.40).

“Não que chamando o SOL de centro queremos dizer que todas as estrelas originaram-se de um ponto central, chamado ‘SOL’. O SOL é o centro dos poderes das estrelas, a causa pela qual se movimentam em sua essência. Ele desenvolve seus poderes e coloca seu poder dentro delas, esse poder constitui seu coração”. (Mysterium XI.32).

“Assim como o SOL é o coração da vida e origem de todos os espíritos no corpo deste mundo, Saturno é o princípio de toda corporalidade e tangibilidade. Desta forma, seu princípio e descendência não vêm do SOL; sua origem é a intensa, azeda e severa ansiedade de todo corpo deste mundo”. (Aurora, XXVI I).

“Quando o SOL se inflamou, o terrível raio de fogo saiu da localidade do SOL para uma região superior como um furioso rompimento de relâmpago, que se torna Marte. Este é um tirante, um elemento de atrito, aquele que coloca em movimento todo o corpo do mundo, para que toda vida tire dele sua origem”. (Aurora, XXV 72).

“Tão logo os espíritos de movimento e de vida, através da ignição da água, surgiram da localidade do SOL, a brandura, sendo a base da água, penetrou e envolveu com o poder da luz, numa direção inferior, do modo da humildade, o que trouxe à existência o planeta Vênus”. (Aurora, XXVI 19-33).

“A sétima forma é a Lua, onde estão contidas as qualidades das seis formas. Ela é, por assim dizer, o ser corpóreo das outras formas, os quais lançam nela todos seus desejos através do SOL. Ou seja, aquilo que no SOL é espiritualidade, torna-se corpóreo na Lua”. (Assinatura…, IX 24).

“Se vocês observarem seu próprio ser e o mundo exterior, e o que está ocorrendo ali, descobrirão que vocês são esse mundo exterior, com relação ao ser externo. Vocês são um pequeno mundo formado a partir do grande mundo, e sua luz externa é um caos do SOL e das constelações de estrelas. Se assim não fosse, vocês não seriam capazes de enxergar através da luz do SOL”. (Mysterium, II. 5).

Deus criou Adão para (desfrutar) a vida eterna, no Paraíso, num estado de perfeição paradisíaca. O amor divino iluminava o seu interior, assim como o SOL ilumina o mundo” (Cons. Stiefel…, I. 36).

“No Paraíso existe a vida perfeita, sem distúrbios, e o dia perpétuo; o homem paradisíaco é claro como um vidro transparente, plenamente penetrado pela luz do SOL divino”. (Assinatura…, XI.51).

“A vontade-espírito do homem penetrava todas as criaturas, sem ser injuriada por nenhuma delas, pois nenhuma podia alcança-la. Nenhuma criatura pode apreender o poder e a luz do SOL em sua vontade própria, mas deve permanecer passiva para ser penetrada por ela; esse era o caso da vontade-espírito do homem”. (Grace, VII 2).

“Antes de sua queda, o homem podia governar o SOL e as estrelas. Tudo estava em seu poder. O fogo, o ar, a água e a terra não podiam subjuga-lo; nenhum fogo o queimava, nenhuma água o afogava, nenhum ar o sufocava; tudo o que vivia o temia”. (A Vida Tríplice…, XI 23).

“No Paraíso, a substância do mundo divino penetrou a substância pertencente ao tempo, comparável ao poder do SOL penetrando uma fruta que cresce na árvore, dotando-a de qualidades que a tornava linda à vista e boa ao paladar”. (Mysterium, XVII 5).

“No Paraíso há plantações, assim como neste mundo, mas não com a mesma tangibilidade. Lá o Céu está no lugar da terra, a Luz de Deus, no lugar do SOL e o Pai Eterno no lugar do poder das estrelas”. (Três Princípios…, IX 20).

“Uma pessoa razoável perceberá facilmente que não haveria sono em Adão enquanto ele permanecesse na imagem de Deus, pois naquele tempo ele era uma imagem como nós seremos na ressurreição dos mortos. Não necessitaremos então dos elementos, nem do SOL, nem da lua, nem de sono algum; nossos olhos estarão abertos para ver a glória de Deus, sempre e eternamente”. (Três Princípios… XII 17).

“Esse mundo terrestre está baseado no mundo das trevas, e se o bem não estivesse também corporificado ali, não haveria outro feito senão o do mundo das trevas; mas isso é evitado pelo poder divino e pela luz do SOL”. (Seis Pontos Teosóficos…, IX 17).

“Os poderes da eternidade trabalham através dos poderes do tempo, como o SOL que brilha através da água, enquanto que a água não apreende o SOL, mas somente recebe o calor; ou, como o fogo, que brilha no ferro, mas o ferro continua sendo ferro”. (Mysterium XII 20).

“A Divindade, a luz divina, é o centro de toda vida, e como na manifestação de Deus o SOL é o centro da vida”. (Assinatura…, IV 17).

Deus o Pai gera amor através de Seu coração, e o SOL simboliza o coração eterno de Deus, que dá toda sua força a todos os seres e existência”. (Assinatura…, IV 39).

Deus deu ao mundo externo a luz, soprando Seu poder através dos raios de Sua luz, e com o SOL e a lua governa com as coisas deste mundo. As estrelas tomam a luz do SOL e da lua, da radiação se derrama de Sua luz, e por meio dessa mesma luz Deus ornamenta a terra com belas plantas e flores e torna belo tudo que vive e cresce”. (Oração…, XLVII).

“Este mundo possui um Deus natural que lhe é próprio, o SOL; mas ele toma sua existência do fogo de Deus, e este da luz de Deus. Assim, o SOL oferece seu poder aos elementos, e os elementos dão sua força as criaturas e eras da terra”. (Seis Pontos Teosóficos…, V. 13).

“O abismo do inferno está neste mundo, e o SOL é a causa única da existência da água, e do fato da profundeza acima da terra ser amorosa, prazerosa, branda e deleitosa”. (A Vida Tríplice… VI 36).

“Tudo o que é poderoso na essência do mundo santo está oculto na cólera e na maldição de Deus na qualidade do mundo de trevas; mas floresce através do poder do SOL e da luz da natureza externa através da maldição e da cólera”. (Mysterium, XXI 8).

“O SOL não é tão diferente da água; a água possuía a qualidade e a essência do SOL. Sem isso a água não receberia sua luz. Embora o SOL seja um corpo que possui uma forma, sua essência também está na água, mas não manifestada. De fato, reconhecemos que o mundo como um todo é um SOL, e que seu lugar seria em todos os lugares se Deus quisesse inflamá-lo e torná-lo manifesto, pois toda existência começa na luz do SOL”84 (Seis Pontos Teosóficos, VI 10).

“O SOL é o centro da constelação (sistema solar) e a terra é o centro dos elementos. Ambos, se comparados, são como espírito e corpo, homem e mulher. Mas a constelação possui uma outra mulher, onde lança sua substância, ou seja, a lua, esposa de todos os planetas, mas especialmente do SOL”. (Mysterium XI 31).

“Como as estrelas, cheias de desejo, atraem para si o poder do SOL, do mesmo modo o SOL também penetra poderosamente as estrelas, de modo que recebem sua luz do poder do SOL. As estrelas enviam novamente seu poder inflamado, como produto próprio, aos elementos”. (Grace, II 26).

“A terra está girando porque possui dois fogos, o fogo frio e o quente, e aquilo que está embaixo sempre deseja elevar-se em direção ao SOL, porque a terra recebe espírito e poder unicamente do SOL. Portanto, ela está girando. O fogo, seu desejo de luz, a faz girar, pois ela deseja ser inflamada e ter vida própria. Tendo, contudo que permanecer na morte, até que deseje e atraia a vida que está acima, abrindo seu centro para sempre receber a tintura e fogo do SOL”. (A Vida Tríplice… XI 5).

Deus fez a alma penetrar a carne e o sangue, a fim de que não pudesse ser, tão facilmente, receptiva à cólera. Assim, (durante a existência terrestre) ela aprecia a si mesma no espelho do SOL, e está satisfeita em sua essência sideral”. (Seis Pontos Teosóficos…, VII 19).

“Quando o homem deixou o Paraíso penetrando uma nova geração, a saber, o espírito deste mundo, na qualidade do SOL, planetas e elementos, então sua percepção paradisíaca se extinguiu”. (Três Princípios…, XIV.2).

“Podemos comparar o SOL à Cristo em Seu aspecto de ser criado, e toda a profundidade do espaço pode ser comparada ao Pai. Se observarmos então, que o SOL brilha na total profundidade do espaço, enviando seu calor e poder a todo lugar, não podemos dizer então, que na profundidade o poder e a luz do SOL estejam fora do corpo do SOL; pois se a luz e a substância do SOL não estivessem em toda parte, o espaço não receberia o poder da luz do SOL. Dois poderes ou princípios de uma natureza similar são necessários para serem receptivos um ao outro. A profundeza (do espaço) contém sua luz de forma oculta (latente). Pela vontade de Deus, toda a profundidade seria SOL”. (Menschwerdu, I 8).

“Como o SOL brilha por todo o mundo externo, fazendo com que todas as coisas se tornem mais poderosas e férteis, sem deixarem de ser distintos entre si (em seus centros corporais), do mesmo modo, o Cristo, como um SOL manifestado, brilha de Iahweh ou Jesus (da profundeza de), na humanidade criada de Cristo. Iahweh é o SOL divino e eterno, e dentro deste SOL encontra-se oculto de todas as criaturas o grande Amor-Sol de Cristo, como um coração no centro da Santíssima Trindade; mas pelo movimento da Divindade Ele se revelou como um SOL santo do amor divino”. (Cons. Stiefel…, II 422)

“Quando o Verbo pronunciado de Deus na qualidade humana aprisionou-se no Redentor, a essencialidade que havia morrido em Adão, mas que se tornou novamente viva em Cristo, clamou juntamente com a alma: ‘Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonastes?’ Isso significa que a cólera de Deus havia penetrado, através da qualidade da alma, a imagem da essencialidade divina, e que havia absorvido a imagem de Deus, porque era essa a imagem da serpente na alma ígnea, a cabeça da cólera de Deus, para transformar seu poder ígneo na vida-sol eterna. Como uma vela se extingue ao queimar-se, e assim como desta morte surge a luz e o poder, da mortificação e da morte de Cristo havia que surgir o SOL divino e eterno na qualidade humana. Assim, havia que morrer, neste caso, não só o egoísmo da qualidade humana, ou seja, a vontade-própria da alma com relação à (seu desejo pela) vida no poder do fogo, e se perder na imagem do amor; mas, essa mesma imagem do amor havia que penetrar a cólera da morte, a fim de que tudo mergulhasse na morte e através da morte e da humildade perfeita, e na vontade e misericórdia de Deus, surgisse novamente na substancialidade paradisíaca, a fim de que o espírito de Deus pudesse ser tudo em tudo”. (Assinatura…, XI 87).

“Como as prisões do mundo de trevas deveriam ser destruídas na morte de Cristo, a terra tremeu e o SOL se tornou negro, simbolizando que, como a luz eterna havia renascido, a luz temporal havia que deixar de existir”. (Grace, VII 8).

“Se, então, a alma participa deste alimento celestial, ela é acesa pelo grande amor que habita no nome Jesus. Sua angústia se converte em grande alegria e um SOL real surge dentro dela, enquanto se torna regenerada em uma outra vontade. Ocorre então o casamento do Cordeiro, do qual os cristãos da boca para fora, falam sem nada compreenderem”. (Regeneration, IV).

“Enquanto a casa mortal existe, nossa alma não habita na fonte de Deus, de modo a apreender essa fonte em si mesma. O SOL brilha através de um vidro, provendo-o de luminosidade; no entanto, o vidro não se torna o SOL. Ele simplesmente permanece (por um tempo) na luz e poder do SOL, que brilha em sua substância e através de sua substância. O mesmo ocorre com a alma em seu estado terrestre”. (Mysterium, L II 3).

“Há dois tipos de vontade a serem distinguidas na constituição do homem. Uma surge com o lírio e cresce no reino de Deus; a outra afunda nas trevas da morte e desejos pela terra, sendo ela sua mãe. Essa irá lutar contra o lírio, constantemente, e o lírio voa para longe de sua aspereza. Um broto cresce da terra, e assim a substância da qual é formada voa da terra e é atraída para a luz do SOL até se tornar uma planta ou uma árvore. Então o SOL divino atrai o lírio humano, ou seja, o novo homem em seu poder, fora da substância do demônio, até que ele finalmente se torne uma árvore no reino de Deus. Ele deixa a árvore má ou a casca cair na terra, sua mãe que tanto busca, para deixar crescer a nova árvore”. (Encarnação de Cristo…, XI 8).

“Somos de natureza terrestre, mas também possuímos uma existência celeste dentro da terrestre. Durante nossa vida temporal, uma se mistura à outra, mas não atuam uma na outra; cada uma é meramente a habitação da outra, assim como no caso do ouro na pedra. A pedra não é o ouro, simplesmente seu veículo. A aspereza da pedra não é o que produz o ouro, o que é feito através da tintura do SOL atuando ali”. (Encarnação de Cristo…, I 14).

“A vida que recebemos no corpo de nossa mãe pertence unicamente ao poder do SOL, das estrelas e dos elementos, que não só organizam o corpo da criança, dotando-o de vida, mas que também o trás à luz, o nutre e o acompanha durante toda a duração desta vida. São esses elementos que distribuem fortuna ou infortúnio, e finalmente o faz morrer e decompor-se”. (Três Princípios…, XIV 4).

“Não é preciso ir a lugar algum para encontrar o Espírito Santo; pois, desde o nascer e do brilho do SOL, até o seu pôr, o Cristo brilha em todos os lugares e em todos os países, onde quer que o homem e a mulher evitem o pecado e penetrem a vontade de Deus”. (A Vida Tríplice…, XI 88).

“O homem é a cabeça; ele possui o regimento superior, com a tintura do fogo, e em sua tintura, possui a alma que deseja Vênus como sua matriz corporal. A alma deseja ter espírito e corpo, e isso está na matriz mulher. Mas o regimento inferior é o feminino, e seu regimento encontra-se na Lua; pois o SOL fornece o calor, Vênus a tintura, não de natureza ígnea, mas aquosa”.

“A Fêmea deseja o macho, e a Lua busca o SOL; pois ela é de natureza material, e deseja um coração celeste. Assim, a matriz feminina deseja o coração do homem e a alma feminina deseja sua tintura; pois a alma é um bem eterno. Assim, existe o desejo sexual entre todas as criaturas; elas desejam misturar-se uma com as outras. O corpo não compreende isso, nem tampouco o espírito-ar; mas, as duas tinturas, a masculina e a feminina, conhecem muito bem”. (A Vida Tríplice…, IX 106).